Esses dias muito se falou da moça que teve o pé manchado por um piolho de cobra.

E certamente você viu em vários lugares essa foto:

E também viu que alguns lugares falou piolho de cobra, outros lacraia e outros chamou de centopeia o causador dessa situação.

Mas você sabe o que afinal de contas de fato aconteceu?

Para compreender o que aconteceu vamos primeiro conhecer o bicho causador deste problema.

O que é um piolho de cobra?

O responsável por causar essa aparência de necrose é um diplópode, conhecido vulgarmente como gongolos, piolhos de cobra, embuás ou ambuás.

Em algumas regiões são também chamados de centopeias.

São artrópodes cilíndricos da classe Diplopoda.

São descritas mais de 7500 espécies que podem ser encontradas em diversas regiões.

E se distingue dos demais artrópodes dessa classe pela presença de segmentos duplos no tórax, com dois pares de pernas em cada um.

Seu corpo tem formato cilíndrico, com consistência endurecida e possuem coloração que varia do alaranjado ao negro, passando pelo marrom.

Os piolhos de cobra podem ser encontrados em ambientes escuros e úmidos.

Como por exemplo cascas de árvores, sob folhagens ou entulhos.

Isso porque formam um segmento importante da macrofauna saprófaga.

Ou seja, contribuem para a decomposição da matéria orgânica do solo numa atividade combinada à das minhocas.

E não, piolhos de cobra não são perigosos!

Então por que provocam uma reação aparentemente tão feia?

Simples, por defesa!

Para compensar a falta de velocidade na fuga de predadores, muitos mecanismos protetores evoluíram nos diplópodos.

Uma das formas de proteção é enrolar o tronco em espiral quando em repouso ou perturbados.

E a segunda forma de defesa são glândulas repugnatórias.

Cada glândula consiste de um grande saco secretor, que se esvazia em um ducto para o exterior através de um poro externo.

O principal componente da secreção pode ser um aldeído, quinona, fenol ou cianeto de hidrogênio.

A secreção é tóxica ou repelente a pequenos animais, e em algumas espécies tropicais grandes é cáustica à pele humana.

O fluido é geralmente expelido lentamente, mas algumas espécies podem liberá-lo como um jato de 10 a 30 cm de distância.

Não possuem, porém, aparelho inoculador especializado.

E, portanto, não é um animal venenoso.

O que acontece é que a secreção em contato com a pele humana causa essa pigmentação hipercrômica.

Ou seja, que pode ser confundida com uma necrose ou acidente com outros artrópodes.

Mas apesar da imagem impressionante, não é acompanhado de dor local ou sintomas sistêmico.

Tanto que pode até por vezes passar despercebido.

Ocorre mesmo apenas a  alteração de coloração da região onde teve contato com a secreção.

Por isso, o tratamento consiste apenas em limpeza local e sintomáticos, quando necessários.

A pigmentação costuma desaparecer espontaneamente após alguns dias, mas pode persistir ainda por meses.

Curiosidades

Você sabia que os piolhos de cobra tem a capacidade de bioluminescência?

Isso mesmo, sua habilidade de emitir luz própria, pelo incrível processo de evolução ao longo dos séculos, apresenta uma coloração azulada.

A secreção expelida pelo piolho de cobra quando contém cianeto, além de causar pigmentação na pele também brilha no escuro!

No calar da noite, os piolhos de cobra, podem ser vistos como pontinhos brilhantes, espalhados pelo solo de jardins e florestas.

Então se vir estes pontinhos de luz andando ou enroladinhos, não se preocupe, é só um piolho de cobra se protegendo e iluminando seu caminho.