Antes de retratar sobre a formação de uma floresta, deve-se ressaltar que o tipo de floresta aqui mencionado é das tropicais ou subtropicais.

Já que as florestas de clima temperado apresentam um dinâmica mais simples.

A formação de uma floresta acontece de forma gradativa.

As fases no desenvolvimento é a chamada sucessão vegetal ou sucessão ecológica.

Mas o que é sucessão ecológica?

O termo sucessão ecológica é usado para descrever processos de alteração na vegetação sobre várias escalas.

Como temporal, espacial ou vegetacional.

A sucessão ecológica é o mecanismo natural que permite que a vegetação se desenvolva em lugares anteriormente inabitados (sucessão primária).

Lugares como rochas nuas ou após derramamento de lava.

Ou que se regenere a partir de uma degradação (sucessão secundária).

Ou seja, que se desenvolva em lugares previamente habitados, mas que sofreram intervenções naturais ou ações do homem.

Como funciona a sucessão ecológica na formação de uma floresta

Durante o processo de sucessão, as plantas pioneiras são as primeiras a se estabeleceram no local.

Pois se desenvolvem rapidamente em condições de grande luminosidade.

Estas irão fornecer condições para o desenvolvimento das plantas não pioneiras ou secundárias.

Visto que irão aumentar a biomassa da área, assim como a presença de matéria orgânica e consequentemente mais nutrientes no solo.

Além de fazer sombra, pois as espécies secundárias não toleram muita luminosidade.

Portanto, o processo de sucessão nada mais é que a substituição de um tipo de vegetação por outro.

E uma etapa cria condições para o desenvolvimento da próxima.

Permitindo que se estabeleça uma vegetação mais diversa e com ciclo de vida mais longo.

Além de um solo mais profundo e rico em nutrientes, até que o ecossistema formado chegue ao seu clímax.

Nas fases iniciais de desenvolvimento a produção bruta é alta, pois a comunidade precisa de bastante energia para se desenvolver.

Enquanto que nos estágios mais avançados, a produção bruta tende a se igualar a taxa de respiração, pois a energia é gasta para manutenção e não mais para desenvolvimento.

A fauna possui importância fundamental no processo de sucessão ecológica.

Visto que são seres dinâmicos e se movimentam por ambientes variados, acabando por transportar pólen, sementes e frutos.

Atuam positivamente na dispersão vegetal ao enterrarem, regurgitarem ou defecarem as sementes.

Além disso, a sequência de espécies é, frequentemente, controlada por herbívoros, parasitas e predadores.

Assim como a comunidade vegetal, também há uma substituição de espécies animais durante o desenvolvimento dos ecossistemas.

Os estágios de desenvolvimento da floresta

A definição dos estágios de sucessão ecológica deste texto, se baseiam nos critérios estabelecidos por meio da Resolução Conjunta SMA / IBAMA nº 001/94 e da Resolução CONAMA nº 001/94 para o Estado de São Paulo.

Estas levam em consideração algumas características típicas de cada estágio.

Porém deve-se observar o conjunto delas para caracterizar o fragmento como um todo.

Ou seja, para se definir em qual grau de desenvolvimento uma área se encontra, a maioria das características deve ser de determinado estágio.

Os parâmetros utilizados para definição desses grupos são:

  • a fisionomia,
  • número de estratos arbóreos,
  • altura das árvores,
  • diâmetro à altura do peito (DAP),
  • presença de trepadeiras,
  • serapilheira,
  • sub-bosque e
  • diversidade de espécies.

A floresta pode chegar à fase madura num período que pode variar de 50 a 100 anos.

Depende da forma e do tempo de uso do solo, do estado em que o terreno foi abandonado e do clima da região.

Cada tipo de solo determina uma maior ou uma menor quantidade de nutrientes e água disponíveis para as plantas.

Por exemplo, um solo mais arenoso predispõe à planta menor disponibilidade de água e nutrientes.

A floresta que surge após um distúrbio qualquer é chamada de floresta secundária.

Aquela que nunca foi alterada ou foi alterada parcialmente, como, por exemplo, através do corte seletivo de árvores, é denominada respectivamente de floresta primária inalterada (“floresta intocada”) e floresta primária alterada.

