A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica, crônica e autoimune.
Ou seja, as células de defesa do organismo atacam o próprio sistema nervoso central, provocando lesões cerebrais e medulares.
Embora a causa da doença ainda seja desconhecida, a EM tem sido foco de muitos estudos no mundo todo, o que têm possibilitado uma constante e significativa evolução na qualidade de vida dos pacientes.
Os pacientes são geralmente jovens, em especial mulheres de 20 a 40 anos.
A Esclerose Múltipla não tem cura e pode se manifestar por diversos sintomas.
Como por exemplo: fadiga intensa, depressão, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio da coordenação motora, dores articulares e disfunção intestinal e da bexiga.
Estima-se que atualmente 35 mil brasileiros tenham Esclerose Múltipla.
O que acontece quando se tem esclerose múltipla
Na Esclerose Múltipla, a perda de mielina (substância cuja função é fazer com que o impulso nervoso percorra os neurônios) leva a interferência na transmissão dos impulsos elétricos e isto produz os diversos sintomas da doença.
Esse processo é chamado dedesmielinização.
É importante atentarmos que a mielina esta presente em todo sistema nervoso central.
Por isto qualquer região do cérebro pode ser acometida e o tipo de sintoma está diretamente relacionado à região afetada.
Com a desmielinização, ocorre um processo inflamatório que culmina, com o decorrer do tempo, no acúmulo de incapacitações neurológicas.
Os pontos de inflamação evoluem para resolução com formação de cicatriz (esclerose significa cicatriz).
Esta não apresenta a mesma função do tecido original, mas é a forma que o organismo encontra para curar a inflamação.
Porém, com isto, perdemos função tecidual (“a cicatriz como testemunha”) que aparecem em diferentes momentos e zonas do sistema nervoso central.
Os pacientes podem se recuperar clinicamente total ou parcialmente dos ataques individuais de desmielinização, produzindo-se o curso clássico da doença.
Ou seja, os surtos (períodos em que a doença se manifesta intercalados com períodos sem manifestação) e remissões.
Como é o feito o diagnóstico
O diagnóstico é basicamente clínico e laboratorial, embora em alguns casos podem ser insuficientes para definir de imediato se a pessoa tem ou não Esclerose Múltipla.
Isso acontece pois os sintomas se assemelham a outros tipos de doenças neurológicas.
Nestes casos a confirmação diagnostica pode levar mais tempo.
Apesar de ainda não existir a cura para a Esclerose Múltipla, muito pode ser feito para ajudar os pacientes a serem independentes e a terem uma vida confortável e produtiva.
O profissional mais indicado para investigar e tratar a EM é o médico neurologista.
Existem uma série de doenças inflamatórias e infecciosas que podem ter sintomas semelhantes ao da Esclerose Múltipla.
O mais importante é aliar os aspectos: conhecimento médico, a história da pessoa e exames físicos, neurológicos e laboratoriais.
Os enganos mais comuns:
Os exames solicitados pelo médico neurologista para auxiliar no diagnóstico são:
É uma doença que acomete adultos jovens, principalmente mulheres.
Mais comum em caucasianos do que em outros grupos raciais.
A evolução da doença
A evolução ocorre por surtos.
É o período em que os sintomas neurológicos da EM se manifestam de forma mais acentuada, podendo durar dias ou semanas.
Evolui em surtos cujos sintomas ocorrem de maneira súbita com posterior recuperação parcial ou total dos mesmos, neste caso chamada Esclerose Múltipla Remitente Recorrente (EMRR) ou surto remissão.
Evolui sem surtos, mas com sintomas progressivos acumulados ao longo do tempo, neste caso chamada Esclerose Múltipla Primária Progressiva (EMPP).
Evolui com sintomas lentos e progressivos com o tempo em indivíduos que possuem a forma remitente recorrente inicialmente EMRR pode evoluir com ganho de sintomas sem surto em geral após 20 anos de doença pode ser observado e aqui chamado de Esclerose Múltipla Secundaria Progressiva.
A forma mais comum de esclerose múltipla é a recorrente-remitente (quando os surtos podem deixar sequelas ou não).
Tratamento
Os tratamentos medicamentosos disponíveis para EM buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos ao longo dos anos contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidade durante a vida do paciente.
