Grandes, pequenas, de cores sólidas e que voam ao redor da luz, as populares ‘bruxas’ são o pavor de muita gente, mas são insetos incríveis.

As mariposas pertencem à ordem Lepidoptera (lepidos = escamas, pteron= asas), assim como as borboletas.

Apesar de mariposas e borboletas serem tratadas como grupos distintos, a separação entre elas não é sempre clara e objetiva.

Usualmente, borboletas voam durante o dia, possuem asas muito coloridas e antenas com uma dilatação na ponta.

Enquanto mariposas são noturnas, em geral com asas em cores mais escuras e antenas finas ou em forma de pluma, sem dilatação na ponta.

Mas há muitas exceções.

Muitas espécies de mariposas voam de dia e são bastante coloridas.

Da mesma forma que existem borboletas que voam no crepúsculo até o início da noite, tem cores escuras e sombrias.

Essa dificuldade deve-se ao fato de que borboletas e mariposas não são o que os cientistas atualmente chamam de “grupos naturais”.

Isso significa que, ambos têm a mesma origem evolutiva.

De modo que as borboletas podem ser consideradas apenas como um pequeno grupo dentro das mariposas.

1) Então como diferenciar mariposas de borboletas?

Na dúvida, verifique as antenas.

Borboletas possuem na extremidade de suas antenas uma “bolinha” que se assemelha à ponta de um taco de golfe.

Enquanto que as mariposas possuem antenas lisas, ou filamentosas, que lembram penas ou plumas.

Além disso, em repouso, as asas se dispõem diferentemente nas borboletas e nas mariposas.

Nas mariposas ficam caídas obliquamente, em telhado, sobre o corpo, ou horizontalmente, as anteriores cobrindo total ou parcialmente as posteriores.

Nas borboletas mantem-se verticalmente elevadas sobre o corpo.

Nos Hesperídeos, porém, que formam um grupo de transição entre as borboletas e as mariposas, as asas dianteiras ficam elevadas como nas borboletas e as posteriores deitadas sobre o corpo.

2) Por que são chamadas de bruxas?

Há diversas lendas relacionadas as mariposas.

Uma delas é a de que as as bruxas se  se transformam em mariposas.

O “transformismo” dos seres vivos, incluindo seres reais e imaginários em seu ciclo das transformações são bastante comuns em lendas originárias na época da inquisição.

Nas transformações das bruxas estas se reuniam para os Sabás do diabo em forma de gatos, mariposas e outros animais, variando de acordo com a região.

Ainda sobre o transformismo, também há a lenda de que mariposas viram beija-flor.

Essa confusão das mariposas da família Sphingidae com pequenos beija-flores é por conta de voarem ao crepúsculo, frequentemente pairando em voo estacionário enquanto extraem o néctar das flores.

mariposas

Olhando a foto fica fácil entender o por que da confusão. Sim, é uma mariposa!

Outra lenda envolvendo a mariposa é o sinal de má sorte.

A bruxa Ascalapha odorata é temida em toda a América, pois sua presença é associada à morte desde antes do aparecimento de Colombo.

No Brasil, é conhecida simplesmente por ‘bruxa’. Talvez a mais comum.

Nos EUA, é a ‘black witch’ (bruxa preta), no México é a ‘mariposa de la muerte’ (mariposa da morte) e o ‘duppy bat’ (morcego fantasma) na Jamaica.

Mas tudo não passa de lendas!

3) São venenosas?

Sim e não.  Por que?

Porque não é comum relatos de acidentes com mariposas adultas.

O que é bastante comum, são acidentes com as suas lagartas.

Certamente você já encontrou por ai taturanas de diversas aparências.

A maioria delas depois da metamorfose se transformam em mariposa.

E como você já sabe, taturanas ‘queimam’.

As cerdas que existem nas lagartas funcionam como um mecanismo biológico de defesa contra predadores naturais.

Com os seres humanos os contatos são acidentais.

O formato dos pelos ou cerdas permite o reconhecimento das duas principais famílias de mariposas envolvidas com acidentes:

  •  família Megalopigidae

Apresenta cerdas finas e abundantes em todo o corpo.

  • família Saturnidae

Apresenta menos cerdas, que têm o formato de pequenos pinheiros.

As propriedades urticantes ocorrem pela presença de pelos ocos em cujo interior se encontra líquido urticante secretado por células situadas na base do mesmo, denominadas células tricógenas.

Quando a cerda penetra a pele e se quebra, o líquido exerce sua ação irritante.

Em algumas mariposas das famílias Aegeriidae e Pterophoridae as duas asas prendem-se mediante pequenos espinhos recurvados, presos ás margens interna da asa anterior e costal da asa posterior.

Acidentes com o indivíduo adultos são raros e causam urtica ou dermatite.

4) Mariposas têm fome de que?

Os hábitos alimentares das mariposas são variados.

A maioria delas alimenta-se de néctar.

Outras utilizam pólen, sangue, lágrimas, excrementos de animais, seiva, polpa ou qualquer tipo de substrato que contenha substâncias requeridas para a manutenção de suas necessidades fisiológicas.

A obtenção do alimento é feita por meio de uma estrutura tubular retrátil, denominada espirotromba.

A espirotromba assemelha-se a uma “língua-de-sogra”, brinquedo comum em festas infantis.

Assim, quando o inseto não está se alimentando, ela se enrola, formando um espiral.

Já quando ela se estende, permite que o inseto sugue o alimento.

Existem, ainda, espécies que não se alimentam, sabia?

A Mariposa Atlas (Attacus atlas) não tem boca para se alimentar.

Na fase de lagarta come muitas folhas de árvore e arbustos, reservando assim um estoque para crescer e sobreviver como mariposa.

Ela é também uma das maiores mariposas.

Medindo 30 centímetros de envergadura (de uma ponta a outra da asa).

5) Os predadores de mariposas

As mariposas, que possuem hábitos noturnos, são usualmente predadas por morcegos.

Estes voam emitindo sons, utilizados para desviar de obstáculos e localizar suas presas.

Quando o som “bate” no objeto e volta, o morcego consegue formar uma “imagem” e saber a que distância o objeto/presa se encontra (ecolocalização).

Dessa forma, mariposas que possuem o órgão timpânico, conseguem escutar o som emitido pelo morcego e assim, realizar manobras evasivas.

6) Por que voam ao redor da luz?

Acredita-se que as mariposas voam em direção à luz artificial porque o brilho confunde seu sistema interno de navegação.

Por causa de um comportamento chamado orientação transversal, alguns insetos voam em um ângulo constante relacionado a uma fonte de luz distante, como a lua, por exemplo.

Mas com a luz criada pelo homem, o ângulo muda quando elas passam pelo objeto e as confunde.

Os insetos noturnos se orientam pela luz do luar.

Por exemplo, quando vão caçar, sabem que têm de voar em uma certa direção com relação à lua para retornar ao seu habitat.

Como a lua está muito longe, a distância que o inseto percorre é suficientemente pequena para que seu ângulo em relação a ela não mude.

Entretanto, uma fonte luminosa na terra, mais intensa que a luz da lua, acaba por confundi-los.

Isso acontece porque, aproximando-se ou afastando-se dessa fonte luminosa, o ângulo irá variar bastante.

Um livro bacana sobre os lepidópteros é esse.