Você sabia que os insetos possuem diferentes formas de defesa conta predadores?

Cada espécie tem sua própria estratégia. Você conhece alguma?

Fugindo do inimigo natural

É o tipo de defesa mais comum, em que a presa pode correr, nadar, pular ou voar para escapar do predador.

Um exemplo bem comum é o salto de grilos, gafanhotos e esperanças quando são incomodados por nós ou perseguidos pelos predadores.

Outro exemplo são borboletas e mariposas, que voam de forma irregular para evitar o ataque de pássaros e morcegos.

Quando andamos na mata, é comum encontrarmos também lagartas penduradas em fios de seda chamados fios-guia.

Assim, quando atacada pelo predador, a lagarta se joga da planta, conseguindo retornar à mesma devido ao fio de seda que a prende.

Vivendo em abrigos

Você já deve ter visto em alguma planta um grupinho de folhas unidas, não é mesmo?

Provavelmente, ali estava vivendo alguma larva de inseto que constrói abrigos de folhas e seda.

Esse tipo de estratégia é muito comum em lagartas de mariposas.

Alguns insetos podem passar a vida toda no abrigo, e outros, somente alguns estágios do ciclo de vida.

A vida no abrigo pode causar conflito com outras atividades essenciais como, por exemplo, a procura de alimento e a reprodução, uma vez que os insetos normalmente precisam deixá-lo para esse tipo de atividade.

A vida no abrigo pode ser problemática, uma vez que o predador pode criar uma imagem de busca do tipo de abrigo que a presa usa.

Mas, como tudo na natureza, há um balanço entre os custos e os benefícios para cada estratégia de defesa.

Coloração de advertência

A coloração de advertência é um tipo de defesa presente não só em insetos, mas em vários outros grupos animais.

É o tipo de defesa na qual animais impalatáveis, ou seja,  organismos que não são comestíveis, possuem características morfológicas, cores ou outros sinais que são evitados pelos predadores.

Esse tipo de defesa é chamado também de aposematismo, e os organismos que possuem essas características são chamados aposemáticos.

Os organismos impalatáveis  não são comestíveis, pois quando consumidos, provocam reações desagradáveis para os seus inimigos naturais.

O consumo de uma presa impalatável pode causar, por exemplo, mal-estar para o predador.

Você já deve ter observado muitos insetos com as seguintes combinações de cores: vermelho e preto; amarelo e preto, branco e preto.

Eles não chamaram a sua atenção?

O mesmo acontece quando o predador observa um inseto com essas cores.

Assim, essas espécies aposemáticas estão na dependência de demonstrar as suas características para alertar o predador sobre a característica desagradável.

O predador aprende a evitar esse tipo de padrão que lhe faz mal.

A presa pode causar, por exemplo, vômitos e irritação nos olhos do predador.

Sendo assim, essa defesa não é 100% eficiente, porque o predador precisa experimentar e rejeitar a presa.

Contudo, uma vez que o predador aprendeu a evitar o consumo de presas com aquele determinado padrão, os indivíduos da espécie como um todo estão protegidos de futuros ataques.

Existem muitos exemplos de insetos aposemáticos.

As joaninhas, por exemplo, são rejeitadas por pássaros e mamíferos.

As borboletas do gênero Heliconius também provocam reações desagradáveis para os seus predadores.

A larva da borboleta Danaus, ao se alimentar, incorpora substâncias tóxicas de sua planta hospedeira que são mantidas no corpo do adulto, tornando-o venenoso.

Mimetismo

No mimetismo, um organismo comestível é semelhante a um que possui característica desagradável.

Ou seja, uma espécie que não tem nenhuma característica desagradável parece-se com uma espécie realmente impalatável.

A espécie que está imitando é chamada mimética e a outra, a imitada, é chamada modelo.

O mimético pode assemelhar se em forma, cor ou comportamento (ou, normalmente, todas essas características combinadas) ao modelo.

É interessante notar também que esse padrão não está restrito a somente em um grupo de insetos.

Podemos encontrar, por exemplo, besouros, abelhas e moscas com o mesmo padrão de listras amarelas e pretas.

As espécies envolvidas nessa interação são beneficiadas porque o predador pode consumir somente um indivíduo de uma das espécies miméticas para aprender a evitar todas as outras espécies com o mesmo padrão.

Camuflando-se no ambiente

Na camuflagem, o inseto se assemelha a características do ambiente onde vive.

Um inseto pode estar camuflado simplesmente tendo a mesma coloração do ambiente, mas existem muitos exemplos sofisticados.

Os insetos podem se assemelhar a praticamente todas as partes das plantas.

Talvez o exemplo mais comum seja o bicho-pau, que se parece com galhos de árvore.