Além do foco na doença, tratar os sintomas como os urinários e a fadiga é muito importante para qualidade de vida do paciente.
Os medicamentos utilizados na Esclerose Múltipla devem ser indicados pelo médico neurologista que vai analisar caso a caso.
Os medicamentos visam reduzir a atividade inflamatória e a agressão à mielina, com diminuição dos surtos em intensidade e frequência.
Contribuindo assim na redução do ganho de incapacidade ao longo dos anos são os chamados imunomoduladores.
Já os medicamentos imunossupressores (que reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico) também têm ocupado lugar de destaque no tratamento da EM.
Para o tratamento dos surtos, utiliza-se a pulsoterapia (administração de altas doses de medicamentos por curtos períodos de tempo) com corticoides sintéticos.
Sintomas muito comuns no inicio do uso destas medicações são: dores de cabeça, dores musculares, febre, fadiga e agravamento de sintomas anteriores.
São sintomas transitórios e, na maioria dos casos, podem ser amenizados ao iniciar os medicamentos com doses menores, utilizando-se analgésicos ou deixando as aplicações como a última atividade do dia, sempre de acordo com a orientação de médico.
Tratamento Sintomático
Anticorpos monoclonais
Um grupo medicamentoso muito utilizado em reumatologia e oncologia.
Atualmente, muitas substâncias vêm sendo testadas para Esclerose Múltipla.
No mercado, já esta disponível o natalizumabe, a primeira produzida especificamente para Esclerose Múltipla.
Cuja indicação é para doença grave, de evolução rápida, refratária a outras terapêuticas.
Age na atividade inflamatória, reduzindo surtos e as incapacitações.
Medicações vias orais
Medicamentos são indicados para minimizar surtos quanto frequência, taxa anual e concomitante acúmulo de incapacitações.
Porém, muitas perguntas ainda precisam ser respondidas.
Quantos efeitos adversos em longo prazo?
Efeito preventivo, reparador, neuroprotetor?
Neurorreabilitação
Aliado ao tratamento medicamentoso, o tratamento reabilitacional é fundamental para reduzir a espasticidade, espasmo, fadiga, depressão entre diversos outros sintomas.
A neurorreabilitação é uma aliada importante do tratamento da Esclerose Múltipla.
Além disso, colabora na adaptação e recuperação, quando possível, e prevenção ao longo do tempo de complicações como as deformidades ósseas.
Entre as terapias de neurorreabilitação estão: psicologia, neuropsicologia, fisioterapia, arteterapia, fonoaudiologia, fisioterapia, neurovisão e terapia ocupacional.
Terapias de apoio e complementares
Além das terapias de neurorreabilitação, existem terapias de apoio muito importantes que podem auxiliar no tratamento do paciente de Esclerose Múltipla, aumentando a qualidade de vida.
Entre elas, estão: neurologia, psiquiatria, medicina preventiva e urologia.
Já as terapias complementares promovem a harmonia física e espiritual, tratamento o paciente de EM como um todo e auxiliando na melhora da capacidade de realizar atividades do dia a dia.
Contribuem com o paciente no aspecto psicológico, melhorando a autoestima, autoconfiança e aceitação.
Já no aspecto físico, ajuda a aliviar as dores, melhorando a força e a flexibilidade.
Saiba mais sobre as terapias complementares no site da SPAbem.
Transplante autólogo de células-tronco
O transplante autológico de células-tronco hematopoiéticas (TACT) é um tratamento de imunossupressão de altas doses, ou seja, ele praticamente interrompe a atividade ou a eficiência do sistema imunológico para impedir que o mesmo ataque o sistema nervoso.
Após isso, o paciente passa pelo transplante com células-tronco para construir um novo sistema imunológico.
Esse novo sistema imunológico fica frágil e o risco de infecções é muito grande.
Além disso, o procedimento é extremamente delicado, podendo levar o paciente a óbito.
Por esse motivo, é considerado um tratamento de exceção, indicado em apenas poucos casos.
Outro ponto que ainda está em discussão são os seus efeitos em longo prazo, ou seja, ainda não se sabe sobre a frequência dos surtos ou progressão da EM após um tempo considerável da realização do transplante.
Também é preciso esclarecer que o TACT não cura a EM, e sim, estabiliza a doença.
Sintomas mais comuns
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