O ramo da Biologia que se dedica a classificar e a dar nomes aos seres vivos é a taxonomia.
A taxonomia organiza os seres vivos em categorias hierárquicas ou táxons.
Nessa classificação os táxons menores estão incluídos em táxons maiores.
Classificar é uma característica inerente aos seres humanos, como por exemplo:
- Arquivos em uma escola separados em ordem alfabética;
- Coleção de figurinhas e cartões telefônicos;
- Livros em uma biblioteca;
A taxonomia pode ser comparada a um arquivo bem organizado de informações sobre os seres vivos.
Imagine que cada documento desse arquivo contenha os dados sobre uma espécie de organismo e que documentos semelhantes poderiam ser reunidos em uma pasta, que representaria um gênero.
Na pasta referente ao gênero Canis, por exemplo, estariam as espécies C. lupus, C. familiaris e C. latrans.
Pastas de gêneros semelhantes seriam reunidas em gavetas de um armário; as gavetas corresponderiam às famílias e os armários às ordens.
Todos os armários em uma sala pertenceriam à mesma classe e salas de classes semelhante corresponderiam ao mesmo filo.
O Sistema de Lineu: Sistema Binomial
Em 1735, o botânico e médico sueco Carl Von Linné (1707 – 1778; Lineu em português) estabeleceu a espécie como unidade básica de classificação.
Lineu reuniu os seres vivos em cinco grupos taxonômicos: reino, classe, ordem, gênero e espécie – e propôs uma hierarquia de semelhança entre eles.
Depois, outros pesquisadores acrescentaram dois grupos: filo (para animais) ou divisão (para vegetais e fungos) e família.
Espécies muito parecidas podem ser reunidas no grupo gênero; neste o grau de semelhança é menor que na espécie.
Gêneros afins formam famílias e estas compõem ordens, que se reúnem em classes.
Os filos ou as divisões são compostos por classes semelhantes.
Os diversos filos ou divisões são reunidos em reinos.
Lineu propôs também o uso de palavras latinas para denominar os organismos, unificando mundialmente a linguagem científica e evitando confusões geradas pela existência de nomes populares diferentes para a mesma espécie.
Estabeleceu ainda a nomenclatura binominal (ou binomial) para a espécie, ou seja, o nome de uma espécie é formado sempre por duas palavras.
A primeira indica o gênero e a segunda, o termo ou epíteto específico (o epíteto, palavra que qualifica algo, costuma ser um adjetivo, como sapiens, que quer dizer sábio, ou um nome de pessoas latinizado).
Esse sistema apresenta regras que devem ser seguidas em todo o mundo a fim de facilitar a comunicação entre pesquisadores de diversos países.
As regras
- Todos os nomes científicos devem ser escritos em latim; se derivarem de outra língua, deverão ser latinizados.
- Os termos que indicam gênero até reino devem ter inicial maiúscula;
- O gênero é sublinhado ou escrito em itálico.
- O primeiro termo indica o gênero
- O segundo nome, o termo específico, escrito com inicial minúscula (se representar uma homenagem a alguém importante do país onde foi descrita a espécie, aceita-se o uso da inicial maiúscula).
- A nomenclatura de uma subespécie (populações da mesma espécie geograficamente isoladas, que podem, no futuro, formar novas espécies) é trinominal (trinomial).
Ex. Crotalus terrificus terrificus (cascavel brasileira), Crotatus terrificus durissus (cascavel da Venezuela, Colômbia e América Central).
- A designação do subgênero aparece entre o gênero e o termo específico, entre parênteses, com inicial maiúscula:
Aedes(Stegomya) aegypti (mosquito que transmite os agentes causadores da febre amarela e da dengue).
- Se o autor da descrição de uma espécie for mencionado, seu nome (por extenso ou abreviado) deve aparecer em seguida ao termo específico sem pontuação.
A data em que ele descreveu essa espécie vem após seu nome, precedida de uma virgula ou entre parênteses: Trypanosoma cruzi Chagas, 1909 (protozoário que provoca a doença de Chagas).
- Quando uma espécie é transferida de um gênero para outro ou muda-se o gênero, o nome do autor da primeira classificação é colocado entre parênteses.
