Os dispositivos intra-uterinos (DIU) são artefatos de polietileno colocados dentro do útero.
Eles são divididos em medicados, quando se agrega progesterona ou levonorgestrel (LNG), ou em DIU não medicados.
São popularmente o DIU de cobre e o DIU Mirena (que também é conhecido como DIU hormonal ou SIU).
Existem ainda outras variedades chamadas de frame less (não disponível no Brasil).
E que são implantados no interior da musculatura uterina.
É o método contraceptivo reversível mais frequente no mundo.
Com taxas de falhas extremamente baixas.
De menos de 1 por 100 mulheres no primeiro ano de uso, com a vantagem de poder ser usado por tempo prolongado.
Mecanismo de ação do DIU
O mecanismo de ação desses dispositivos, na mulher, ainda não está completamente esclarecido.
Todos provocam uma reação inflamatória no endométrio.
Com alterações histológicas e bioquímicas importantes (aumento de citocinas citotóxicas).
Essas alterações interferem na fisiologia normal da espermo migração, fertilização do óvulo e implantação do blastocisto.
Os íons de cobre interferem na vitalidade e na motilidade espermática, prejudicando-as, e também diminui a sobrevida do óvulo no trato genital.
O cobre é responsável por um aumento da produção de prostaglandinas e inibição de enzimas endometriais.
Estas mudanças afetam o transporte de esperma de modo que raramente ocorre a fertilização.
A ovulação não é afetada em usuárias do DIU de cobre.
O DIU de cobre age, não apenas na cavidade uterina, mas também fora dela, interferindo em várias etapas do processo reprodutivo.
O DIU com LNG libera 20 mcg de LNG por dia, na cavidade uterina, o qual é pouco absorvido e, por
isso, os efeitos sistêmicos são desprezíveis ou inexistentes.
Agindo localmente, causa atrofia do endométrio e alterações no muco cervical, efeitos que aumentam muito sua eficácia contraceptiva.
A reação de corpo estranho somado a ação da progesterona no endométrio causam decidualização e atrofia glandular.
Os receptores de estrogênio e progesterona endometriais são suprimidos.
O muco cervical torna-se espesso, criando uma barreira à penetração espermática.
A ovulação pode ser inibida no uso do dispositivo intrauterino com medicamento.
Tempo de uso
O dispositivo intrauterino de cobre pode ser usado por 12 anos, sem comprometimento da sua eficácia.
O dispositivo intrauterino com LNG pode permanecer por cinco anos sem comprometimento de sua eficácia.
Após esse prazo deve ser trocado ou removido.
Riscos e efeitos colaterais
Relacionados a sua inserção os principais riscos associados aos dispositivos intrauterinos são: dor; reação vagal; perfuração uterina; sangramento e bacteremia transitória (contaminação no tecido).
Para todos eles há prevenção por meio do uso de rigor técnico na inserção.
A reação vagal (que é um desmaio ocasionado por uma anormal estimulação do nervo vago) quando ocorre, é leve, transitória e se resolve espontaneamente.
É importante estar prevenido para isso.
A perfuração uterina é, sem dúvida, a complicação mais séria, especialmente se não for diagnosticada.
Podendo levar à colocação do dispositivo em sítio diferente da cavidade uterina, com consequências que podem ser graves.
Efeitos colaterais observados, com maior frequência, durante o uso do DIU, são:
- dor pélvica crônica;
- dismenorreia (cólica);
- sangramentos anormais, especialmente menorragia (aumento excessivo da quantidade do fluxo menstrual por intervalos regulares) e hipermenorreia (menstruação excessiva).
- infecção.
O DIU não causa infecção, mas pode tornar uma infecção intercorrente muito mais grave.
Com a consequência de doença inflamatória pélvica, salpingite e pelviperitonite, praticamente inevitável.
Este efeito não ocorre com o uso de DIU com LNG, que provoca o contrário, uma diminuição do fluxo menstrual ou até amenorreia.
A doença inflamatória pélvica está diretamente relacionada ao comportamento de risco para DST.
Hoje se sabe que mais de 90% dos casos deste tipo de doença, associada e devido ao DIU, ocorrem dentro dos primeiros vinte dias após a inserção.
Isso permite inferir-se que decorre de falha na técnica utilizada para inseri-lo.
Ainda relacionam-se, como complicações do uso do DIU, a expulsão espontânea e a falha contraceptiva ocasionando a gravidez não desejada.
Caso ocorra atraso menstrual, com a utilização do DIU, a conduta inicial é verificar se há gravidez ou não.
Sendo esta positiva, o dispositivo deve ser removido, caso seja possível.
Se os fios de reparo do DIU não são visualizáveis, a gestação deve ser acompanhada com cuidados redobrados.
Pois aumenta