Parecido com um jacaré pequeno, certamente você já viu um lagarto teiú por aí, não é?

O lagarto teiú, também conhecido popularmente como tiú, tejú ou tegu, teiuaçu, tejuguaçu, teju, tejo, teiú-açu, tiju, tejuaçu ou teiú-brasileiro é um réptil do grupo Squamata (que além dos lagartos, inclui os anfisbênios e as serpentes).

Os teiús são membros da família Teiidae, que se distribui ao longo das Américas, com mais de 100 espécies descritas, 30 delas no Brasil.

O gênero Tupinambis ocorre em quase toda a América do Sul e inclui alguns dos maiores lagartos americanos.

Hoje são conhecidas sete espécies deste gênero: Tupinambis duseni, T. longilineus, T. merianae, T. palustris, T. quadrilineatus, T. rufescens e T. teguixin.

Tupinambis merianae possui a maior distribuição dentre as espécies do gênero, sendo encontrada do sul da Amazônia ao norte da Patagônia, a leste dos Andes.

No Brasil, está presente nos biomas Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia, sendo que também foi introduzido em algumas ilhas, como por exemplo o arquipélago de Fernando de Noronha.

A introdução da espécie Tupinambis merianae na década de 60 no arquipélago se tornou um problema.

O objetivo era controlar as populações de sapos e ratos que foram introduzidos em anos anteriores.

Porém o lagarto teiú tem hábitos diurnos enquanto sapos e ratos são noturnos.

Logo, o controle não foi bem sucedido e o lagarto encontrou um ambiente adequado ao seu desenvolvimento e reprodução.

Com recurso alimentar em abundância e ausência de predadores, a população de T. merianae no arquipélago continua crescendo, causando um grande impacto nas populações das tartarugas e aves marinhas, das quais o lagarto se alimenta dos ovos e filhotes.

Principais características do lagarto Teiú

A espécie possui corpo cilíndrico e robusto, podendo atingir até 1,4 metros de comprimento e peso de 5 Kg.

A cabeça é comprida e pontiaguda, com mandíbula forte e a cauda é longa e musculosa.

Possui coloração negra com faixas amareladas na região dorsal do corpo, na cabeça e membros.

Já o ventre é branco com pequenas manchas negras mais claras.

Ocupa principalmente áreas abertas e bordas de mata.

No interior de florestas, sua presença parece estar relacionada às áreas de clareiras.

É terrestre e raramente sobe em árvores após atingir a fase adulta.

O teiú também pode invadir galinheiros para comer ovos e pintinhos.

Tem atividade diurna e procura seu alimento ativamente no chão, com o auxílio da língua bífida, que capta partículas de cheiro do ar.

Meu sangue ferve por você

Até 2016, os únicos répteis conhecidos por serem capazes de aumentar a temperatura corporal por conta própria eram duas espécies de pítons, grandes serpentes asiáticas que podem alcançar 5 metros de comprimento.

O comportamento ocorre sobretudo durante a fase de chocar os ovos.

No entanto, o aquecimento da serpente ocorre quando os animais tremem, um recurso conhecido também em mamíferos e aves.

Ao agitar os músculos, geram calor.

O teiú, por sua vez, não treme para aumentar a temperatura.

Agora se sabe que, ao menos na época do acasalamento, essa espécie de lagarto é endotérmica, tem sangue quente.

O teiú usa o metabolismo para regular a temperatura interna durante a época da reprodução.

No resto do ano, ele se comporta como um animal ectotérmico.

Assim, a regulação de calor pode estar relacionada com a produção de hormônios sexuais, que alcançam um pico no período reprodutivo tanto em machos (testosterona) quanto nas fêmeas (estradiol e progesterona).

Outros hormônios abundantes nessa fase, como os da glândula tireoide, estão envolvidos no gasto energético e na mobilização das reservas de energia.

E por isso aumentam a quantidade de mitocôndrias nas células.

A elevação desses hormônios durante a fase de reprodução dos teiús pode estar associada à maior abundância de mitocôndrias e, por consequência, à maior atividade da ANT, a proteína que ajuda a produzir calor e que era conhecida em aves,

Para quem quiser saber mais, os estudos que fizeram essa grande descoberta podem ser consultados aqui e aqui.

Lagarto teiú pode atacar?

Os lagartos não são agressivos por natureza.

Então quando se sente ameaçado, pode ficar imóvel e tentar se camuflar no ambiente ou fugir rapidamente.

Mas quando se sente encurralado, pode desferir fortes mordidas e chicotadas com a cauda.

Em casos extremos os teiús podem agir como antigos bípedes, correndo apenas com as patas traseiras.

E sim, neste caso pode correr atrás de você.

Mas é apenas uma forma de defesa, se você não acuar o lagarto ele não será agressivo.

Se agarrado pela cauda, o teiú, assim como outros lagartos (mas nem todos), pode se desfazer dela (e escapar com vida), num processo conhecido como autotomia.

Dentro de algumas semanas, uma nova cauda substitui a antiga.

Hibernação

Com um comportamento sazonal, nos meses mais frios o lagarto teiú hiberna.

Esse é um método de sobrevivência, onde o animal desacelera o seu metabolismo para sobreviver a baixas temperaturas, da umidade ou da escassez de água e comida.

O teiú permanece inativo em tocas por longos períodos, totalmente imóveis.

Em contrapartida, no calor, assim como outros répteis, eles tornam-se ativos e podem ser encontrados com facilidade repousando ao sol, em gramados, pedras e até em árvores.

Em busca por alimento e reprodução, também podem ser vistos em campos, trilhas e matas preservadas.

É onívoro, ou seja, come praticamente de tudo.

Na natureza, se alimenta de frutas, ovos, larvas, vermes, insetos e até carniça!

A ampla dieta e a adaptabilidade a ambientes pouco preservados indicam que teiú é uma espécie oportunista, o que ajuda a explicar sua ampla distribuição.

O teiú é um importante dispersor de sementes, já que se desloca por grandes áreas à procura de alimento, possibilitando a distribuição das sementes em locais propícios para germinação e estabelecimento.

Aves de rapina, felinos selvagens e serpentes são alguns dos predadores dos teiús na natureza.

Em cativeiro, esta espécie pode viver mais de 15 anos.

Reprodução

O teiú é ovíparo e a reprodução aparentemente ocorre ao final da estação seca.

O tamanho da ninhada varia de 30 a 36 ovos, que eclodem após 60 a 90 dias de incubação.

Os filhotes são esverdeados, muitas vezes confundidos com o adulto de outra espécie de Teiidae, o calango Ameiva ameiva.

Exploração

Como têm grande porte, as espécies de teiú foram e ainda são caçadas tradicionalmente por alguns povos indígenas para subsistência.

Mas agora, são também explorados em grande número para uso das peles na confecção de acessórios em couro exótico, especialmente botas e bolsas.