As serpentes, popularmente chamadas de cobras, são vertebrados do grupo dos répteis.

Temidas por muitos, as cobras são animais fascinantes.

Você sabe como as cobras se reproduzem?

A reprodução das cobras envolve fenômenos biológicos muito interessantes.

Que vão desde peculiaridades no comportamento, como por exemplo os combates ritualizados entre machos, até adaptações ecológicas.

Como por exemplo os ciclos sexuais com periodicidades adaptadas a cada clima.

As serpentes podem botar ovos (as chamadas espécies ovíparas) ou parir filhotes prontos, como os mamíferos (espécies vivíparas).

Em quase todas as famílias de serpentes existe um predomínio de uma ou outra modalidade.

Mas as espécies ovíparas são maioria.

São exemplos de cobras que botam ovos as cobras corais (gêneros Micrurus e Leptomicrurus) e, um caso excepcional entre os Viperídeos, a ‘surucucu’ (Lachesismuta).

Já os demais Viperídeos, dos gêneros Bothrops, Bothriopsis, Bothrocophias e Crotalus, são todos vivíparos.

Ou seja, jararacas, jararaquinhas e cascavéis tem filhotes.

As espécies ovíparas fazem a postura em troncos ocos em decomposição, em tocas no chão, sob pedras ou em formigueiros de formigas cultivadoras.

Ou seja, todos ambientes com alto teor de umidade e mínima variação de temperatura.

Isso porque esses dois requisitos são fundamentais para o sucesso reprodutivo destas espécies.

Já que os ovos têm a casca apergaminhada (não calcificada), desidratam e contaminam com facilidade.

Demoram entre 40 e 70 dias para eclodir.

Já as serpentes vivíparas apresentam um período de gestação variável entre as diversas espécies.

Mas em geral duram em torno de 4 a 5 meses.

Os filhotes das serpentes, seja qual for a forma de nascimento, são dotados de autonomia para sobreviver.

O que significa que, nas espécies peçonhentas, já nascem com seus aparelhos secretor e inoculador de veneno funcionais.

E não há cuidado parental, ovos por exemplos não são chocados, ficam sozinhos no ninho.

A fecundação das serpentes é interna.

E o macho possui dois órgãos copulatórios, chamados hemipênis, que ficam alojados no interior da cauda, em sua porção inicial.

Os hemipênis de diferentes espécies apresentam diferentes formas, ornamentações e cores, como o da Caninana Drymarchon corais (A), o da Cobra-coral Micrurus surinamensis (B), e o da Cobra-cipó Philodryas argentea (C).
Fonte: FRAGA, R. et al. Guia de cobras da região de Manaus – Amazônia Central. Manaus: Editora Inpa, 2013.

Um fato curioso sobre a reprodução das cobras é que o esperma pode ficar armazenado por anos no corpo da fêmea, até “ser usado” para fertilizar um óvulo.

Além disso, o hemipênis geralmente apresenta espinhos que “seguram” a fêmea após o início da cópula.

O hemipênis é também uma importante ferramenta de identificação de serpentes pelos cientistas, pois sua morfologia varia em cada espécie.

A época do acasalamento é variável entre as espécies, e algumas podem acasalar mais de uma vez por ano.

Na região tropical, o nascimento de filhotes ocorre geralmente na estação chuvosa.

As cobras geralmente são animais solitários, na maior parte do tempo.

Assim, para que ocorra o acasalamento os machos devem localizar as fêmeas que frequentemente estão dispersas pelo ambiente.

E para isso os machos utilizam trilhas de feromônios deixadas pelas fêmeas permitem o macho localizar a fêmea.

A corte nas serpentes apresenta características bastante conservativas entre os diferentes grupos, mas é composta basicamente de três fases: perseguição táctil, alinhamento e cópula.

Posturas características durante o combate ritual: A. Drymarchon corais; B. Micrurus frontalis; C. Bungarus fasciatus; D. Ophiophagus hannah; E. Crotalus durissus; F. Chironius bicarinatus.
Fonte: Pizzatto, L.; Santos, S.; Marques, O. Biologia reprodutiva de serpentes brasileiras. Herpetologia no Brasil II (2007).