O sangue, devido a sua complexidade, e o fato de ser composto por células que exercem funções específicas, pode ser chamado de tecido, do ponto de vista funcional.

O sangue não é um líquido.

Ele se encontra em um estado fisiológico normal, próximo à composição líquida.

Na verdade, muito mais próximo do estado de sol (gel diluído).

Para se conhecer a composição do sangue, a forma mais comum é a sua análise bioquímica e celular, por meio do hemograma.

O sangue é composto basicamente de água (aproximadamente 90%).

E é dividido em plasma (60%) e células.

 Plasma

É no plasma que estão dissolvidas proteínas como a albumina, as globulinas e o fibrinogênio.

Além disso, encontram-se no plasma: aminoácidos, açúcares e lipídios simples.

Que são substâncias resultantes da digestão, que são distribuídas às células.

Também se encontram presentes materiais da excreção nitrogenada.

Como por exemplo ureia, ácido úrico e creatinina, removidos dos tecidos.

Da composição do plasma fazem parte ainda vitaminas, hormônios e sais minerais.

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 Hemácias/eritrócitos/glóbulos vermelhos

São células discoides bicôncavas e anucleadas nos mamíferos.

Há aproximadamente 5.000.000 de hemácias por mm de sangue humano.

Mas as hemácias tem um tempo de vida limitado.

Cerca de 120 dias apenas.

Após esse período, sua membrana torna-se mais rígida, sendo incorporada pelo sistema retículo endotelial.

Também pelo baço, fígado, e tendo seus componentes reaproveitados.

Inclusive o componente proteico da membrana, como a hemoglobina, para a formação de novas hemácias.

Pode-se dizer que a hemácia é um “pacote” de hemoglobina.

E sua morfologia é de um disco bicôncavo, sendo preenchida por essa proteína, que possui duas unidades.

Duas alfa e duas beta, com radicais heme.

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Leucócitos (glóbulos brancos)

Há dois tipos de glóbulos brancos: os mononucleares e os polimorfonucleares.

Os mononucleares tem como principal representante os linfócitos e os monócitos.

Quando os monócitos penetram e se fixam aos tecidos (diapedese), recebem o nome de macrófagos.

Já os polimorfonucleares, se dividem em três tipos: os eosinófilos, os basófilos e os neutrófilos.

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Dentre eles, os neutrófilos são os que mais estão presentes no sangue.

E estão relacionados à reação de infecções do tipo bacteriana.

Os eosinófilos estão relacionados a infecções do tipo parasitárias e a reações alérgicas.

E os basófilos estão envolvidos no processo alérgico.

Quando fixados nos tecidos, são chamados de mastócitos.

Essas células, na sua forma adulta, possuem núcleos segmentados, enquanto que, na sua forma imatura, seu núcleo é na forma de bastão, dando nome à célula.

Os polimorfonucleares podem se apresentar em formas ainda mais jovens que os bastões, dentre eles os metamielócitos e os mielócitos.

Plaquetas (trombócitos) coagulação sanguínea

São fragmentos de células da medula óssea, ricos em substâncias promotoras da coagulação sanguínea.

As plaquetas, em certas circunstâncias, liberam tromboplastina, que desencadeia uma série de reações.

Estas culminam com a transformação do fibrinogênio, solúvel, em fibrina, proteína insolúvel.

Assim, a fibrina forma uma rede que aprisiona as células sanguíneas, constituindo em conjunto o coágulo.

Por isso a coagulação é um processo importante, já que é através dele que hemorragias são bloqueadas.

Nos hemofílicos faltam uma das substâncias relacionadas à coagulação.

E assim interrompe a cadeia de reações que levam à formação de fibrina.

Alguns autores não consideram as plaquetas como um tipo celular, uma vez que elas não apresentam núcleo e são formadas através de fragmentos de um trombócito.

O trombócito é formado por grânulos de substâncias vasoativas, que se fragmentam e caem na circulação, caracterizando a formação das plaquetas.

Mas como ocorre a coagulação do sangue?

Quando há uma lesão maior, é necessário que ocorra a fase de formação de coágulo.

