Os transgênicos estão cada vez mais presentes na sua vida e na sociedade como um todo.

Certamente você já se deparou com esse símbolo  em muitos rótulos de alimentos.

Mas você sabe o que significa?

Vamos começar esclarecendo uma confusão de termos:

Organismo geneticamente modificado ou transgênico?

Um organismo geneticamente modificado (OGM) foi submetido a técnicas laboratoriais que, de alguma forma, modificaram seu genoma.

Transgênicos foram submetidos a uma técnica específica de engenharia genética para inserção de uma parte do genoma de outra espécie em seu genoma para atender a objetivos específicos.

Esses objetivos, como por exemplo buscar a melhora nutricional de um alimento.

Ou tornar uma planta mais resistente a um determinado herbicida, baseiam-se em conferir a espécie que recebe o genoma características da espécie doadora.

Assim, transgênicos são um tipo de OGM, mas nem todos OGM serão transgênicos.

Uma vez que a modificação pode ser estrutural ou na função do material genético sem introdução de um novo material genético de uma especie diferente.

Devido a relação existente entre esses termos, frequentemente, eles são utilizados de forma equivocada como sinônimos.

Como se produz transgênicos?

O processo de produção de uma planta transgênica segue os seguintes passos:

1) Identificação e isolamento

Nessa etapa se identifica o problema ou necessidade.

E também se determina a característica (por exemplo proteína desejada) para a solução do mesmo.

Depois de localizar o gene de interesse, ele é isolado do organismo para que se multiplicar e adapta-lo a necessidade ou problema.

2) Transformação

Processo de inserção do gene de interesse no genoma da planta que vai ser transformada.

Para isso se utilizam principalmente dois métodos:

Opção 1: Biolística

Pequenos filetes de ouro ou tungstênio levam aderidas a sua superfície o material genético de interesse, que são disparados em grande velocidade penetrando no núcleo celular.

Opção 2: Por meio da Agrobacterium Tumefaciens

A bactéria Agrobacterium Tumefaciens é encontrada comumente no solo e tem a capacidade de transferir genes à plantas, funcionando como um vetor ou veículo.

É injetado um plasmídio que contém o gene de interesse na bactéria.

Essa bactéria transfere o plasmídio às células da planta para que o gene de interesse se acople ao genoma da planta e expresse a característica desejada.

3) Seleção

Aqui se detectam as células que foram transformadas com êxito.

Para isto se avalia o crescimento das células mediante seu cultivo em meios que favorecem seu desenvolvimento.

4) Regeneração

Consiste em obter uma planta completa a partir da célula vegetal transformada.

Uma vez selecionadas as células que apresentam o gene de interesse se regenera a planta inteira.

Esse processo se realiza em laboratório cultivando os fragmentos de tecido vegetal que foram transformados em meios de cultura especiais que favorecem a formação de novas plantas.

5) Teste de biossegurança

Depois de obter a variedade geneticamente modificada se realizam testes no laboratório, estufa e campo com condições controladas durante vários anos, para comprovar como se comporta o gene enxertado e o desempenho geral da planta.

Essa fase inclui também estudos para garantir a biossegurança da planta e do alimento.

Problema ou solução?

A polêmica a respeito dos transgênicos abrange diferentes esferas: científicas, técnicas, políticas, econômicas, sociais e filosóficas, todos entrelaçados em uma linha tênue.

Os defensores dos transgênicos saúdam a nova era da biologia, que nos estaria liberando dos malefícios da química, uma vez que transgênicos são resistentes a agrotóxicos.

Enquanto que os contrários ao uso de transgênicos se preocupam com os efeitos a longo prazo que são ainda uma interrogação.

Não há consenso se afinal foi a solução para a agricultura ou mais um problema.

Sabemos que essas técnicas de melhoramento tem muito potencial, mas ainda carecem de muitos outros estudos.

Vantagens e desvantagens

Dentre as vantagens:

  • Reduz em até 30% o uso de herbicidas;
  • aumentam a produtividade agrícola, reduzindo o preço final e, assim, contribuindo para o bem da sociedade por meio da redução da fome e garantia de abastecimento.
  • seleção de características (adicionar ou remover)
  • resistência contra pragas e herbicidas,
  • resistência contra doenças causadas por vírus, bactérias e fungos;
  • modificações na arquitetura da planta (altura) e desenvolvimento (florescimento rápido);
  • tolerância a pressões abióticas (salinidade);
  • produção de produtos químicos (recursos renováveis baseados em plantas) e
  • o uso de biomassa de plantas transgênicas para combustível.

Dentre as desvantagens:

  • surgimento e/ou desenvolvimento de plantas e animais resistentes a uma ampla gama de antibióticos e agrotóxicos;
  • aparecimento de alergias e de novas viroses;
  • ameaça às plantas silvestres e às variedades nativas, reduzindo assim a biodiversidade;
  • a pessoa ou animal ingere um alimento que foi geneticamente transformado para resistir a pesticidas, então, nesse caso, pode-se concluir que o indivíduo corre o risco de estar alimentando-se de resíduos de veneno.
  • o empobrecimento da biodiversidade, com a eliminação de insetos e microorganismos benéficos ao equilíbrio ecológico
  •  o possível aumento da contaminação dos solos e lençóis freáticos, devido ao uso intensificado de agrotóxicos.

Principais culturas transgênicas e seus melhoramentos

  • Arroz – Tolerância á salinidade e escassez de água, resistência á pragas e melhoria nutricional (aumento no teor de ferro);
  • Trigo  e milho – Aumento na produção e adaptação e resistência a pragas;
  • Sorgo  – Tolerância escassez de água, resistente a herbicidas, dotado de propriedades que auxiliam na prevenção de doenças cardiovasculares e aumento no teor de óleo;
  • Algodão –  Resistência a pragas, aumento na produção e na qualidade da fibra e teor de óleo;
  • Batata – Mais resistente a pragas e às variações climáticas;
  • Cana-de-açucar –  Maturidade precoce;
  • Feijão – Resistente ao mosaico dourado, principal vírus que ataca a plantação;
  • Melão –  Maior durabilidade;
  • Mamão –  Resistente mancha anelar, doença que afeta a fruta, reduzindo a sua produtividade;
  • Tomate – Com sabor e cor mais acentuados, além de maior durabilidade.
Lei de Biossegurança

O conceito de Biossegurança pode ser entendido como conjunto de ações voltadas para a prevenção, minimização ou eliminação de riscos inerentes às atividades de pesquisa, produção, ensino, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços, que podem comprometer a saúde dos homens, dos animais, do meio ambiente ou a qualidade dos trabalhos envolvidos.

A CTNBio é responsável por certificar a segurança de laboratórios e experimentos relativos à liberação de OMG no meio ambiente e para julgar pedidos de experimentos e de plantios comerciais.

Lei 11.105/2005 Lei de Biossegurança engloba um leque amplo de direitos e de sobremaneira fiscalizar as atividades que envolvem os organismos geneticamente modificados (OGMs) e seus derivados.

Também garante a indicação no rótulo dos produtos feitos com transgênicos.

Apesar das leis e estudos a respeito dos transgênicos não se sabe como funcionam as toxinas ou as substâncias alergênicas nos produtos modificados, nem quais podem ser os efeitos destas a longo prazo e como podem afetar a cadeia alimentar.

Para quem quiser ler mais sobre o assunto recomendo os livros A controvérsia sobre os transgênicosDireitos dos consumidores e produtos transgênicos.