Em 1758, Lineu classificou uma espécie de formiga como Formica sexdens; em 1804, o cientista dinamarquês Johan Christian Fabricius (1743-1808) transferiu-a para o gênero Atta.
Podemos, então, escrever: Atta sexdens (Linnaeus, 1758) Fabricius, 1804.
Lei da prioridade
Têm prioridade os nomes apresentados em primeiro lugar de 1758 (data da décima edição do livro de Lineu, na qual ele apresentou uma revisão de suas regras) para cá se os autores os publicarem em revistas científicas seguindo todas as regras.
É necessário também que na publicação conste uma descrição do animal.
Assim, se um pesquisador, por acidente, descrever um animal já classificado, prevalecerá o nome inicial.
Categorias Taxonômicas
As principais categorias taxonômicas ou táxons atuais, são em ordem decrescente:
REINO → FILO ou DIVISÃO → CLASSE → ORDEM → FAMÍLIA → GÊNERO → ESPÉCIE
Em alguns casos há variações dessas categorias utilizando os prefixos “super” e “sub” como superordens, subgêneros, entre outros.
Também a fim de facilitar a compreensão, algumas categorias devem utilizar terminações determinadas.
Por exemplo, o nome das famílias dos animais recebe o sufixo idae e o da subfamília, inae: Felidae, Felinae, etc.
Nas plantas, utiliza-se, em geral, a terminação aceae para a família (Rosaceae, família da roseira e da macieira) e ales para a ordem (Coniferales, ordem do pinheiro, da sequoia, etc.)
Taxonomia e sistemática
A sistemática tem o objetivo de estudar e compreender a diversidade da vida.
Esse estudo evidencia os parentescos evolutivos por meio de diagramas (filogenias), que relacionam a sequência de surgimento das espécies atuais e as relações com seus ancestrais já extintos.
Os diagramas, ou cladogramas ou árvores filogenéticas são representações gráficas, nas quais os táxons são posicionados em ordem filogenética.
Ou seja, ordenados de acordo com suas relações de parentesco.
Os diagramas são confeccionadas a partir de uma matriz contendo os dados disponíveis (morfológicos, químicos ou genéticos) sobre os táxons estudados.
Estes dados são comparados, e os táxons agrupados pelas semelhanças e diferenças entre si em clados.
Parte do trabalho original de classificação de Lineu pode ser visto aqui.
Adorei o site!
Tudo de bom para você<3
quero saber mais…
Olá Denis,
Em que posso lhe ajudar?
Me ajudou bastante. O que posso fazer para conseguir mais informações?
Olá Estefáno,
Em que posso lhe ajudar?
muito bom esse site me ajudou o bastante
OLÁ´,ESTOU RESPONDENDO UMA QUESTÃO DA ESCOLA… E GOSTARIA DE SABER SE TEM UM NOVO NÍVEL?
Olá Juliana,
Como assim?
O sistema de classificação não teve nada de novo, permanece com 7 níveis taxonômicos, organizados do mais inclusivo ao mais exclusivo (reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie). Pode haver um novo gênero, uma nova espécie, mas a maneira de classificar, até onde eu sei, não mudou.
Oi Teresa
Gostaria de sua ajuda para uma referência. Sou doutor em medicina (clínica médica) pela USP que, durante o curso de graduação, por ter licenciatura, , dei aulas de biologia no entao colegial. A taxonomia era outra. Apenas dois reinos, organismos. Muitos filos e classes foram realocados, etc. Você poderia indicar alguma publicação sobre essa nova ordenação dos seres vivos?
Desde já, grato
Olá Oduvaldo,
Claro, seguem alguns textos sobre o tema. (é só clicar em cima do título)
Panorama histórico da classificação dos seres vivos
Classificação dos Seres Vivos
Histórico da Classificação Biológica
Fundamentos de sistemática filogenética para professores de ciências e biologia
Classificações Biológicas
Regras Internacionais de Nomenclatura
Taxonomia: ciência fundamental para nomear / entender a biodiversidade
Modernizando a taxonomia
Fundamentos de Sistemática e Biogeografia