A raiz das plantas é uma estrutura de extrema importância para a conquista do ambiente terrestre, pois, além de proporcionar o crescimento de estruturas capazes de se estenderem, subterraneamente, em busca de água e nutrientes essenciais ao metabolismo vegetal, permite também a fixação da planta ao solo.
Por isso, o sistema radicular pode ser caracterizado como o sistema absortivo-fixador.
Com relação à fixação, a raiz, ao se ramificar, forma um feixe radicular, aumentando a área e o poder de fixação do vegetal ao solo.
Quanto à absorção, a raiz apresenta uma porção constituída por projeções epidérmicas e por pelos absorventes que maximizam a capacidade de absorção.
O conteúdo absorvido é transferido da raiz, através de um sistema vascular, para os demais tecidos vegetais, conferindo outra importante função à raiz: a condução.
Além das funções citadas anteriormente, outra importante função desse órgão vegetativo é a sua capacidade de intumescer-se com reservas nutricionais, garantindo, assim, um estoque de energia para o vegetal.
Dessa forma, as raízes acabam por ocupar uma posição de destaque em diversos setores da economia, tais como o alimentício e o medicinal.
Morfologicamente a raiz pode ser dividida em quatro partes, cada uma com suas características e funções específicas.
Coifa ou caliptra
Estrutura em forma de dedal que recobre a porção meristemática presente no ápice radicular.
Protege contra o atrito do solo e também contra a ação de patógenos.
Apresenta importante papel na determinação do geotropismo radicular, em virtude da presença de grãos de amido (estatólitos), que indicam a direção da gravidade.
Zona lisa ou de crescimento
Localizada acima da coifa, compreende a região meristemática da raiz, onde ocorre o crescimento primário em virtude da multiplicação e distensão celular.
Zona pilífera ou dos pelos absorventes
Localizada logo acima da região lisa, é caracterizada pela presença de projeções epidérmicas de curta duração, denominadas pelos absorventes, cuja função é a absorção de água e nutrientes.
Zona suberosa ou de ramificação
Localizada logo acima da região absorvente.
Com a queda dos pelos absorventes, o tecido periférico se suberiza, tornando-se impróprio para a absorção.
É nessa região que surgem as raízes secundárias.
Classificação da raiz
Quanto à origem, as raízes podem ser classificadas em típicas ou verdadeiras e adventícias.
As raízes típicas ou verdadeiras são aquelas que se desenvolvem a partir da radícula presente no embrião.
Assim, se originam no polo radicular embrionário, que dará origem à radícula que, por sua vez continuará
seu desenvolvimento até formar a raiz primária (raiz eixo), de onde surgem ramificações ou raízes secundárias, que formarão as terciárias, que formarão as demais ramificações), determinando assim, o sistema radicular pivotante ou axial.
Todas as raízes formadas a partir da ramificação de uma raiz típica, também serão típicas, e assim sucessivamente para as suas ramificações.
Já as raízes adventícias são aquelas que se formam em qualquer parte da planta e que não são oriundas da radícula presente no embrião ou da raiz principal por ela formada.
Quanto ao habitat, as raízes podem ser: aéreas, subterrâneas e aquáticas.
Aéreas quando as raízes são totalmente acima da superfície do solo e que se desenvolvem no caule ou em certas folhas.
Subterrâneas quando se desenvolvem abaixo da superfície do solo.
E aquáticas aquelas que se desenvolvem imersas em água, por exemplo, Eichhornia crassipes (aguapé).
Classificação das raízes quanto a função
RAIZ TUBEROSA
Quando uma raiz terrestre apresenta a função de reserva de nutrientes (sendo a reserva de amido a mais frequente), essas são designadas raízes tuberosas.
Todavia, dependendo da origem da raiz em que a reserva se encontra, essas receberão denominações diferentes.
São chamadas de raízes tuberosas axiais quando o eixo principal (raiz principal), pela deposição de reservas, torna-se mais longo e grosso do que qualquer uma das ramificações.
Este é o caso da cenoura, rabanete, batata-doce, beterraba e nabo.
Já quando diversas raízes adventícias intumescem pela deposição de reservas, ficando impossível distinguir o eixo principal são chamadas de raízes tuberosas fasciculadas.
Este é o caso da mandioca, do lírio-amarelo, do clorofito, entre outras variadas espécies.
Ainda em relação às plantas terrestres, porém, com raízes aéreas, destacam-se as funções extras de suporte e respiração.
