Mais uma vez temos enfrentado o alarme de surtos de febre amarela.

E isso se deve ao avanço da globalização de pessoas e de mercadorias, ao desmatamento e a erosão das fronteiras entre a zona rural e a urbana.

Bem como o grande número de pessoas não imunizadas.

Tudo isso parece  ter criado um ambiente favorável para o ressurgimento de epidemias de febre amarela.

Até recentemente, a doença, que tem uma vacina eficiente desde os anos 1930, era vista como sob controle ou restrita.

Então porque estamos vivendo tanto pânico em relação a um surto de febre amarela?

É importante começarmos entendendo que a febre amarela é uma doença endêmica.

E o que isso significa?

Significa que é uma doença comum, nativa, característica de determinado lugar.

Portanto, mesmo que a doença esteja controlada, ela é natural de determinados lugares e, assim, continuam em circulação.

Dito isso, o segundo ponto que é importante estarmos atentos é onde tem ocorrido os casos de febre amarela.

Aqui a doença ocorreu apenas no ciclo silvestre.

Ou seja, em região de mata, que afetam os macacos e  eventualmente, seres humanos que se aventuram na floresta.

O aumento do número de casos de febre amarela silvestre, o alarme da mídia e o pânico que causou na população chama atenção para a baixa cobertura vacinal.

Todas essas pessoas que fizeram filas, que saíram de suas cidades em busca de vacina, nunca tomaram nenhuma dose?

Se você já é vacinado não há motivos para pânico.

amarela

Além desses aspectos, vários fatores ecológicos afetam a transmissão da febre amarela.

Alguns estão relacionados ao vírus.

Como por exemplo, a quantidade de vírus no início da amplificação do ciclo e a virulência.

Outros dizem respeito ao vetor.

Como por exemplo, a abundância, longevidade, trofismo, número de repastos sanguíneos/dia, tempo de incubação do vírus no vetor, e sua competência vetorial.

E há também fatores próprios do hospedeiro vertebrado.

Abundância, taxas de imunidade e suscetibilidade (duração e dimensão da viremia).

Além disso, é preciso considerar também fatores climáticos.

Como a temperatura, umidade e duração da estação chuvosa.

Esses fatores têm comprovadamente implicações na produção de infecções por febre amarela.

Ainda é preciso também consideras os aspectos comportamentais do ser humano, que também afetam a transmissão da doença.

Como por exemplo, as práticas de caça de macacos, quer seja com a finalidade de aquisição de animal de estimação, quer seja por hábitos de consumo.

Outro exemplo se refere ao desmatamento e ao avanço da cidade sob áreas verdes.

Em ambos, implica na redução do número de hospedeiros e ainda possibilita a entrada do homem no ciclo natural de transmissão da doença.

Em resumo, semelhantemente a outras doenças transmitidas por vetores, a dinâmica de transmissão da febre amarela depende de interações complexas entre os elementos bióticos da cadeia epidemiológica (hospedeiros, vetores/reservatórios e patógeno) e os abióticos, próprios do meio ambiente que afetam a atividade humana.

E a melhor forma de se proteger da febre amarela ainda é se vacinando.