Certamente você já viu líquens em árvores e até mesmo em fios de energia.
Mas você sabia que líquens são associações simbióticas entre fungos e células de algas ou de cianobactérias?
Nos líquens, a alga, que é autótrofa, realiza fotossíntese e, assim produz alimento para ela e o fungo.
Este, que é heterótrofo, oferece proteção a alga, além de reter sais e umidade, necessários a ambos.
Morfologicamente o corpo do líquen, denominado talo, podem ser de três tipos:
Líquen Crostoso | Líquen Folhoso ou escamoso | Líquen Fruticoso ou arbustivo |
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Como o próprio nome diz, uma crosta.
Apresenta uma estrutura dorsiventral (são geralmente bastante achatados). Crescem mais pronunciadamente em circunferência, não tem córtex inferior e estão mais ou menos imersos no substrato. A superfície das espécies crostosas é muitas vezes caracteristicamente verrucosa ou quebradiça. Pode estar rodeado por um protalo pálido ou escuro que não contem células fotobiontes. |
Com aparência que lembra uma folha, apresenta uma estrutura dorsiventral, porém diferencia-se do talo crostoso por ser geralmente menos aderido ao substrato.
E também por apresentar um córtex inferior. Crescem mais pronunciadamente em circunferência e estão aderidos ao substrato por estruturas próprias, como rizinas ou tomento. Líquens com talo folhoso apresentam lobos (divisões mais ou menos arredondas) ou lacínias (divisões alongadas) bem definidas. |
São formados por ramos, que podem ser simples, divididos, cilíndricos ou achatados lembrando um arbusto ou barba.
São os maiores e os mais complexos. Eles podem ser pendentes ou eretos, como cabelos ou tiras, muitas vezes muito ramificados. Apresentam uma estrutura radial ao redor de uma cavidade central ou um eixo axial e estão aderidos ao substrato por pequenos grampos discoidais ou conjuntos de rizoides. Algumas espécies alcançam até 10m de comprimento. |
Como os líquens se reproduzem
A reprodução, nos líquens, pode ser dividida em reprodução direta e indireta.
Na direta, os dois organismos da associação estão envolvidos e são dispersos conjuntamente.
Pode ocorrer por fragmentação de alguma parte do talo ou por estruturas de reprodução especializadas (por exemplo, os isídios e os sorédios), que variam em sua forma e tamanho.
Os isídios são pequenas projeções que possuem a mesma organização anatômica do talo (córtex, camada de alga e medula).
Já os sorédios não são corticados e não apresentam formação de tecidos.
São formados por hifas envolvendo células do fotobionte, e têm formato de uma pequena massa granular.
Podem ser produzidos em todo o talo, restritos a algumas regiões ou em áreas bem delimitadas chamadas sorais.
Na reprodução indireta, o fungo produz esporos que precisarão ser dispersos pelo ambiente para encontrar o fotobionte ideal e as condições ambientais adequadas para que haja a liquenização.
Eles produzem dois tipos de esporos: conídios (produzidos nos conidióforos dentro dos picnídios) e os ascósporos (produzidos em células chamadas de ascos, que em Parmeliaceae estão localizadas no tecido himenial dos apotécios).
Importância ecológica
Líquens são ótimos indicadores ambientais, mas você sabe por que?
Os líquens podem secar, e rapidamente entrar em um estado resistente.
Assim como, com apenas um pouco de umidade, como o orvalho que cai pela manhã, são capazes de se reidratarem e começar a fotossíntese e crescimento, com essa alta capacidade de retenção de água, podem também reter poluentes diluídos.
A maioria possui seu metabolismo ativo durante uma hora por dia, o que é o bastante para seu fornecimento de alimento.
Assim, a alta sensibilidade dos líquens está relacionada a sua biologia.
Por viverem por longos períodos de tempo, e pela sua natureza de absorver água e substâncias do ambiente, principalmente do ar, estão sujeitos ao efeito acumulativo dos poluentes.
Como estes organismos não possuem sistema vascular para transporte de água e nutrientes, desenvolveram mecanismos avançados de absorção pela atmosfera.
Assim, nevoeiros e orvalho são as principais fontes de água para os líquens, porém oferecem uma grande concentração de poluentes, os quais são acumulados nos mecanismos de concentração de nutrientes, uma vez que os fungos não possuem mecanismos deciduais (de eliminar partes comprometidas do organismo) como as plantas.
Além disso, a capacidade de evitar a desidratação é outro ponto que aumenta a concentração de poluentes na água, o que pode quebrar a associação entre os micobiontes e fotobiontes.
Expostos ao stress pela poluição do ar, como por SO₂, os líquens apresentam uma diminuição de tamanho devido ao desprendimento das partes mais antigas do líquen.
Com concentrações muito altas, há o surgimento de cores esbranquiçadas, amarronzadas ou violeta nos lobos marginais, chegando até o centro do talo e assim, levando a morte do indivíduo.
A distribuição vertical dos líquens em ambientes naturais é influenciada por fatores como qualidade do ar, microclima, umidade e luminosidade.
O substrato onde está fixado o líquen, define diversas informações sobre o mesmo.
Líquens absorvem diversos minerais e umidade, tanto do substrato em si, quanto do ambiente exterior.
As respostas dos líquens às condições ambientais podem ser positivas ou negativas em relação a interferência no desenvolvimento.
Respostas positivas podem ocorrer mesmo em condições extremas, como o caso de líquens pioneiros na colonização de um solo pobre em nutrientes.
O desenvolvimento em condições “não favoráveis” indica adaptações de sua fisiologia e morfologia, assim como sua dinâmica ecológica.
A resposta negativa, por outro lado, representa a vulnerabilidade de algumas espécies ao serem extremamente sensíveis a mudanças ambientais ou representarem danos frente a adversidades climáticas ou fisiológicas.
Além disso, líquens também são peças importantes na sucessão ecológica.
Isso porque líquens são as chamadas espécies pioneiras.
Ou seja, abrem caminho para que novas espécies se desenvolvam em lugares desfavoráveis.
Um outro papel de destaque para os líquens é na indústria farmacêutica.
Eles são utilizados na produção de antibióticos, como os líquens da espécie Cladonina que produz um ácido único utilizado contra bactérias.
Os líquens das espécies Cetraria islandica e Usnea longissima são usados como fitoterápicos.
Destes são utilizados os talos secos para o preparo de infusões, cozidos e xaropes que servem no combate a coriza e gripes com tosse, bronquite, ondinofagia, anorexia e febre.
Estes líquens crescem em regiões frias da Europa, Himalaia e América Setentrional (CUNHA, 2003).
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