Depois de causar muitos transtornos, o Zika vírus agora traz esperança.
Isso porque o vírus pode ajudar no tratamento de tumores cerebrais.
O vírus Zika, temido por causar microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas durante a gestação por atacar as células que darão origem ao córtex cerebral do feto, pode ser uma alternativa para o tratamento do glioblastoma.
É o tipo mais comum e agressivo de tumor cerebral maligno em adultos.
Estudos da Unicamp apontam que o vírus Zika poderia ser modificado geneticamente para destruir células de glioblastoma.
Estudos anteriores já indicavam que células progenitoras neurais humanas (hNPCs) infectadas pelo vírus Zika apresentavam taxas aumentadas de mortalidade.
E isso comprometia o crescimento e acontecia anormalidades morfológicas.
Essas células são as precursoras de células cerebrais e se transformam no córtex em embriões e fetos.
As alterações nessas células podem ser uma possível causa de microcefalia em bebês cujas mães foram infectadas pelo Zika.
Outros estudos sinalizaram que o vírus é capaz de se deslocar para células cerebrais, modificar a regulação do ciclo e induzi-las à morte.
Tudo isso contribuiu para que os pesquisadores da Unicamp começasse a estudar quais os efeitos o vírus Zika causaria ao infectar células de glioblastoma.
Foram então infectadas células humanas de glioblastoma maligno com o Zika e registrado em imagens microscópicas as mudanças.
As observações ocorreram entre 24 horas e 48 horas após a infecção a fim de verificar eventuais alterações metabólicas (efeitos citopáticos) provocadas pela inoculação do vírus.
Os resultados das análises indicaram que as células de glioblastoma apresentaram efeitos citopáticos leves 24 horas após a infecção.
Como células redondas e inchadas, além da formação de sincícios – células multinucleadas, em que a membrana celular engloba vários núcleos.
Os efeitos citopáticos mais severos foram observados 48 horas após a infecção.
Em que se constatou maior quantidade de células redondas e inchadas.
Formação de sincícios e perda pronunciada de integridade celular, que é um prenúncio da morte celular.
Isso significa que, após 48 horas a morfologia das células do tumor foram alterada quase totalmente.
O que se sabe até agora
Os resultados das análises até agora indicaram que, 24 horas após a infecção, as células começaram a produzir glicosídeos cardíacos.
Especialmente a digoxina.
Estudo anteriores de pesquisadores do exterior, demonstraram que essa molécula foi capaz de diminuir a taxa de multiplicação.
E aumentar a morte de células de melanoma, o tipo mais agressivo de câncer de pele.
Também de mama e neuroblastoma – um tumor que costuma afetar principalmente pacientes com até 15 anos de idade.
Os estudos indicam que, a infecção pelo Zika vírus provavelmente desencadeou a síntese da molécula em células de glioblastoma.
Induzindo a morte de células cancerosas.
E portanto, esse fenômeno provavelmente é um dos gatilhos que desencadeiam a morte de células neuronais.
A digoxina pode, então, ser a molécula-chave que ativa a morte das células de glioblastoma durante a infecção pelo Zika.
Com base nessas constatações, os pesquisadores sugerem que o Zika possa ser geneticamente modificado.
Com o intuito de eliminar os efeitos da infecção e deixar apenas as partículas virais responsáveis pela síntese da digoxina.
Dessa forma, o vírus poderia ser uma alternativa para o tratamento do glioblastoma, que apresenta alta resistência a quimioterápicos.
O uso de vírus oncolíticos, que são modificados geneticamente por engenharia genética para destruir células tumorais, já é bastante estudado.
O Zika pode ser um candidato para o tratamento de glioblastoma.
Para quem quiser saber mais, os artigos referentes a essa pesquisa e descobertas podem ser vistos aqui e aqui.
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