A pesquisa qualitativa não se preocupa com representatividade numérica.
O foco está no aprofundamento da compreensão de um grupo social, de uma organização, etc.
É uma pesquisa que busca explicar o porquê das coisas.
Os dados analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes abordagens.
O objetivo da amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações.
Não há a preocupação em ter um grande número de amostra como na pesquisa quantitativa.
A pesquisa qualitativa preocupa-se com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais.
A pesquisa qualitativa trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
Principais características da pesquisa qualitativa
1. Lócus de pesquisa
A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados.
A pesquisa qualitativa supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada, por meio do trabalho intensivo de campo.
O trabalho de campo na pesquisa qualitativa implica em um certo tempo emergido naquele ambiente foco da pesquisa.
Por exemplo, se a questão que está sendo estudada é a indisciplina escolar, o pesquisador procurará presenciar o maior número de situações em que esta se manifeste.
Isso exige um contato direto e constante com o dia-a-dia escolar, em geral registrado em filmagens e anotações.
A justificativa para que o pesquisador mantenha um contato estreito e direto com a situação onde os fenômenos ocorrem naturalmente é a de que estes são muito influenciados pelo seu contexto.
As circunstâncias em que ocorre a situação e interesse é fundamental na pesquisa qualitativa.
As pessoas, os gestos, as palavras estudadas devem ser sempre referenciadas ao contexto onde aparecem.
2. Dados
Os dados coletados são predominantemente descritivos.
Descrevem o contexto, as pessoas e acontecimentos.
O conjunto de dados pode incluir transcrições de entrevistas, de aulas e de depoimentos, fotografias, desenhos e extratos de vários tipos de documentos.
A teoria frequentemente é usada para subsidiar uma afirmação ou esclarecer um ponto de vista.
A preocupação nesse tipo de pesquisa é com o processo, e não apenas com o produto.
Por exemplo, a complexidade do cotidiano escolar, de uma aula é sistematicamente retratada nas pesquisas qualitativas.
3. Cuidado com os dados
O “significado” que as pessoas dão às coisas e à vida também são focos desse tipo de pesquisa.
Há uma tentativa de capturar a “perspectiva dos participantes”, isto é, a maneira como os informantes encaram as questões que estão sendo focalizadas.
Ao considerar os diferentes pontos de vista dos participantes, os estudos qualitativos permitem iluminar o dinamismo interno das situações, geralmente inacessível ao observador externo.
Ao contrário do que muita gente acha, há um cuidado extremo com as percepções dos participantes e com a checagem de dados.
Os dados em geral são discutidos com outros pesquisadores para que elas possam ser ou não confirmadas.
4. Análise de dados
A análise dos dados tende a seguir um processo indutivo.
Isso significa que, é comum nas pesquisas qualitativas a hipótese de pesquisa ser formulada após o início do projeto.
O fato de não existirem hipóteses ou questões específicas formuladas a priori não implica a inexistência de um quadro teórico que oriente a coleta e a análise dos dados.
Muito pelo contrário.
As abstrações se formam ou se consolidam a partir da inspeção dos dados e de um longo estudo teórico.
O desenvolvimento do projeto aproxima-se a um funil: no início há questões ou focos de interesse muito amplos, que no final se tornam mais diretos e específicos.
O pesquisador vai precisando melhor esses focos à medida que o estudo se desenvolve.
Apesar da resistência em áreas dominadas pelas pesquisas quantitativas, a pesquisa qualitativa tem tanto rigor e critérios quanto as pesquisas da área “hard”.
Onde se aplica?
A pesquisa qualitativa em geral são aplicadas em áreas como a Antropologia, Sociologia, na Psicologia e na Educação.
São todas iguais? Não.
Então como é a metodologia?
A pesquisa qualitativa não se baseia em um conceito teórico e metodológico unificado.
Diversas abordagens teóricas e seus métodos caracterizam as discussões e a prática da pesquisa.
Essa variedade de abordagens é uma consequência das diferentes linhas de desenvolvimento na história da pesquisa qualitativa, cujas evoluções aconteceram em parte de forma paralela e em parte sequencial.
Quem quiser ler mais sobre a pesquisa qualitativa recomendo o livro Pesquisa qualitativa do início ao fim.
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