Uma outra área de atuação possíveis para biólogos na agricultura é no controle biológico.

O controle biológico é utilizado para redução da população de plantas ou animais considerados nocivos, por meio de seus inimigos naturais.

Ou seja, é utilizado de maneira planejada o predador natural contra a praga que se pretende controlar.

Os inimigos naturais podem ser microrganismos, invertebrados ou mesmo animais superiores.

O controle biológico é um método que visa o restabelecimento do equilíbrio natural, não ocasionando problemas de poluição ambiental.

Mas como funciona o controle biológico?

Num ecossistema, o tamanho de uma população é determinado por uma série de fatores intrínsecos e extrínsecos a essa população.

Dos fatores intrínsecos, ou seja, inerentes à espécie, podemos destacar o potencial biótico, taxa de reprodução, longevidade, habilidade de migrar, capacidade de adaptação a novos habitats, mecanismos de defesa, habilidade de tolerar condições adversas, etc.

Os fatores extrínsecos são conhecidos como fatores ecológicos, que podem ser de natureza física (temperatura, umidade relativa do ar, radiação solar, etc.).

E os de natureza biológica (competidores, parasitas, predadores, etc.).

Isto caracteriza o que se chama de controle natural das populações.

Que nada mais é do que a regulação do número de indivíduos de uma população pela ação coletiva dos fatores ecológicos de natureza física e biológica.

Dessa forma, esses fatores servem para assegurar contra a capacidade inerente de aumento em número de uma população, impedindo-a que se torne numericamente tão alta.

Ou relaxando suas influências supressivas, quando a população se torna numericamente tão baixa.

E, assim, mantendo a população num nível médio de abundância característico.

Que é chamado de nível ou posição de equilíbrio, e diz-se que a população está em equilíbrio natural.

O controle biológico utiliza os fatores bióticos.

Ou seja, as interações entre os seres vivos de natureza desarmônica (herbivoria, predação, parasitismo, competição, etc.).

O controle biológico é esse mecanismo da densidade recíproca que atua nessas relações e que uma população é regulada por outra população.

Assim, o controle biológico almeja reduzir o nível populacional de uma espécie classificada como praga.

Mantendo-a abaixo do nível em que é capaz de causar prejuízo econômico.

Portanto, pode-se definir o controle biológico como a regulação natural dos números dos indivíduos de uma população de uma espécie-praga por meio da ação de uma outra população cujos indivíduos apresentam hábitos de predação, parasitismo, antagonismo ou patogenia.

Agentes de controle biológico

Nos agroecossistemas, as cadeias alimentares são normalmente caracterizadas por três níveis tróficos:

As plantas cultivadas que ocupam o primeiro nível trófico (isto é, a base da cadeia).

E servem de alimento para os herbívoros, os quais ocupam o segundo nível trófico.

Os herbívoros por sua vez servem de alimento para os organismos carnívoros, os ocupantes do terceiro nível trófico.

Os quais atuam como agentes reguladores das populações dos herbívoros e são genericamente conhecidos como inimigos naturais.

Portanto, toda praga possui inimigos naturais, que dela se alimentam.

Os inimigos naturais de insetos que são considerados pragas na agricultura podem ser agrupados em três categorias principais: os predadores, os parasitoides e os patógenos.

Os dois primeiros são denominados agentes entomófagos.

Podem ser vertebrados (por exemplo, sapo, pássaro, morcego, peixe, etc.) ou invertebrados (insetos, ácaros, aranhas, etc.).

Apenas os insetos estão na categoria parasitoides.

Os patógenos compreende aos entomopatógenos (fungos, vírus, bactérias, nematoides e outros microrganismos) capazes de causar doença em insetos.

Em todas as relações predador-presa, o número de presas consumidas pelos predadores é um produto de dois fatores.

O número de predadores presentes (resposta numérica) e o número de presas mortas pelos predadores (resposta funcional).

O grau ao qual os predadores respondem numérica ou funcionalmente à abundância de presas influencia muito suas funções de reguladores das populações das pragas na comunidade.

A resposta numérica é uma mudança na densidade do predador provocada pela mudança na abundância da presa.

Organismos utilizados no controle biológico

São exemplos de organismos no controle biológico:

  • Fungo Metarhizium anisopliae  no combate á cigarrinha da folha da cana-de-açúcar.

    O fungo é pulverizado e, em contato com o corpo do inseto, causa doença.

  • Vírus Baculovirus anticarsia para o combate da lagarta da soja.

    Pulverizado sobre a planta o vírus adoece a lagarta que se alimenta das folhas.

  • Vírus Baculovirus spodoptera para controle da lagarta do cartucho do milho.

    Pulverizado sobre a planta, o vírus adoece a lagarta que se alimenta de espiga em formação.

  • Vespa Trichogramma spp. para controle biológico da lagarta-do-cartucho.
  • Vespa Cotesia flavipes para o controle da broca-da-cana.

    As vespas são soltas na plantação e parasitam a lagarta impedindo que completem seu ciclo e continuem comendo.

Vantagens e desvantagens do controle biológico

Uma das principais vantagens do uso do controle biológico na agricultura é um menor impacto sobre o meio ambiente.

Isso porque diminui o uso de defensivos agrícolas como inseticidas.

Outra vantagem é a multiplicação, dispersão e produção.

Os patógenos possuem a capacidade de multiplicação e dispersão no ambiente.

Ou seja, os patógenos podem permanecer na área, no solo ou até mesmo em cadáveres.

Ou como acontece com os vírus, passar de geração para geração através dos ovos.

Além disso causam efeitos secundários.

Isto significa que, além da mortalidade direta, os patógenos podem afetar as gerações seguintes.

Diminuindo assim a oviposição e a viabilidade dos ovos assim como aumentando a sensibilidade das próximas gerações,

Outra vantagem é um controle mais duradouro.

Após o estabelecimento do patógeno, a doença pode assumir caráter enzoótico.

Com isso, os insetos dificilmente atingem danos econômicos.

A desvantagem do controle biológico é que ele requer planejamento e gerenciamento intensivos.

Isso porque demanda tempo, controle, paciência, educação e treinamento.

É necessário um estudo minucioso antes que esses microrganismos sejam liberados.

Pois podem trazer problemas como por exemplo, a possibilidade de um distúrbio do balanço de ecossistema pela liberação intencional de um organismo.

Além disso, o valor desse tipo de controle é mais caro do que os controles químicos.