Separamos 10 modelos didáticos para estimular a curiosidade científica e democratizar o acesso ao conhecimento, transformando materiais simples — como zíperes, barbantes, massinhas e clipes — em recursos pedagógicos inovadores.

Cada proposta alia criatividade e rigor científico, permitindo que os alunos não apenas ouçam sobre os fenômenos biológicos, mas os vejam, manuseiem e questionem.

Organizados em cinco temas essenciais (Genética, Fisiologia Animal, Fisiologia Vegetal, Biologia Celular e Bioquímica), esses modelos abordam desde a estrutura do DNA até o Ciclo de Calvin, passando por divisão celular e transporte de seiva.

A ideia é contextualizar a teoria, mostrando como ela se manifesta na natureza e em tecnologias do cotidiano — como a relação entre o código genético e a síntese de proteínas ou a importância da coagulação sanguínea em ferimentos.

Além de facilitar a compreensão, essas atividades promovem habilidades transversais: trabalho em equipe, pensamento crítico e resolução de problemas.

São estratégias flexíveis, adaptáveis a diferentes realidades escolares, e alinhadas a metodologias ativas como a ABP (Aprendizagem Baseada em Projetos) e a STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática).

Vamos às atividades? 🔍

Tema 1 – Genética

Modelo: Código de Cores

Neste modelo didático serão utilizadas sequências de cores para a visualização e aplicação do código genético, visando à alfabetização científica no contexto da Genética.

O DNA é composto por quatro tipos de bases nitrogenadas, sendo elas Adenina, Timina, Citosina e Guanina.

Esta molécula está presente em todas as formas de seres vivos conhecidas no planeta e sua maneira de ser lida e traduzida em proteínas segue o mesmo padrão.

Entretanto, o que gera tanta diversidade de seres e características é, fundamentalmente, a ordem em que se encontram essas bases.

Sendo assim, para um estudante apropriar-se deste funcionamento, é imprescindível a compreensão do Código Genético.

Assim, pode-se usar cartões coloridos (4 cores, cada uma representando uma base nitrogenada: A, T, C, G) e uma tabela de códons (impressa ou projetada).

Cada cor deve ser associada a uma base nitrogenada (exemplo: vermelho = Adenina, azul = Timina, verde = Citosina, amarelo = Guanina).

Os alunos criam “genes” com sequências de cores (exemplo: vermelho-verde-amarelo = A-C-G).

Utilize a tabela de códons para traduzir as sequências em “proteínas” (exemplo: ACG = Treonina).

Discuta como variações nas sequências alteram as proteínas, relacionando com mutações e diversidade biológica.

Como a ordem das bases influencia a vida? O que acontece se uma cor/base for trocada?

Modelo: Zíper para duplicação do DNA

Neste modelo didático, propõe-se a concretização visual da duplicação do DNA, um tema que se torna muito abstrato e, portanto, é importante a utilização de recursos gráficos para a explicação do tema.

Serão utilizadas duas cores diferentes de zíper (exemplo, preto e branco).

Cada zíper fechado representa a dupla hélice intacta.

A Helicase será representada pelo fecho do zíper que, de acordo com o movimento, vai separando as duas fitas do zíper, como ocorre no DNA.

Com uma das pontas abertas, será colocado o zíper de outra cor para demonstrar a duplicação acontecendo; assim, o fecho do outro zíper representará a enzima DNA polimerase, que tem como função a alocação dos nucleotídeos na nova fita que está sendo formada.

Compare as fitas originais e novas para enfatizar o caráter semiconservativo.

Tema 2 – Fisiologia Animal

Modelo: Sinapse de barbante

Para este modelo, serão utilizados dois barbantes de cores distintas, bolinhas de papel, isopor ou qualquer outro material acessível, para representar a polaridade e a despolarização de membrana, fundamental na ocorrência da sinapse, bem como a liberação dos neurotransmissores.

Utilizando-se dois barbantes de cores distintas, colocam-se ambos paralelamente um ao outro de modo que um fique embaixo e outro por cima; neste momento, é possível representar um lado de dentro e um lado de fora, fazendo a relação com a membrana de um neurônio.

Assim sendo, haverá uma cor que representará a polaridade interna da membrana e outra que representará a polaridade externa da membrana em seu estado de repouso.

Será feita uma pressão em uma das extremidades dos barbantes para representar um estímulo nervoso; quando isso acontecer, as cordas deverão ser torcidas de modo que invertam de lado: a de dentro vá para fora e de fora vá para dentro.

Dessa forma, será representada a Despolarização de Membrana.

Quando houver esta despolarização, na outra extremidade da membrana será liberada uma bolinha, que representará o neurotransmissor; quando este está sendo liberado, a polaridade original da membrana volta a ser representada, concluindo a polarização, despolarização e repolarização da membrana no momento da sinapse.

Modelo: Coagulação com gaze

Neste modelo, será exemplificada a coagulação sanguínea utilizando-se gaze para representar as fibrinas de coagulação.

Utilizando-se de um sistema de dois compartimentos, como duas garrafas PET ou até mesmo dois potes de sorvete, faça uma comunicação entre os dois recipientes de modo que um líquido (como água tingida) possa escoar de um para o outro.

Assim sendo, serão depositados nesse líquido materiais sólidos para representar os elementos figurados do plasma sanguíneo, como cascas de lápis ou serragens.

Será demonstrado o escoamento de um recipiente ao outro, inicialmente sem nenhuma intervenção, para representar uma hemorragia.

Em seguida, será colocada uma gaze na comunicação entre os recipientes, com o intuito de representar as fibrinas de coagulação, que juntamente com as plaquetas, conterão a hemorragia.

Assim, a gaze retém a serragem ou casca de lápis, simulando a coagulação.

