Muitos animais utilizam o recurso de camuflagem para se livrar dos predadores naturais.
Mas como utilizam esse recurso?
Seria proposital? Seria uma adaptação evolutiva?
O termo camuflagem vem do ato de se camuflar.
Que significa dissimular para guerra, diminuir a visibilidade, disfarçar sob falsas aparências.
Nesse sentido literal, o termo inclui a intencionalidade.
Mas na biologia não é bem assim!
Na biologia, embora o termo signifique dissimulação de um organismo em seu ambiente, isso não ocorre de forma intencional.
Mas como resultado do processo de seleção natural.
Dessa forma a camuflagem, que é uma forma de mimetismo, é uma adaptação resultante da seleção natural.
Alguns conceitos importantes sobre mimetismo e seleção natural
É importante esclarecer que organismos mais adaptados possuem determinadas características que permitem se desenvolver, sobreviver e reproduzir com maior êxito do que aqueles menos adaptados.
É um dos conceitos cruciais da teoria evolutiva.
A seleção natural é o processo que leva alguns tipos de indivíduos de uma população a deixar mais descendentes para a próxima geração do que outros.
Assumindo-se que os descendentes se assemelhem aos parentais, e que essas semelhanças se devam em parte ao patrimônio genético, qualquer atributo de um organismo que lhe possibilite deixar mais descendentes do que a média, fará com que representantes desse organismo aumentem em frequência na população ao longo das gerações.
Como já dissemos, a camuflagem, uma forma de mimetismo, é um exemplo de adaptação e da ação da seleção natural.
Por isso, espécies que apresentam camuflagem podem ter padrões de cor, detalhes de formatos e comportamentos que os tornam menos visíveis em seu ambiente natural.
Dessa forma, essas espécies são assim porque alguns de seus ancestrais possuíam, devido à variabilidade genética, combinações que resultavam em fenótipos miméticos ao ambiente.
E, portanto, com mais chance de sobreviverem e se reproduzirem.
Assim, esse processo é repetido e aperfeiçoado ao longo das gerações.
A camuflagem, portanto, é uma consequência da ação da seleção natural sobre fenótipos existentes.
Por isso, é importante desfazer o mito de que os organismos se camuflam com o intuito de se esconder dos predadores.
Mas como ensinar isso aos alunos?
Que tal uma simulação?
Na qual os estudantes atuam como predadores, círculos representam as presas e, o forro estampado das caixas representa o ambiente.
Você pode usar uma caixa forrada com tecido estampado representando o ambiente e círculos forrados com o mesmo padrão de estampa.
Porém com cores diferentes (azul, rosa e rosa-azulado).
Vamos explicar como.
Você pode dividir os alunos em grupos de 2 a 5 integrantes.
Cada um dos grupos deve receber um conjunto de material:
Procedimento para os estudantes
O grupo deverá escolher um organizador da atividade.
Os demais participantes simularão ser predadores que usam a visão para localizar as presas, representadas por círculos estampados de três cores.
O organizador coloca na caixa 10 peças de cada cor (azul e rosa) sem que os predadores vejam.
E cronometra 3 segundos para que os predadores retirem um círculo (presa) por vez da caixa.
Os predadores retiram da caixa, durante 3 segundos, o maior número possível de presas (círculos), uma de cada vez.
Só vale retirar o círculo que for visualizado, ou seja, não vale usar o tato.
O organizador então conta o número de círculos de cada uma das cores que restaram na caixa e preenche a tabela.
Com os círculos que restaram, o organizador simula uma rodada de reprodução por partenogênese.
Ou seja, cada círculo que restou após a predação originará dois descendentes iguais a ele.
Cada círculo, não predado, deve ser retirado da caixa e dois novos círculos iguais a ele devem ser colocados.
Não deixe os predadores olharem onde os círculos foram colocados.
E cronometre mais 3 segundos para que os predadores retirem um círculo (presa) por vez da caixa.
Os predadores devem retirar da caixa, durante 3 segundos, o maior número possível de presas (círculos), uma de cada vez.
Só vale retirar o círculo que for visualizado, ou seja, não vale usar o tato.
Tem como função contar o número de círculos de cada uma das cores que restaram na caixa e preencher a Tabela.
E também contar na tabela o número de indivíduos da população que restou após a primeira rodada de predação.
E então simular um ciclo de reprodução sexuada.
Para isto, levar em consideração a cor destes indivíduos e colocar em um saquinho as contas coloridas que representarão seus alelos.
Os indivíduos rosa são representados por duas contas vermelhas e, os azuis, por duas contas azuis.
Colocar no saco o número e o tipo correspondentes de contas que representarão os alelos dos indivíduos (diploides) da população.
E faça o sorteio dos alelos do saco sem reposição.
Duas contas vermelhas correspondem ao fenótipo rosa, duas contas azuis ao fenótipo azul e uma conta vermelha e uma azul ao fenótipo rosa-azulado.
Coloque na caixa os círculos correspondentes da combinação de cada par de alelos sem deixar os predadores verem onde foram colocados.
E cronometre 3 segundos para que os predadores retirem um círculo (presa) por vez da caixa.
É função do organizador também lembrar os predadores que eles só podem usar a visão e não o tato.
E contar na tabela o número de indivíduos da população que restou após a primeira rodada de predação.
Sugestão de fechamento
Os alunos podem discutir e responder questões como:
a) Houve aparecimento de outro fenótipo de presa após a reprodução sexuada?
b) Um fenótipo diferente daquele dos parentais pode surgir quando a reprodução é assexuada por partenogênese?
c) Os organismos se camuflam visando se esconder dos predadores?
d) Um indivíduo bem camuflado em um determinado ambiente está necessariamente bem camuflado em qualquer
tipo de ambiente?
e) O heterozigoto foi predado? Em caso positivo, a frequência foi similar a um dos demais tipos de indivíduos da população?
As respostas podem ser discutidas entre os grupos a fim de avaliar se todos chegaram a mesma conclusão.
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