A coagulação é um processo de amplificação de uma resposta inicial, desencadeada por uma via intrínseca ou extrínseca.

A via intrínseca é, basicamente, ligada à ativação de enzimas dentro do próprio sangue.

É tipicamente desencadeada quando ocorre estase sanguínea.

Ou seja, quando, no local da lesão, a velocidade do fluxo diminui muito.

Isso facilita a interação entre algumas proteínas, desencadeando a coagulação e a formação de trombo.

Já a via extrínseca está diretamente relacionada à lesão vascular e à exposição desses fatores intrínsecos a substâncias no interstício.

Independente se o processo de coagulação se dá por via extrínseca ou intrínseca, o resultado será a ativação da enzima protrombinase.

Sua catalisação leva a transformação de protrombina em trombina.

A trombina é uma enzima importante, pois ela que catalisa a transformação de fibrinogênio em fibrina

E é isso que forma a rede de coágulo sobre o qual vai se desenvolver o tampão.

A linfa

Além da circulação sanguínea, o corpo é irrigado também pela circulação linfática.

Ela é formada pelos vasos linfáticos.

Os vasos linfáticos têm um sistema parecido com as veias, com vasos mais finos e mais grossos.

Tem origem nos tecidos e reúnem-se uns com os outros e acabam se abrindo em determinados vasos sanguíneos.

Todos os vasos linfáticos do organismo convergem para dois grandes troncos:

  • o canal torácico, que se abre na veia subclávia esquerda e
  • a grande veia linfática, que termina na veia subclávia direita.

Os vasos linfáticos conduzem a linfa, passando, em pontos estratégicos, pelo interior de gânglios linfáticos.

Onde há produção de leucócitos.

A linfa, substância líquida que corre pelos vasos linfáticos, é formada de plasma e leucócitos que atravessaram a parede dos capilares e passaram para os tecidos adjacentes.

Eles são recolhidos e transportados de volta para o sangue através da rede linfática.

Por isso, os vasos linfáticos são dotados de válvulas que impedem o refluxo da linfa.

Além disso, os movimentos dos corpos provocam, pelas contrações musculares, “compressores” dos vasos linfáticos, ajudando a impelir a linfa sempre para frente.

A linfa tem por função o transporte de leucócitos (defesa orgânica) e de alguns nutrientes absorvidos no intestino lipídios.

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Os micronutrientes

No sangue também estão presentes micronutrientes, como por exemplo aminoácidos, pequenos peptídeos, glicose, lipídios, ácidos graxos, fosfolipídios e triglicerídeos.

Estes micronutrientes circulam no sangue por meio de uma ligação com apolipoproteínas (parte proteica da lipoproteína).

De acordo com a proporção da parte proteica em relação à parte lipídica, a densidade da molécula é diferente, pois os lipídios possuem densidade menor que a água e as proteínas possuem densidade maior que a água.

Devido a isso, existem quatro tipos básicos de lipoproteínas: HDL (alta densidade), LDL (baixa densidade), VLDL (densidade muito baixa) e quilomícron.

A concentração do quilomícron na circulação linfática é infinitamente maior do que na circulação sanguínea.

 


A diferença na densidade dessas lipoproteínas explica o porquê da maior concentração de HDL ser protetora para eventos cardiovasculares.

No processo de desenvolvimento de aterosclerose, assim como infarto do miocárdio e infarto cerebral, a concentração de HDL, sendo maior, irá proporcionar uma maior captação de colesterol do endotélio, devido a sua maior parte proteica, levando-o ao meio para ser metabolizado.

Em contraposto, o aumento da concentração de LDL contribui com o desenvolvimento de aterosclerose, pois ela tem o papel de distribuição do colesterol em direção ao endotélio.

Os hormônios e excretas metabólicas

Também são encontrados no sangue hormônios, podendo ser proteicos, como por exemplo a insulina e tireoidiano.

Ou lipídicos, derivados do colesterol, sendo representados pelos hormônios sexuais e supra-renais.

Há também excretas metabólicas, derivadas do produto do metabolismo da circulação renal e linfática, como ureia, creatinina, assim como moléculas no estado gasoso, oxigênio e gás carbônico.