Além da forma, eles se movimentam muito devagar e podem mesmo simular um galho balançando ao vento.

Existem também besouros e cigarrinhas que se parecem com espinhos e são difíceis de localizar.

Vários grupos de insetos podem assemelhar-se a folhas verdes e folhas secas.

Os insetos podem se camuflar também ao imitar fezes.

Muitas larvas podem ser similares a fezes de pássaros, ou mesmo se cobrir com as suas próprias fezes.

Desviando do ataque

Se você fosse um predador e pensasse que a cabeça de sua presa está do lado esquerdo, poderia perder o almoço.

Na verdade, a cabeça do animal está voltada para a direita.

Esse tipo de defesa é chamado de retro orientação ou desvio do ataque.

Como você pode observar na imagem ao lado, a parte relativa à cabeça do animal parece a parte final do corpo.

Assim, esta estratégia tem como objetivo que o predador seja levado a atacar o lado errado e o inseto possa fugir pela direção oposta.

Logo, essas faixas, manchas ou expansões de alguma parte do corpo podem confundir um predador, agindo como verdadeiros alvos para o ataque de partes não essenciais para a sobrevivência do inseto.

Essa defesa pode ser tão elaborada que um grupo de borboletas possui projeções na parte posterior da asa que imitam e se movimentam como antenas.

O comportamento da borboleta e as manchas nas asas também indicam claramente que a cabeça está voltada para o lado oposto ao real.

Defendendo-se mecanicamente

(a) Larva de Haplopodus submarginalis cobre o corpo com fezes; (b) Larva
do besouro Fulcidax monstrosa, com o seu casulo de fezes.

Escudos, pelos  e espinhos podem ser utilizados para repelir predadores e/ou dificultar a captura.

Essas estruturas podem ser confeccionadas com partes da planta hospedeira, fezes e outros materiais.

Larvas do besouro Fulcidax monstrosa, por exemplo, constroem casulos com as próprias fezes, que as protegem contra o ataque de predadores e possivelmente contra parasitoides e dessecação.

Agrupando-se

Neste caso, literalmente a união faz a força.

Já que a vida em grupo pode defender os insetos de duas maneiras: na primeira, um grupo de insetos de uma mesma espécie pode ficar camuflado para o predador; na segunda, eles podem se defender por meio de mordidas, ferroadas e movimentos que repelem o predador.

Os insetos podem também se defender por meio de associações com insetos de outras espécies.

Como por exemplo, os afídeos, que ganham proteção ao viver junto com as formigas.

Existem também muitos exemplos de associações entre formigas e outros insetos.

Intimidando o inimigo: comportamento deimático

Neste tipo de defesa, as presas adotam uma postura característica para intimidar o predador que pode envolver padrão de cores, barulhos, secreções e comportamento.

A sobrevivência do inseto aumenta porque o momento de indecisão do predador pode ser suficiente para a fuga da presa.

É muito comum observar insetos que na posição de repouso são camuflados, mas quando incomodados exibem cores fortes ou manchas em forma de olhos que assustam o predador.

Outro exemplo é quando o inseto tenta dar a impressão de parecer um animal maior, como ocorre nos bichos-pau e louva-a-deus ao encontrar o predador.

Um exemplo fantástico de comportamento deimático são as lagartas que imitam cobra.

Fingindo de morto: Tanatose

Neste tipo de defesa a presa finge-se de morta, inibindo o ataque do predador.

Fingindo-se de morta, a presa pode escapar porque muitos predadores só atacam presas em movimento.

A tanatose é muito comum em besouros, que se jogam da planta hospedeira, ficando com a parte ventral para cima e as pernas encolhidas.

É interessante você segurar um besouro que apresente essa defesa e esperar que ele retorne a andar, sendo que minutos (ou segundos) antes ele realmente aparentava estar morto!

Revidando o ataque: retaliação

Neste tipo de defesa, as presas, após o ataque do predador, podem contra-atacá-lo com arranhões, mordidas, ferroadas e substâncias químicas.

A tesourinha (ordem Dermaptera) apresenta projeções do abdômen que são utilizadas para “pinçar” o predador.

O besouro bombardeiro, por exemplo, apresenta esse nome popular pois libera um jato com uma mistura de uma substância irritante (chamada quinona) e vapor, que queima o inimigo.

O jato pode ser desviado exatamente para a direção do ataque.

Os insetos, quando manipulados, podem também regurgitar substâncias tóxicas pelas articulações ou mesmo a própria hemolinfa.

O tipo de retaliação na qual o inseto libera a hemolinfa é chamado sangramento reflexo.

 

Macêdo, Margarete Valverde de, et al. Insetos na educação básica. v. único . Rio de Janeiro: Fundação CECIERJ, 2009.