Você já viu uma ariranha?
Muito comum em margens e cursos d’água doce (rios, lagos e lagoas, várzeas de rios e florestas inundadas na época de cheia), a ariranha, Pteronura brasiliensis, é um mamífero carnívoro membro da família Mustelidae.
É um animal semiaquático, ou seja, vive tanto em ambientes terrestres quanto aquáticos.
E é dotado de uma notável habilidade de natação e mergulho.
Além de um voraz predador e possuir um intenso repertório vocal.
É a maior espécie conhecida da família Mustelidae.
Assim como as demais espécies desta família, foi amplamente caçada para abastecer o mercado de peles para confecção de vestuário e ornamentos.
Em função disso, a espécie experimentou uma grande redução em sua população, tendo desaparecido em determinadas áreas e é considerada regionalmente extinta em alguns estados.
Embora tenha ocorrido redução na caça, outras ações humanas representam grandes ameaças à espécie.
Assim, por ser um animal que depende de corpos d’água para sobreviver, a degradação dos rios e das matas ciliares representa hoje um fator particularmente significativo, assim como, de maneira associada, a diminuição de estoques pesqueiros causada pela sobrepesca.
Além disso, a construção de barragens, para fins de aproveitamento hidrelétrico, por alterar a hidrologia dos rios, a rota migratória dos peixes e obviamente impedir fisicamente a passagem de Ariranhas, gera profundas mudanças locais na paisagem, podendo também afetar diretamente os grupos que ali residem.
As ariranhas têm um papel fundamental no equilíbrio dos ambientes aquáticos pelo controle de populações de outras espécies animais, principalmente peixes, inclusive espécies invasoras.
As ariranhas vivem em grupos familiares de até 17 indivíduos, formados por um casal dominante e seus descendentes dos dois ou três últimos anos, podendo também ser vistas solitárias, dependendo da época do ano.
Sua natureza curiosa e o variado repertório de vocalizações tornam a espécie presa fácil para caçadores, que no passado abatiam-nas para a venda das peles no mercado da alta costura internacional.
Há informações escassas quanto ao tamanho dos territórios dos grupos.
Supõe-se, no entanto, que estes variam em dimensões de acordo com características dos hábitats (ex., abundância de presas, regime hidrológico, entre outras) e com a densidade de ariranhas na área.
Em regiões sazonalmente alagadas, como Pantanal, e partes da Amazônia, a área de vida e o território dos grupos de ariranhas tendem a mudar drasticamente na época de cheia, uma vez que as tocas das margens dos rios usadas durante a seca são inundadas.
As fêmeas normalmente ficam reprodutivas apenas uma vez por ano, podendo, excepcionalmente, no caso de perda da prole, entrar no cio duas vezes no mesmo ano.
Após uma gestação de aproximadamente 60 dias, nascem de um a cinco filhotes por ninhada, os quais atingem maturidade sexual entre os 2 e 3 anos de vida, quando deixam o grupo familiar para formar os seus próprios grupos.
A espécie é essencialmente diurna e cava tocas nos barrancos dos rios, onde o grupo familiar se recolhe no fim do dia.
Os filhotes nascem no interior das tocas e saem delas com cerca de duas a três semanas de vida, mas somente são capazes de acompanhar os demais animais do grupo para pescar aos três ou quatro meses de idade.
A dieta é composta principalmente por peixes, complementada por crustáceos, moluscos e, eventualmente, de pequenos mamíferos, aves e répteis.
Cada animal consome por dia o equivalente a cerca de 10% do seu peso corporal em alimento.
Ariranha ou Lontra?
É muito comum confundirmos ariranhas com lontras (Lontra longicaudis).
Embora ambas pertençam à mesma família, Mustelidae, são espécies diferentes.
No Brasil, a família Mustelidae é representada por seis espécies: os furões (Galictis cuja e G. vittata), a Irara (Eira barbara), doninha-amazônica (Mustela africana), a lontra e a ariranha.
A ariranha é cerca de três vezes maior que a lontra (atingem até 1,8 m de comprimento total), possui uma cabeça maior e com olhos grandes, além de ser uma espécie social, geralmente avistada em grupos durante o dia.
Já a lontra é solitária, mas pode ser vista em casal durante o período reprodutivo, ou uma fêmea com seus filhotes após a reprodução.
Possui uma cabeça menor, mais achatada e com olhos relativamente pequenos.
A ariranha apresenta uma mancha esbranquiçada na garganta, que é de formato único em cada indivíduo, o que não se vê nas lontras.
A cauda da ariranha é achatada, enquanto a lontra tem cauda mais cilíndrica.
Além disso, a ariranha é curiosa, aproxima-se de embarcações, é ruidosa, e ergue-se acima da água constantemente para observar ao redor, expondo assim a mancha característica na garganta.
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