O câncer é o crescimento desordenado de um determinado grupo de células.
Essas células passam a invadir tecidos vizinhos e muitas células espalham-se.
E assim se ramificam pelo organismo por meio das chamadas metástases.
Ou seja, onde as células continuam com sua reprodução desenfreada.
Essas alterações genéticas convertem uma célula normal em uma célula transformada.
E que não respondem mais aos sinais de controle de multiplicação, morte e diferenciação que comanda a comunidade celular.
O câncer é causado em quase todos os casos por mutação ou por alguma anormalidade de genes (oncogêneses) que regulam o crescimento e a mitose celular.
As mutações podem ser causadas por agentes físicos e químicos do meio ambiente.
Ou ainda por produtos tóxicos da própria célula (radicais livres, por exemplo).
A carcinogênese – o processo de formação de um câncer – pode demorar de um a 30 anos.
Os estudos apontam que, durante os seus três estágios (iniciação, promoção e progressão), ocorre um acúmulo de mutações no DNA celular.
Em especial em genes que garantem a ordem dos eventos do ciclo de divisão celular, nos que consertam eventuais erros na replicação do material genético ou nos que promovem e mantêm o estado de diferenciação celular.
Mas quantas mutações são necessárias para gerar um câncer?
Os cientistas, usando as mais avançadas técnicas de sequenciamento do DNA, concluíram que é preciso haver 11 mil mutações para que uma célula normal do revestimento interno do cólon intestinal se torne cancerosa, por exemplo.
Então como genes normais se tornam oncógenes
O ciclo celular compreende os processos de duplicação do DNA e divisão nuclear (mitose), e resulta na produção de nova célula.
Para iniciar um ciclo, a célula em repouso (fase G0) precisa ser estimulada por fatores de crescimento.
Como por exemplo o fator de crescimento derivado de plaquetas e o fator de crescimento epidermal.
Ou por hormônios esteroides e citocinas (proteínas que atuam como hormônios), todos produzidos por elas mesmas ou por células ao seu redor.
Esses fatores ligam-se aos seus receptores de membrana.
O que ocasiona uma série de reações químicas e eventos morfológicos, de modo sucessivo e ordenado dentro de cada fase do ciclo de divisão celular (G1, S, G2 e mitose).
Essas reações e eventos são interrompidos durante a transição das fases G1/S e G2/mitose.
Nesses momentos críticos do ciclo celular – os ‘pontos de checagem’ -, a célula decide se avança para a fase seguinte.
Ou seja, continuando o processo de divisão, ou sai do ciclo, iniciando o processo de morte celular por apoptose.
Esse mecanismo de controle de falhas e erros na linha de montagem de uma nova célula é essencial.
Nas células cancerígenas ocorrem anomalias durante o ciclo celular.
A mitose perde o seu controle crescendo cada vez mais originando um tumor.
Esse crescimento descontrolado decorre da ativação de proto-oncogenes.
Ou seja, genes normais que se tornam um oncogene devido a uma mutação ou ao aumento de expressão gênica.
Que estão envolvidos no controle positivo do ciclo celular.
A ativação pode ser causada por mutações, deleções (eliminação de trechos) e translocações cromossômicas.
O que acontece quando uma célula se torna câncer?
Os tecidos que são invadidos vão perdendo suas funções.
As células cancerosas vão substituindo as células normais.
E diminuem também os genes de reparo, revestindo de ‘estado normal’ as células mutadas.
Quando uma célula normal recebe cópias extras dos oncogenes ativados, haverá estimulação constante dos eventos bioquímicos da proliferação celular e da transformação celular.
E é isso o que configura o câncer.
Nesses casos, o que faz as células crescerem de forma autônoma é a inativação de genes supressores de tumor.
Com isso, a célula deixa de checar os erros e falhas que provocariam o bloqueio no ciclo celular ou a morte por apoptose.
Devemos lembrar que a presença de alterações genéticas que provocam a ativação e a inativação de fatores que regulam o ciclo celular e apoptose nem sempre produz o câncer.
Mas aumenta a probabilidade de que outros defeitos possam acontecer.
Elas têm capacidade de desprendimento do tumor e invadirem os tecidos vizinhos.
Chegando até a órgãos distantes do local onde se iniciou o tumor, formando as metástases.
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Cientistas britânicos decifraram quantas mutações são necessárias para transformar uma célula saudável em cancerosa: entre uma e dez, dependendo do tipo de tumor. As descobertas foram feitas por pesquisadores do Welcome Trust Sanger Institute e publicadas na revista científica Cell.