Talvez você já tenha notado, se teve oportunidade de ver, que as serpentes soltam uma casca fina de tempos em tempos.

Também já deve ter ouvido a expressão “descascando igual cobra”.

Ou talvez se lembrado de quando você passou o dia todo no sol, queimou muito e depois ficou descascando.

Sua pele é formada por duas camadas, a epiderme, que é a camada mais superficial, e a derme.

A maior parte das células que compõe a epiderme são queratinócitos que produzem uma proteína chamada de queratina.

As células que estão mais na superfície da epiderme, acabam morrendo.

Mas sobram escamas de queratina que protege o nosso corpo contra a perda de água e os choques mecânicos.

Como os esbarrões que muitas vezes damos nos móveis da casa.

Mas o que isso tem a ver com a pele das serpentes?

serpentesA queratina é uma proteína que encontramos também no revestimento do corpo dos répteis, como as serpentes.

Nos répteis, existem escamas de queratina, mas diferentes das escamas dos humanos.

As nossas escamas são tão pequenas que não conseguimos ver a olho nu.

Em situação normal, em cerca de 4 semanas, toda a nossa camada de escamas de queratina é renovada pela produção de novas células pelas mitoses da camada de células mais profundas, as células tronco.

Em outras palavras, as células que revestem a nossa pele não vivem muito.

Estão sempre morrendo e sendo substituídas por outras novas.

Um processo semelhante ao que acontece com os humanos existe nas serpentes.

Elas também trocam a camada superficial da sua pele.

Mas como isso acontece?

Assim como nós, as serpentes e os outros répteis possuem a pele recoberta por escamas feitas de queratina.

Que é uma proteína bem resistente.

É um revestimento importante, pois impede que as serpentes desidratem por perda de água através da pele.

Para as serpentes perder água para elas é extremamente ruim.

Pois várias espécies vivem em ambientes com pouquíssima água, como os desertos.

De tempos em tempos, as serpentes necessitam trocar a camada de queratina que reveste o corpo.

Isso porque as células da epiderme de uma serpente se desgastam e morrem com o tempo.

Devido ao atrito com as superfícies por onde ela passa.

Então, outras células da epiderme se multiplicam para que essas células mortas sejam repostas.

Uma nova camada de queratina é produzida logo abaixo da antiga, que se solta, quando isso acontece.

Ela começa a se soltar pela ponta do focinho da serpente e, no atrito do corpo com superfícies ásperas, ela vai saindo pelo avesso, como se tira uma luva.

A esse processo damos o nome de ecdise ou muda.

A pele com a camada nova de queratina fica com os desenhos e cores bem vivos.

Porque essa troca é necessária

É importante ressaltar que não é bem uma troca de pele.

É apenas a parte mais superficial da pele, a epiderme, que perde sua cobertura de queratina.

Quando camada de queratina não sai inteira, mas sai aos pedaços, pode ser sinal de que a cobra está com algum problema de saúde ou, então, que o ambiente está muito seco.

A periodicidade da muda das serpentes depende de fatores como idade, saúde, alimentação do animal e de condições físicas externas, como temperatura e umidade.

Geralmente, elas podem fazê-la de uma a cinco vezes ao ano e as jovens mudam com mais frequência.

A muda é importante não só para a renovação da epiderme das serpentes, mas também para seu crescimento.

Isso porque a camada de queratina que recobre o corpo delas é resistente e pouco elástica.

Se não houvesse a muda, o crescimento seria difícil.

Mesmo crescendo, a quantidade das escamas se mantém.

As cobras crescem rapidamente até atingirem a maturidade, o que pode levar de 1 a 9 anos.

Contudo, depois de adultas, as cobras continuam crescendo.

Elas têm um crescimento interminável, apesar de mais lento que antes de atingirem a idade adulta.

Algumas espécies conseguem viver até os 25 anos!