O planejamento da ação docente envolve refletir sobre o para quê, o que, como ensinar e sobre os resultados das ações empreendidas.
Logo, os componentes nos planos de ensino, seja de curso ou disciplina, de unidade ou de aula refletem esses quatro pontos em: objetivos, conteúdos, metodologia, recursos didáticos e avaliação.
O objetivo aqui não é explicar como fazer o plano de ensino, mas apontar as reflexões necessárias a construção de um.
Porque o planejamento deve ser antes, de tudo, um exercício de reflexão.
Não é apenas preencher componentes, mas refletir a cerca do que está escrevendo e propondo.
Vai ser mesmo possível realizar o que você colocou no planejamento?
Objetivos
Os objetivos dizem respeito aos resultados e propósitos da nossa ação.
O que o aluno precisa saber, fazer ou ser?
É bastante comum encontrarmos como objetivo de grande número de planos e documentos do professor e da escola, “tornar o aluno um ser participativo, crítico, criativo, autônomo, cidadão”.
Mas o que realmente queremos dizer com isso?
Esse propósito denota sinais de que os fins últimos do nosso trabalho estão extrapolando os limites de suas disciplinas curriculares e da sala de aula?
Se seus objetivos privilegiam aspectos cognitivos em detrimento da formação de valores, restritos a ações mensuráveis, meramente formais sem pretensão de sair do papel, a resposta é não.
Fazer um plano bonito mas não executar reflete a preocupação burocrática de fazer o programa da disciplina e o calendário escolar.
Objetivar a formação de um aluno crítico, considera o intuito de levar os alunos a tomarem posse do conhecimento científico e universal para uso nas suas lutas sociais cotidianas, propiciando o exercício de práticas cidadãs e democráticas.
Mas como converter os objetivos de uma disciplina ou área de conhecimento nesses fins?
Quando descobrimos o para quê da nossa matéria de ensino, quando a percebemos não como um fim em si mesma, mas como um meio para conquistar projetos maiores.
Estaremos mais próximos destes propósitos quando formos capazes de transformar a prática pedagógica pela compreensão das premissas e princípios que a orientam e não pelas normas e regras que a determinam.
Os objetivos são horizontes e alicerce, fundamento e guia da nossa prática.
São expressos nos planos por meio de verbos no infinitivo que traduzem comportamentos, habilidades, atitudes e competências esperadas do aluno.
Indicam propósitos amplos e específicos.
O primeiro também denominado de objetivo geral ou formativo refere-se a formação de atitudes, convicções e valores, não são alcançáveis de imediato e nem de fácil constatação.
Os objetivos específicos sinalizam propósitos atingíveis e observáveis pelo professor, a serem alcançados no tempo e nas condições em que se realiza o ensino.
Constituem desdobramentos dos objetivos gerais.
Uma vez definido aonde queremos chegar, encontraremos com mais facilidade o caminho.
Conteúdos
No geral, os conteúdos escolares continuam dissociados do contexto social e da capacidade cognitiva dos alunos.
Continuam definidos e organizados a priori nos livros didáticos e currículos escolares.
Os conteúdos permanecem impostos e tratados como verdades absolutas, neutros e isentos de pretensões políticas.
Aparecem na prática escolar reduzidos a natureza conceitual e deixam a margem do processo de ensino e de aprendizagem, os conteúdos atitudinais e procedimentais.
O conteúdo deve ter significado, utilidade e adequação a realidade do aluno como critérios para sua seleção.
Sabemos que tornar o conteúdo significativo requer respostas as necessidades e interesses deste.
Mas a qual aluno estamos nos referindo?
O que supomos como sendo seus interesses e necessidades individuais e de classe?
Se o conhecimento útil requer possibilidade de uso/aplicação em novas situações, quais seriam elas?
Devemos atentar para uma organização curricular que:
- considere a gradação das dificuldades conceituais,
- considere a continuidade dos estudos para o aprofundamento das questões trabalhadas e
- a integração dos conteúdos como garantia de construção de um saber articulado, interdisciplinar.
A formação do aluno crítico passa pela apropriação do conhecimento científico e da dimensão crítico/social dos conteúdos.
Metodologia
As estratégias de ensino, objetivos, conteúdos e pressupostos de aprendizagem estão intimamente relacionados e precisam estar em sintonia
É preciso pautar nosso fazer docente na compreensão da aprendizagem como ato coletivo e contínuo.
Que tipo de prática adotar?
Preferencialmente as que desenvolvam a atividade intelectual dos alunos.
Por meio da problematização, da argumentação e da análise e confronto das experiências desses sujeitos.
Práticas que priorizam a participação do aluno enquanto parte do processo de aprendizagem podem transformar a rotina pedagógica em ação didática.
Os meios, materiais, instrumentos e suportes a ação docente, não só ilustram, reforçam ou tornam concretos os dizeres do professor, mas sobretudo de provocar desafio.
A metodologia é onde se amarram todos os tópicos de um plano de ensino.
Os recursos são condizentes aos objetivos com a natureza do conteúdo que trabalhamos e com o perfil cognitivo dos alunos, com as atividades propostas e o tempo disponível?
A estratégia escolhida reflete o objetivo desejado?
Avalização da aprendizagem
Medir resultados finais ou corrigir os processos?
É preciso ter em mente que:
Utilizar a avaliação como instrumento de verificação do conhecimento acumulado pelo aluno visando a sua classificação, é uma prática de verificação.
Estabelecer critérios avaliativos nos exige clareza quanto aos objetivos visados para, a partir deles, apontarmos o que será avaliado.
Os critérios dizem respeito aos conceitos, atitudes e habilidades a serem demonstrados pelos alunos quando submetidos a avaliação.
A avaliação não se faz subjetivamente, pois independente do instrumento empregado ela é balizada por determinados parâmetros, os quais norteiam a apreciação docente.
A avaliação precisa ser abrangente, tomar o individuo como um todo.
Seus critérios devem contemplar não só a habilidade de reter conhecimento, mas de processa-lo, construí-lo, utiliza-lo em situações reais da vida (generalizações).
Alguns tipos de avaliações do processo, possíveis são:
- exercícios diários,
- os trabalhos individuais e de equipe,
- os porrifólios,
- observação planejada e sistemática e
- auto avaliação
A interpretação e a ordenação de ideias, a argumentação, a capacidade de tecer relações, fazer análise, compor sínteses são algumas das muitas operações de pensamento necessárias de serem exercitadas e avaliadas.
Entendemos que provas escritas, sejam dissertativas ou objetivas também permitem observar o desenvolvimento de tais competências.
Mas seriam apenas elas suficientes para avaliar o aluno?
Para quem quiser informações sobre como montar um plano de ensino recomendo esta leitura.
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