Você sabia que plantas também podem ser parasitas? 

E são muitas! As plantas parasitas constituem um grupo muito diverso de organismos.

Há aproximadamente 4500 espécies de plantas parasitas que vão desde árvores e arbustos, até ervas anuais e perenes e estão representadas em praticamente todos os tipos de hábitats existentes.

Existem diferentes tipos de plantas parasitas, que recebem esse nome porque se fixam em outras plantas para obter substâncias que não conseguem sozinhas.

Algumas plantas fazem fotossíntese, obtendo energia a partir da luz do sol, mas são incapazes de retirar água e sais minerais do solo para realizar esse processo.

Assim, a principal característica de uma planta parasita é uma estrutura chamada haustório.

O haustório funciona como uma ponte entre a planta parasita e planta parasitada.

E é um órgão modificado, possivelmente homólogo à raiz das demais plantas, que penetra nos tecidos do hospedeiro e é responsável pela absorção de água e nutrientes.

A penetração pode ocorrer diretamente nas raízes hospedeiras, como em Orobanche (nativa do hemisfério Norte), ou no caule, como em Cuscuta, conhecida como fios-de-ovos ou cipó-chumbo.

Assim chamado por causa de seus ramos lembrarem fios de ovos, devido à ausência de folhas e de clorofila, o que faz com que a planta seja amarela.

Esse tipo de parasita é o que mais prejudica a planta parasitada, pois retira, para consumo próprio, os açúcares produzidos por ela, podendo até matá-la.

Uma forma de classificar as parasitas é de acordo com seu nível de dependência nutricional.

Assim, podemos falar em dois grandes grupos: hemiparasitas e holoparasitas.

As hemiparasitas são clorofiladas e capazes de realizar fotossíntese em pelo menos alguma parte do seu ciclo de vida.

Essas podem ainda ser divididas em facultativas, quando não necessitam de um hospedeiro para completar seu ciclo de vida, ou obrigatórias, quando tal associação faz-se necessária.

Mas de maneira geral, são plantas fotossintetizantes que se conectam a um hospedeiro para retirar água e sais minerais (diretamente do xilema), aproveitando também do posicionamento favorável para captação do
sol no alto das copas.

Um exemplo é a erva-de-passarinho, nome popular de diversas espécies da família Loranthaceae.

São assim chamadas pelo jeito curioso de suas sementes grudarem no bico das aves, quando elas se alimentam de seus frutos.

Quando as aves se esfregam em galhos de outras plantas para limparem o bico, as sementes se espalham e brotam, dando origem a uma nova planta parasita.

A semente grudenta é uma adaptação evolutiva muito importante para as plantas parasitas, pois, dessa forma, elas conseguem se espalhar e crescer, uma vez que suas sementes não germinam, se caírem no chão.

Além desta família, existem hemiparasitas em pelo menos outras 10, somando um total de aproximadamente 4100 espécies ao redor do mundo.

Já as plantas holoparasitas dependem inteiramente de recursos retirados do xilema e floema hospedeiros.

Seu modo de vida representa a mais extrema manifestação do parasitismo, uma vez que implica em adaptações morfofisiológicas extremas, tais como redução do corpo vegetativo, perda de cloroplastos e consequente ausência de capacidade fotossintética.

As folhas (aqui desnecessárias) estão reduzidas a pequenas escamas amareladas, modificadas na forma de brácteas, ou desapareceram por completo.

A porção caulinar também é reduzida e muitas espécies são subterrâneas ou vivem dentro dos tecidos da planta hospedeira, ficando visíveis apenas na época da floração, quando as flores brotam do chão/caule se expondo aos polinizadores.

A espécie mais conhecida é a Rafflesia arnoldii, das florestas tropicais úmidas de Bornéu e Sumatra.

Isso porque ela produz a maior flor do mundo, cujo diâmetro chega a atingir impressionantes 100 cm, possui coloração vermelha e odor chamativo às moscas, suas polinizadoras.

Apesar da monstruosidade das flores, ela possui, como toda holoparasita, corpo vegetativo extremamente reduzido: não existem raiz, caule nem folhas, apenas uma rede de filamentos escondidos no interior da hospedeira, que inclui principalmente cipós da família da videira (gênero Tetrastigma).

No Brasil, encontramos as holoparasitas Apodanthes e Pilostyles, ambas da família Apodanthaceae.

E existe também plantas parasitas que parasitam outras parasitas, um ótimo exemplo de coevolução.

Esta associação pode ser facultativa, e as plantas chamadas de hiperparasitas.

Ou quando a associação é obrigatória, são conhecidas como epiparasitas.

Como exemplos de hiperparasitas podemos citar os gêneros Cuscuta e Cassytha, que podem parasitar as também parasitas Santalum, Phoradendron e Struthanthus.

E como exemplo de epiparasita temos o gênero Phacellaria, que se associa a diversas espécies dentro de Loranthaceae

Para saber mais:

BRASIL, BIANCA. Diversidade de formas de vida.

KUIJT, J. The biology of parasitic flowering plants. California: University of California Press, 1969.

RAVEN P.H., EVERT R.F. & EICHHORN S.E. 2007. Biologia Vegetal. 7ª ed. Guanabara Koogan, RJ.