O estágio é uma forma de introduzir o licenciando na escola, com o auxílio de guias experientes que possam orientá-lo e auxilia-lo na solução das dificuldades que venham a surgir.

Mas nem sempre é assim que acontece o estágio.

E esse primeiro contato com a sala de aula pode ser assustador e desatante quando não se está preparado.

Como então fazer um bom estágio?

Estabelecer relações de cooperação

Há uma tendência dos professores em considerar estágios como forma de interferência no seu trabalho e por isso se sentem desconfortáveis com a presença de observadores na aula.

O ideal é que os coordenadores de estágio e os professores de prática de ensino quebrem essa ideia de interferência e avaliação dos estagiários sobre os professores.

O estágio só serve para o aluno quando ele pode se sentir um elemento da escola e não estranho a ela.

Quando não há o intermédio da universidade com a escola, o que deveria! é importante que você possa conversar com a direção, orientadores pedagógicos e os professores que serão acompanhados durante o estágio.

Esse contato é importante para que se desenvolva um vínculo que permita ao estagiário desenvolver suas atividades, como precisa ser feito.

Procure escolas que sejam receptivas e que seja possível trocar ideias e participar das atividades de ensino.

Como é sua disciplina de práticas de ensino?

Existem disciplinas de práticas de ensino que na realidade são “teoria da prática”.

As aulas são extremamente teóricas, sem que os alunos tenham contato com as escolas, professores e alunos.

O que não ajuda na preparação do futuro professor.

Outra prática comum é a passagem pela escola sem que haja discussões sobre o que foi observado e vivenciado pelo estagiário.

A prática de ensino que realmente contribui para a formação enquanto professor, proporciona que o estagiário vá à escola orientado quanto ao que observar, fazer e como registrar suas impressões e vivências.

O estagiário tem um acompanhamento na faculdade do estágio realizado na escola.

O ideal é que tudo que aconteça no estágio seja discutido na faculdade.

Faz parte da formação docente alguém guiar o aluno para que possa colocar em prática o que foi aprendido na teoria, e discutir os erros e os acertos.

Isso é importante para que o futuro professor desenvolva uma visão crítica sobre a prática no ensino.

Se isso não acontece na sua faculdade, é recomendável que você procure por alguém que possa te orientar nesse processo (algum professor da faculdade, orientador, coordenador, etc).

O tempo para o estágio

É importante que haja tempo livre para realizar o estágio.

Eu sei que tem n outras coisas para fazer, mas se planejar para o estágio é muito importante.

Fazer aquele estágio meia boca, nos horários que dá, na escola que dá, apenas para poder ter as assinaturas, raramente vai te trazer experiências enriquecedoras e importantes para sua atuação depois.

Organize-se!

Outro ponto importante é que existem diferentes tipos de estágios feitos em sala de aula.

O mais desejável é aquele em que o estagiário pode participar ativamente da aula e do seu planejamento, maaaas é bem comum isso não acontecer, e por isso vamos dar um enfoque maior no estágio de observação.

Estágio de observação

São aqueles em que o estagiário está presente sem participação direta na aula.

Apenas observar pode não ser tão funcional quanto contribuir na aula, mas se é esse o tipo de estágio que você está fazendo, ainda tem como aproveitar.

Você pode observar:

  • Nível cognitivo das aulas

Inclui os aspectos relativos à forma como os docentes organizam o ensino, visando o desenvolvimento intelectual dos estudantes.

Para direcionar a observação e padronizar as informações é útil usar uma classificação de comportamentos cognitivos.

A taxonomia dos objetivos educacionais de B. Bloom  ajuda demais nessa função.

Além do raciocínio que o professor procura desenvolver, importante analisar também as formas pelos quais o professor organiza a sequência dos conteúdos e como elas são integradas com os tópicos da mesma disciplina e com outras.

Além da observação das aulas, livros e materiais utilizados pelos alunos também contribuem para a construção do relatório.

  • Clima afetivo das aulas

A análise da dimensão emocional do processo de ensino-aprendizagem, assim como das relações sociais estabelecidas na escola, é um componente imprescindível da formação dos professores.

Principalmente porque a influência afetiva geralmente é mascarada pela importância atribuída à transmissão de conteúdos.

Essa análise acontece pela observação das aulas e do comportamento de alunos e professores durante as aulas, o recheio e por meio de entrevistas.

A utilização de instrumentos para a análise verbal pode fornecer dados sobre diferentes comportamentos de alunos em diferentes situações.

Por exemplo: A mesma série de aulas dadas pelo mesmo professor em horários distintos, ou o mesmo conteúdo, dado pelo mesmo professor, na mesma série em salas diferente.

O desempenho do professor pode criar um clima de livre participação nas aulas, ou não.

Importante também observar os elementos do currículo em vigência na escola, valores e regras de conduta.

  • Organização das aulas

Se refere a estrutura das atividades didáticas, assim como os recursos disponíveis e usados pelos professores.

O professor estrutura suas aulas apenas na apostila do governo? É sistema apostilado? Usa livro didático e outro recurso?

Caso aja dialogo e abertura com o professor que o estagiário acompanha, é interessante acompanhar e discutir a preparação, escolhas e aplicações feita pelo docente.

Bem como as modalidades didáticas que ele escolhe para desenvolver as atividades, os procedimentos e avaliações.

Se isso não for possível, observar os tipos de aula. Como são as aulas desse professor?

Expositivas? Práticas? Dialogadas? Sempre a mesma estratégia? Estratégias variadas?

Esse tipo de observação também possibilita perceber que concepções o professor tem sobre ensino aprendizagem.

  • Observações gerais

Impressões e informações não previstas no planejamento, tais como incidentes, situações interessantes.

Esse tipo de anotação é importante para discussões sobre a realidade da classe e para uma posterior preparação.

Estágio de participação

Aquele em que o aluno auxilia o professor, sem assumir totalmente a responsabilidade pela aula.

Funciona como um professor auxiliar.

Auxilia em aulas práticas, trabalhos em grupos, preparação de material e o que mais for acordado entre estagiário e professor.

O tipo de relatório desse estágio aborda a descrição das atividades, do planejamento e da execução.

Estágios de regência

Aquele em que o estagiário tem a responsabilidade total da condução da aula.

Esse estágio pode se dar de várias formas:

Uma atividade pontual durante o período regular. Como uma aula prática, uma discussão.

Uma unidade de conteúdo: o estagiário pode ser responsável por uma unidade de livro por exemplo, que leva várias aulas para ser concluído.

Requer um maior planejamento como a escolha do objetivo da unidade trabalhada, a preparação das aulas, preparação de material e avaliação.

Minicursos: Um conjunto de aulas sobre um tópico com curta duração.

É menos comum de ocorrer, já que nem todo professor está disposto a ceder aulas e “atrasar” o conteúdo.

Os relatórios de estágios, independente do tipo, em geral são desenvolvidos por tópicos de observação e de desenvolvimento das atividades.