Um reflexão interessante de fazer com os alunos, por que pessoas com hemofilia têm dificuldade nesse processo?

Tema 3 – Fisiologia Vegetal

Modelo: Transporte de seiva de canudinho

O Transporte de substâncias será representado por meio de canudinhos, os quais possibilitarão a visualização dos fenômenos de adesão-coesão e capilaridade da água.

Com a utilização de canudos transparentes e líquidos (que podem ser coloridos para melhor visualização), será demonstrado o fenômeno de capilaridade de adesão-coesão da água, fenômeno este que possibilita o transporte ascendente, principalmente, de água nos vegetais vasculares.

O canudo será colocado verticalmente em um recipiente contendo água e a sua extremidade oposta será tampada; neste momento, é possível observar a coluna d’água aderida à parede do vaso, processo similar ao que ocorre nos vasos de xilema (vasos lenhosos).

Uma atividade complementar é comparar canudos de diâmetros diferentes para discutir a eficiência do transporte.

Modelo: Abertura de Estômatos de Bexiga

A abertura de estômatos é fundamental para os processos fisiológicos das plantas, principalmente para a fotossíntese.

Para a criação do modelo que represente este processo, será necessária a utilização de bexigas, seringas e água.

As bexigas lado a lado representarão as células-guarda, presentes na borda dos estômatos e que, de acordo com a regulação osmótica, tornam-se túrgidas ou flácidas.

Para representar a turgescência das células-guarda, será regulada a quantidade de água no interior das bexigas com as seringas de forma que, quando o êmbolo da seringa for pressionado, aumenta-se a quantidade de água no interior das bexigas que, ficando túrgidas, apresentação o ostíolo (abertura dos estômatos).

Tema 4 – Biologia Celular

Modelo: Membrana Plasmática de massa de modelar

A representação da membrana plasmática é algo de suma importância para o ensino e aprendizagem de vários conceitos da Biologia Celular.

Entender a sua estrutura e a sua organização permite ao estudante compreender diversos processos que a envolvem, como a fagocitose e a despolarização, por exemplo.

Dessa forma, utilizando-se de massas de modelar (“massinhas”) de cores diferentes, serão representadas as diferentes estruturas de um fosfolipídio, diferenciando-se a estrutura hidrofílica da hidrofóbica.

Assim, os alunos devem modelar fosfolipídios com cabeça (cor clara) e cauda (cor escura), e organizar uma bicamada, com caudas voltadas para dentro.

Canudinhos podem representar as  proteínas transportadoras.

Neste modelo didático é possível ainda simular difusão (bolinhas passando pelas proteínas) e osmose (água atravessando a bicamada).

Modelo: Mitose e Meiose de crochê

Neste modelo, será necessária a confecção de um par de cromossomos de crochê.

Será feito um cromossomo simples, algo cilíndrico e alongado, com uma conexão ao centro com um velcro para fixação da cromátide irmã, idêntica.

Dessa forma, será formado um cromossomo duplicado, unido pelo centrômero de velcro.

Será possível representar o cromossomo simples e duplicado já nesta etapa.

É possível, também, desfiar um trecho do crochê para demonstrar a compactação do DNA nos cromossomos, citando as histonas, por exemplo.

Com o cromossomo duplicado, é possível, agora, demonstrar os processos de divisão celular, separando-se as cromátides ou os cromossomos homólogos, na mitose e meiose, respectivamente.

Use fita crepe para representar o fuso mitótico.

Tema 5 – Bioquímica

Modelo: Estrutura de Proteínas de clipes de papel

A criação de um modelo que possibilite a visualização destas estruturas é fundamental para a compreensão deste tema, uma vez que se trata te um tema abstrato e de difícil visualização por parte dos estudantes.

É sugerido, então, que com a utilização de clipes de papel de cores diferentes, façam-se estas representações.

A cadeia primária de aminoácidos é formada por uma corrente simples de clipes ligados de maneira sortida.

A estrutura secundária será representada com uma torção desta corrente de clipes, bem como a ligação de clipes nas laterais para representar os hidrogênios.

A estrutura terciária seguirá a mesma lógica, torcendo-se e ajustando os clipes de modo que sua estrutura represente a sua tridimensionalidade e, associando-se com outras ligações de clipes, será formada a proteína.

Modelo: Ciclo de Calvin de bolinhas

Para representar este processo, é necessária a utilização de itens coloridos, podendo ser tampinhas de garrafa, bolinhas coloridas, tampas de canetas, entre outros.

Com cores iguais, será representada uma molécula com cinco carbonos, a Ribulose; será associado a ela uma nova cor, representado o Gás Carbônico atmosférico, formando-se uma molécula com seis carbonos.

Por exemplo, bolinhas coloridas (verde = RuBP, vermelhas = CO₂, azuis = ATP).

Então combine 5 bolinhas verdes (RuBP) com 1 vermelha (CO₂), formando uma molécula instável.

Com o gasto de energia ATP e NADPH, esta molécula será rearranjada de modo que seja possível a captação deste carbono a mais que foi introduzido.

Assim, use bolinhas azuis (ATP) para “quebrar” e reorganizar as moléculas, capturando carbono.

O carbono ficará guardado no canto do ciclo, que deverá ocorrer mais cinco vezes para que seja possível a captação de carbonos em quantidade suficiente para se formar uma molécula de glicose.

Ou seja, repita o ciclo 5 vezes para formar uma “glicose” (6 carbonos).

Por que plantas precisam de luz mesmo no Ciclo de Calvin?

TRINDADE, C. H.; SANTOS, F. S. Proposta de modelos didáticos para o ensino de biologia. XII Jornada de Produção científica e tecnológica e XV Ciclo de palestras tecnológicas. Instituo Federal: São Paulo, Campus São roque.