As características de cada estágio e as espécies vegetais presentes variam

  • de acordo com a forma e o tempo de uso do solo,
  • adaptação (ou exigência) de cada espécie em relação a umidade e fertilidade do solo, temperatura, luminosidade, inclinação do relevo.
  • presença de agentes polinizadores (como insetos, morcegos) e
  • dispersores (aves, morcegos e mamíferos),
  • presença de plantas com frutos localizadas nas proximidades
  • e a forma de relação entre as espécies vegetais, ou seja, como cada espécie se comporta ou interfere nas demais.

Aqui é muito válido lembrar: para que uma vegetação possa se desenvolver mais rapidamente, e para que tenha uma diversidade maior de espécies, é essencial que existam remanescentes florestais próximos.

Estágio pioneiro

Como o próprio nome diz, é o estágio onde aparecem as primeiras espécies vegetais.

Ocorre logo em seguida (poucas semanas) a algum distúrbio no local, podendo ser:

  • por abandono de um terreno utilizado por alguma atividade humana, como o corte de uma floresta, pastagem ou lavoura;
  • por ação de enchentes ou incêndios; ou
  • resultado da abertura de uma grande clareira dentro da floresta, de forma natural ou não.

As plantas que colonizam primeiramente um solo sem cobertura vegetal são as herbáceas (ervas).

Que possuem caule flexível e verde e são de pequeno porte.

As espécies encontradas em geral pertencem ao grupo das gramíneas e das pteridófitas.

São exemplos de plantas pioneiras a samambaia-das-taperas (Pteridium aquilinum), a carqueja, tiririca, capim-gordura, pico-pico, dente-de-leão, carrapicho, trevo.

Todas essas plantas que popularmente chamamos de “mato”, é a fase dos primeiros passos de quem sabe uma exuberante floresta!

A formação de serrapilheira

A serrapilheira é formada pelas folhas, galhos e demais materiais que se decompõem nas florestas.

Ela forma uma camada superficial composta de nutrientes deixados pelos restos vegetais e também animais.

Age retendo mais umidade no solo, por evitar a insolação direta e, assim, passa a evitar a evaporação excessiva.

A retenção de umidade também é favorecida pelas plantas vivas, que absorvem a água da chuva pelas raízes, passando ao meio externo da planta de forma lenta e gradativa, através da transpiração.

A serrapilheira, assim que estabelecida, começa a ser decomposta por microorganismos (principalmente bactérias e fungos), calor e umidade, sendo que este material em decomposição é denominado de matéria orgânica.

A matéria orgânica passa a cumprir uma importantíssima tarefa.

Devolver às plantas os nutrientes retidos nas partes antes vivas das plantas, que ficarão dispersos na água existente no solo e depois serão absorvidos pelas raízes destas plantas que virão posteriormente.

Capoeirinha

Trata-se de um estágio de transição de ervas para arbustos.

Que são plantas maiores que as ervas e que possuem o caule mais rígido.

Este tipo de vegetação começa a surgir 2 anos após o abandono do solo.

E começa a transição para o estágio seguinte, no 6° ano (porém há situações em que esta fase pode se manter até longos anos).

Algumas poucas espécies arbóreas começam a aparecer em forma de plântula, próximo ao 4° ano.

Como por exemplo a aroeira (Schinus terebinthifolius), que ali se estabeleceu graças às sementes trazidas por pássaros, de árvores existentes num remanescente florestal não muito distante deste local.

O que começa a mudar?

Diminui a forte insolação e aumenta a quantidade de matéria orgânica que, por consequência, leva a aumentar o grau de umidade e de nutrientes no local.

A densidade de plantas ainda é alta, mantendo-se a alta produção de biomassa.

Capoeira

Por volta do 6° ano, já terão árvores, que na fase adulta, terão em torno de 15 metros.

A aroeira, no início desta fase, já se apresenta com 4 m de altura.

Esta fase durará entre o 6° e o 20° ano.

No 19° ano é possível se observar dois estratos (andares) dentro da floresta.

O mais alto com árvores de até 15 metros, e um inferior, o chamado sub-bosque, com plantas herbáceas e arbustivas e com árvores em regeneração (plântulas e indivíduos jovens de até aproximadamente 2 m de altura).

Algumas vindas das já existentes e outras vindas de outros remanescentes florestais.

As espécies da regeneração farão parte possivelmente do estrato médio do estágio seguinte.

As árvores, em geral, passam a fechar a floresta no seu interior, tornando-se aí o microclima mais úmido e sombreado.

