Você já ouviu falar em cecílias?
Confundida por alguns com uma minhoca e popularmente chamada “cobra cega”, você com certeza já viu uma por aí, não é?
Mas você sabia a cobra-cega não é uma cobra?
Ela é, na verdade, anfíbio assim como os sapos, rãs e pererecas.
As cobras cegas constituem um grupo chamado de Gymnophiona (do grego gymnos (nu) + ophioneos (parecido com serpente), por se parecerem com serpentes sem escamas) ou Apoda (do grego a (sem) + podus (pé), devido à ausência de membros locomotores).
Elas também são conhecidos como cecília, do latim caecus (cego), pois todas as espécies têm olhos pequenos, rudimentares, envoltos sob uma camada de pele ou mesmo ossos e pele.
Embora não sejam verdadeiramente cegas, as cecílias parecem não ser capazes de enxergar imagens.
Seus olhos, portanto, teriam apenas função fotorreceptora, ou seja, identificar a ausência ou presença de luz no ambiente.
Atualmente, há o conhecimento de cerca de 183 espécies de “cobras cegas” no mundo (todas habitando a região tropical) e 27 espécies no Brasil.
A maioria das espécies de Gymnophiona (há também espécies aquáticas), vive sob o solo úmido de florestas e áreas abertas naturais.
Mas também podem ser encontradas em ambientes alterados pela ação do homem, como pastagens, plantações e até jardins.
Como dito anteriormente as cecílias possuem olhos vestigiais cuja função parece ser apenas fotorreceptora.
Sua audição é restrita à percepção de vibrações no solo, por meio de um ossículo auditivo no crânio, chamado columela, articulado com o aparato mandibular.
Quando se encontram no subsolo, as narinas das cecílias se fecham.
São os tentáculos que realizam a maior parte das funções sensoriais.
Eles captam partículas químicas do ambiente quando são projetados para fora, e quando se retraem novamente as transferem para um órgão sensorial interno, o órgão vomeronasal, que depois envia os sinais ao cérebro.
Em geral as cecílias se alimentam de presas subterrâneas como cupins, formigas e minhocas, capturadas com sua boca repleta de dentes.
Mas os filhotes podem ter uma dieta pra lá de estranha: até que cheguem a um tamanho que lhes permita viverem sozinhos, eles permanecem com a mãe, se alimentando da camada mais externa da pele dela (epiderme), que nesta época fica rica em gorduras.
Além disso, também sugam uma secreção liberada pela região cloacal da progenitora.
Nesta fase da vida os filhotes possuem dentes em forma de colher, bastante diferentes dos dentes dos adultos, que têm forma de cone.
Reprodução
Enquanto a maioria dos anfíbios tem fecundação externa, nas cecílias este processo se dá internamente.
Os machos possuem um órgão copulatório chamado falodeu (phallodeum), que fica guardado na cloaca até a hora da cópula.
Neste momento ele é então evertido e inserido na cloaca da fêmea.
Ademais, a reprodução de muitas cecílias é pouco conhecida, devido ao hábito subterrâneo da maioria das espécies, que costumam ser encontradas na natureza apenas eventualmente.
As cobras-cegas podem ser vivíparas ou ovíparas.
Por que as cecílias não são serpentes?
Muitas características anatômicas separam as cecílias das serpentes, como diferenças no esqueleto, órgãos, músculos e até nos ovos.
Mas podemos distinguir uma cecília facilmente ao vê-la, pela presença dos anéis dérmicos em volta do seu corpo.
As serpentes possuem o corpo coberto por muitas escamas pequenas (que podem ser de muitas cores), mas nunca por grandes anéis.
Além disso, a pele das cecílias é úmida, e a das serpentes é seca.
Na verdade é mais fácil confundir uma cecília com uma minhoca.
Mas não se esqueça: minhocas não têm ossos, e seu corpo é mole, ao passo que o corpo das cobras-cegas possui um esqueleto interno.
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