RAÍZES ESCORA (raízes suporte)
São raízes adventícias que se originam nos ramos e seguem em direção ao solo, auxiliando na sustentação da planta, principalmente as de porte alto, com copa frondosa com muita resistência ao vento, ou ainda em plantas fixadas em solos alagados ou muito instáveis.
Entre as plantas que apresentam essa classificação destacam-se o milho, pândano, figueiras e algumas palmeiras.
RAIZ TABULAR
Desenvolvem-se junto à base do tronco como raízes adventícias, crescendo rente ao solo, rasgando a superfície e tornando-se visível.
Sua forma achatada verticalmente, assemelham se a uma tábua, o que lhe confere o nome: Tabular.
Essas raízes promovem um aumento da base dando suporte à árvore, proporcionado maior estabilidade e ampliando a superfície respiratória.
Raízes tabulares podem apresentar acúleos, que são projeções epidérmicas com formato semelhante a espinhos, com função de proteção.
RAÍZES RESPIRATÓRIAS (pneumatóforos)
Essas raízes estão presentes em plantas adaptadas a solos lamacentos ou inundados, com baixos níveis de oxigênio, como os pântanos e manguezais.
Essas plantas desenvolvem raízes com crescimento em direção à superfície do solo (contra a ação da gravidade: geotropismo negativo), atingindo a atmosfera onde realizam trocas gasosas através de pneumatódios, que são orifícios presentes em toda superfície dos pneumatóforos, garantindo dessa forma, o suprimento de oxigênio aos tecidos da raiz, permitindo assim, sua sobrevivência.
As raízes aéreas presentes em epífitas, trepadeiras e mesmo em plantas parasitas podem apresentar funções especiais.
As epífitas, não causarem nenhum prejuízo ao hospedeiro, são classificadas apenas como plantas com raízes aéreas.
As espécies de orquídeas epífitas apresentam suas raízes revestidas por uma epiderme multiestratificada (velame) que possibilita além da fixação no hospedeiro, a capacidade de absorção de água em ambientes úmidos.
No entanto, quando as plantas com raízes aéreas interagem negativamente com seu hospedeiro, causando a ele algum tipo de prejuízo, são classificadas em:
RAÍZES ESTRANGULADORAS
Ocorrem em plantas denominadas hemiepífitas primárias, as quais germinam e se desenvolvem sobre uma árvore, originando raízes aéreas (adventícias) que descem junto ao tronco, normalmente se enrolando a ele, até atingir o solo, quando engrossam até formar “colunas”, que “estrangulam” os vasos condutores do floema da planta hospedeira, inicialmente impedindo a chegada de seiva elaborada às raízes da mesma.
Este fato, acarreta a morte da planta.
Essas espécies de hemiepífitas, assim permanecem até a decomposição da hospedeira, fase em que já atingiram desenvolvimento suficiente para se sustentarem.
As raízes estranguladoras são típicas da maioria das figueiras.
RAIZ SUGADORA (haustórios)
Estão presentes em plantas parasitas e penetram no caule do hospedeiro até alcançar os vasos do xilema, retirando assim, a seiva inorgânica (hemiparasitas), ou até os vasos do floema, sugando a seiva orgânica (holoparasitas).
Como nem sempre é possível observar que tipo de seiva está sendo sugada pelos haustórios, ou mesmo até onde suas raízes estão penetrando no hospedeiro, de forma bastante prática, identificamos as plantas hemiparasitas pela presença de clorofila em suas folhas verdes, indicando a necessidade de realizar fotossíntese e transformar a seiva bruta em elaborada, fato esse desnecessário quando a seiva sugada já foi sintetizada pelo hospedeiro, o que caracteriza as plantas holoparasitas como desprovidas de folhas e de clorofila.
São exemplos de hemiparasita a erva de passarinho e de holoparasita, o cipó-chumbo.
RAÍZES GRAMPIFORMES
Raízes aéreas adventícias com origem caulinar, que auxiliam as plantas trepadeiras, aderindo-se como “grampos” na casca dos troncos das plantas hospedeiras ou em muros e rochas, permitindo desta forma sua fixação no substrato
Para saber mais:
Luciana Dias Thomaz (org.); Valquíria Ferreira Dutra, Aline Pitol Chagas, Diego Tavares Iglesias. Morfologia vegetal. Vitória: Edufes, 2023.
Marcílio de ALmeida, Cristina Vieira de Almeida. Morfologia da raiz de plantas com sementes. Piracicaba: ESALQ/USP, 2014.
Deixar um comentário