Somos biólogos, mas será que sabemos realmente qual é o valor da nossa profissão?
Sabemos o quanto vale nosso trabalho?
O quanto investimos na nossa carreira?
Se sabemos, porque então não nos valorizamos como tantas outras categorias que lutam por seus direitos?
Vejam a força que têm, por exemplo, o Sindicato dos Metalúrgicos, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Regional de Medicina (CRM).
Por que a nossa categoria não tem força sequer para garantir que cargos com perfil de biólogo sejam ocupados por biólogos?
Ou por que não temos força para atualizar o piso da categoria?
Por que o nosso conselho não é tão atuante para defender nossos interesses quanto é para cobrar a anuidade?
Ainda hoje vemos vários concursos em que deveríamos participar com vagas que não consideram a nossa formação.
Em termos de esforço, um biólogo tem que estudar muito mais do que um administrador, por exemplo, para receber o diploma.
Não que administração seja um curso fácil, pelo contrário, requer todo o esforço exigido por um curso superior.
No entanto, o currículo de Biologia é muito mais denso, muito mais complexo.
A um biólogo não bastam os conhecimentos passados pelo professor em sala de aula.
É necessário ir mais a fundo, pesquisar em livros, atualizar-se a respeito do que está sendo estudado, pelo próprio caráter dinâmico da ciência.
É preciso horas de práticas para compreender a teoria.
Mas então, se a Biologia prepara tão bem seus profissionais, porque o retorno financeiro é tão baixo?
Diria que, em parte por nossa própria culpa, pela nossa cultura profissional.
Não temos força como categoria, somos desunidos.
E boa parte acha que se não pode receber o que acha justo, o que deveria, então está ok o que pagam pelo nosso trabalho.
Somos ainda idealistas ingênuos num mundo capitalista.
Por que então não valorizamos nosso trabalho?
Porque também somos formados para servir a um ideal.
Dizem que ser biólogo é não é uma profissão, é um estilo de vida.
E acabamos sacrificando a vida pela ciência, vivendo como franciscanos à margem do mercado.
Nossa ambição é egoísta e restringe-se a sermos conhecidos no nosso “mundinho científico”.
À esperança de um dia sermos recompensados pelo resto do planeta.
A ambição pelo conhecimento é até louvável, mas vivemos sob as leis do mercado e precisamos de bem mais que isso para uma qualidade de vida decente.
E, assim, a situação vai se perpetuando.
Enquanto nós, biólogos, continuarmos aceitando estas condições do mercado, não haverá nenhuma razão para a mudança.
Que nesse dia do biólogo possamos pensar mais em como mudar nossa realidade!
Texto de Regina A. S. Alonso adaptado
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