A fauna, em consequência da formação de um ambiente mais apropriado, começa a se estabelecer em maior número e com maior variabilidade.

Epífitas já estão presentes, com espécies predominantemente de Bromeliaceae (família das bromélias).

São as mesmas espécies que continuarão a se estabelecer?

Algumas permanecerão, outras sairão e mais outras ocuparão o local, na forma de plântulas, que serão as espécies adaptadas às condições atuais.

Capoeirão

Após um período de 20 anos podemos verificar o estabelecimento de um capoeirão.

Que manterá as características desta fase por volta de 30 anos (20° ao 50° ano).

O ambiente começa a tornar-se mais complexo, com um maior número de espécies vegetais, e com uma maior diversificação nas formas de vida.

Começando a surgir as lianas (cipós) lenhosas e as epífitas, como as bromélias, orquídeas e cactos.

Além de vários tipos de líquens e várias espécies de musgos.

Mais ao final desta fase várias árvores, que na fase anterior eram jovens, já alcançam seus 25 metros ou até mais, fechando mais o dossel da floresta (estrato superior).

Além do estrato superior, verificam-se mais dois: o estrato médio e o inferior, que é o sub-bosque.

Estrato médio

O estrato médio possui algumas espécies em fase juvenil, que futuramente serão do estrato superior e outras adultas, que no estágio de capoeira, eram jovens.

Sub-bosque (estrato inferior)

O sub-bosque é composto por novas espécies arbustivas e também por várias epífitas, além de várias espécies arbóreas e arbustivas em regeneração.

As espécies que não toleram sol pleno para se desenvolver, necessitando de sombra total ou parcial, são as que se manterão neste dois estratos (inferior e médio).

A diversificação das espécies vegetais tem importante auxílio com a entrada de mais espécies animais.

Que encontram naquele local condições ainda melhores de abrigo, alimentação e reprodução.

Estes contribuem com a polinização e fertilização das flores (insetos, aves e morcegos) e igualmente com a dispersão das sementes oriundas da própria floresta ou oriundas de outras.

Como exemplos de animais dispersores podemos mencionar os morcegos frugívoros (que se alimentam de frutos), a cutia, o cachorro-do-mato, o quati, macacos, e o lobo-guará.

A floresta ainda pode abrigar outros mamíferos como a capivara, a cutia, os ratos silvestres, gatos-do-mato, a jaguatirica, cervos, inúmeros répteis, como as cobras, e anfíbios como sapos e rãs.

Fase avançada

Nesta fase, a floresta já alcançou 50 anos.

E se apresenta sob condição de equilíbrio, mas que na verdade é relativo.

Pois o ecossistema encontra-se parcialmente estável, já que o crescimento das espécies, apesar de lento, não é nulo.

Além disso existem outros fatores de mudanças, como as variações climáticas ao longo de um ano e a morte e posterior queda de grandes árvores.

Por isto, o termo Floresta Clímax, utilizado algumas vezes, deve ser evitado.

Já que tem o significado de “ápice”, conotando um grau máximo de desenvolvimento, como se não houvesse mais crescimento.

O número de plantas por espécie é menor, mas o tamanho das espécies arbóreas é mais avantajado.

Um grande número de árvores altas e grossas é sinal de floresta com um nível de alteração muito baixo ou que se manteve sem alteração por um longo período.

Em termos de fauna, os animais do chamado “topo da cadeia alimentar”, que são aqueles carnívoros, como a sussuarana e a onça, podem estar presentes, caso a floresta não esteja estabelecida sobre um fragmento florestal muito reduzido.

A onça é mais indicadora de floresta madura e extensa pois, entre os animais de topo de cadeia, é a espécie que possui as maiores necessidades em relação a tamanho de área de vida (“home range”) e território.

De forma geral pode-se dizer que nos estágios pioneiros e de capoerinha estabelecem-se as espécies pioneiras e secundárias iniciais; que nos estágio de capoeira, as secundárias iniciais são as marcantes, mas ocorrendo também as secundárias tardias.

Já nos estágios de capoeirão predominariam as secundárias tardias e no estágio mais avançado, obviamente predominariam as secundárias tardias e as climácicas.

Pense como demora para uma floresta se recompor, mesmo sem alterações!

Agora imagine com a ação do homem, o quanto interfere para esse processo.