Você certamente já realizou um hemograma, mas compreende o significado de cada parâmetro analisado?
Este exame, um dos mais úteis e solicitados na prática clínica, oferece um panorama detalhado das células sanguíneas, auxiliando no diagnóstico e monitoramento de diversas condições.
O hemograma é uma análise laboratorial que quantifica e avalia as células do sangue.
Ou seja, olha hemácias (série vermelha), responsáveis pelo transporte de oxigênio; leucócitos (série branca), centrais na defesa imunológica; e plaquetas, essenciais na coagulação.
Produzidas na medula óssea a partir de células-tronco hematopoiéticas, essas células refletem o estado fisiológico e patológico do organismo.
Valores de referência do hemograma
Você já deve ter reparado que no hemograma aparece listado ao lado ou embaixo valores de referência que são diferentes para homens, mulheres e crianças.
Esses valores foram estabelecidos na década de 1960, após observação de vários indivíduos sem doenças.
Assim, o que é considerado normal é, na verdade, os valores que ocorrem em 95% da população sadia.
5% das pessoas sem problemas médicos podem ter valores do hemograma fora da faixa de referência (2,5% um pouco abaixo e outros 2,5% um pouco acima).
Portanto, pequenas variações para mais ou para menos não necessariamente indicam alguma doença.
Além disso, fatores como sexo, idade, gestação e etnia influenciam esses valores.
Homens, por exemplo, têm níveis mais altos de hemoglobina devido à ação da testosterona na eritropoiese, enquanto gestantes apresentam diluição fisiológica do sangue, reduzindo hematócrito e hemoglobina.
E crianças possuem contagens de leucócitos mais elevadas, refletindo a imaturidade imunológica.
Assim, como há variações entre laboratórios, que ocorrem devido a diferenças metodológicas, reforçando a importância de interpretar resultados conforme as referências do local.
Para realizar o hemograma temos dois meios de se fazer a contagem e avaliação de células, sendo eles, da forma automatizada através de computador e equipamentos eletrônicos ou através da forma não automatizada (forma manual) pela contagem através de microscópio.
O que o hemograma vê
Eritrograma
O eritrograma avalia a serie vermelha do sangue pela quantificação de valores de hematócrito, hemoglobina (Hb), volume corpuscular médio (VCM), concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM), e red cell distribution width (RDW).
É o exame usado para identificação e avaliação de anemias.
Hematócrito (Ht)
Verifica o percentual de hemácias no sangue.
Valores baixos podem sugerir anemia, enquanto que valores elevados podem sugerir policitemia.
Hemoglobina (Hb)
É responsável pelo transporte de oxigênio para as células.
VCM (Volume Corpuscular Médio)
É o índice que ajuda na observação do tamanho das hemácias e no diagnóstico da anemia.
Assim, quando estão muito pequenas são consideradas microcíticas, quando grandes são consideradas macrocíticas e se são normais, normocíticas.
CHCM (Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média)
Verifica a concentração da hemoglobina dentro de uma hemácia.
Como a coloração da hemácia depende da quantidade de hemoglobina elas são chamadas de hipocrômicas (para baixas concentrações de hemoglobina), hipercrômicas (para elevada concentração de hemoglobina) e hemácias normocrômicas (no intervalo de normalidade).
RDW (Red Cell Distribution Width)
Mede a anisocitose (variação de tamanho das hemácias).
Elevado em anemias carenciais (ex.: ferro ou B12), indicando variabilidade no tamanho das hemácias.
Leucograma: Defesa e alerta
O leucograma avalia os leucócitos, células de defesa do organismo, sendo também conhecidas por glóbulos brancos.
É ele que quantifica o número de neutrófilos, bastões ou segmentados, linfócitos, monócitos, eosinófilos e basófilos encontrados no sangue.
Quando os valores dos leucócitos estão aumentados, é chamado de leucocitose e, pode ser causada por uma infecção e até uma leucemia.
Já quando os leucócitos estão diminuídos, chama-se leucopenia, que pode ser causada pelo uso de medicamentos ou quimioterapia.
Especialmente a leucocitose deve ser adjetivada em discreta (ou leve), moderada e acentuada, de acordo com os valores do leucograma.
As leucocitoses ocorrem basicamente em três situações:
Leucocitose fisiológica: geralmente de grau leve é comum em gestantes, RN, lactantes, após exercícios físicos e em pessoas com febre.
Leucocitose reativa: relacionada com o aumento de neutrófilos e se devem às infecções bacterianas, inflamações, necrose tecidual e doenças metabólicas.
Leucocitose patológica: relacionada a doenças mieloproliferativas (leucemias mielóides, policitemia vera, mieloesclerose) e linfoproliferativas (leucemias linfóides e alguns linfomas).
Os neutrófilos combatem infecções bacterianas. Aumentam na leucocitose reativa (infecções, inflamações).
Os eosinófilos são associados a alergias e parasitoses e os basófilos e monócitos participam de respostas inflamatórias e fagocitose.
Plaquetograma
As plaquetas, também conhecidas por trombócitos, são células sanguíneas formadas na medula óssea derivadas da fragmentação dos megacariócitos.
Possuem forma discoide, são anucleadas (sem núcleo) e tem um tempo de vida médio de nove a doze dias.
É fundamental no processo inicial da hemostasia com participação na coagulação sanguínea, ou seja, funcionam como tampões formando os coágulos sanguíneos.
Por isso a contagem de plaquetas e sua análise morfológica são muito importantes.
Outra coisa importante também é a sua qualidade.
Algumas doenças relacionadas à má qualidade das plaquetas no sangue são: Doença de Von Willebrand; Síndrome de Scott; Trombastenia de Glanzmann e a Síndrome de Bernard-Soulier.
O valor de referencia normal de plaquetas em crianças e adultos fica entre 150.000 e 450.000 mm³.
Obtendo situações abaixo do mínimo normal (plaquetopenia) em que induzem ao sangramento e também casos de pessoas com valor normal de plaquetas, mas sendo elas sem grânulos (plaquetas cinzentas) que causam sangramento devido à dificuldade de agregação plaquetária.
E ocorrem quando há produção inadequada como por exemplo em leucemias e deficiência de vitamina B12; destruição aumentada ou sequestro esplênico quando há cirrose hepática.
Os resultados do hemograma podem ser alterados como algumas condições como por exemplo hidratação, medicações como por exemplo quimioterápicos e gestação.
A interpretação do hemograma demanda integração entre dados laboratoriais, história clínica, exame físico e exames complementares (ex.: ferro sérico, esfregaço de sangue).
Não deve ser visto isoladamente.
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