Certamente você já ouviu falar de plantas carnívoras, já até falamos disso aqui.  Mas você sabia que a planta mais comum em cultivo é a Dionaea muscipula?

Nativa de pântanos da planície costeira dos estados North Carolina e South Carolina (EUA) é a planta carnívora mais famosa e mais comum em cultivo dentre todas.

Isso deve-se ao seu aspecto bem “carnívoro” de suas armadilhas.

A planta cresce em forma de roseta.

Cada roseta é constituída de um curto pecíolo, e, no extremo, a armadilha: dois lóbulos conectados pela veia central, providos de numerosas projeções nas bordas, como se fossem dentes.

Em cada lóbulo há três pontiagudos “gatilhos”.

As presas são atraídas pelo odor do néctar secretado por minúsculas e numerosas glândulas, presentes em maior quantidade na superfície interna da armadilha.

Assim, quando sugam o néctar, é difícil não tocar nos “gatilhos”.

E para que a armadilha seja acionada, um mesmo “gatilho” deve ser estimulado duas vezes num curto período, ou dois diferentes acionados uma vez cada, também em curto período de tempo.

Então os lóbulos se fecham sobre a presa em questão de décimos de segundo (se a planta não estiver muito saudável, este tempo poderá ser bem grande, impossibilitando a captura).

Do modo como se fecham, os cílios se entrecruzam, formando uma espécie de jaula, da qual a presa não consegue escapar.

 

 

Se nada foi capturado, terá início o processo de reabertura (leva uns dois dias, aproximadamente) que, muitas vezes, dispende grande quantidade de energia.

A obrigatoriedade de dois estímulos ajuda a evitar que as armadilhas se fechem à toa.

Mas se algo foi capturado, a presa tenta forçar a saída: ela se mexe mais e mais, estimulando ainda mais os gatilhos.

Por isso, os lóbulos são fortemente pressionados um contra o outro, em toda sua extensão (antes, apenas as bordas se encostavam).

Assim, é criado um ambiente hermeticamente fechado e as enzimas digestivas são lançadas sobre a presa e se inicia ao processo digestivo.

Dependendo do tamanho da presa captura, a armadilha permanece fechada até 10 dias, e pode até morrer se a presa for muito grande.

Terminadas a digestão e a absorção dos nutrientes, a armadilha reabre, revelando restos não digeridos da presa – geralmente a carcaça.

O vento ou à chuva faz o papel de levar embora estes restos.

Somente depois de algum tempo a armadilha volta a ficar ativa.

A reabertura é um processo lento, durante o qual os “gatilhos” permanecem desativados.

Na verdade, a reabertura depende do crescimento, ao contrário do fechamento que é extremamente rápido por envolver processos mecânicos (funciona graças à diferenças de pressão da água presente no interior dos lóbulos), cada armadilha tem um período de vida limitado.

Estima-se que seja capaz de capturar e digerir no máximo três presas, então ela apodrece e morre.

Se eventualmente capturar uma presa grande, esta pode ser a sua única.

Novas armadilhas estão sempre sendo formadas conforme a planta cresce.

Como cuidar de uma Dionaea muscipula?

A Dionaea muscipula aprecia luz solar direta.

Quanto mais luz receber, mais saudável e avermelhada a planta será.

No entanto é aconselhado não exceder 40°C durante a exposição ao sol.

O solo deve ser mantido constantemente úmido até encharcado, o ano todo.

Esta espécie necessita de dormência fria de alguns meses no inverno, o que dificulta seu cultivo em regiões próximas ao Equador.

Com a chegada da dormência, as novas folhas ficam bastante reduzidas em tamanho, e o crescimento pode parar por completo.

Neste momento de dormência o solo não deve ser tão úmido quanto no verão, mas nunca deixe secar completamente.

Na primavera ela volta a crescer, as novas armadilhas são cada vez maiores, e a planta forma uma haste floral.

As flores, brancas, são numerosas.

Conforme as armadilhas forem morrendo, é recomendado que se arranque as partes mortas da planta, para evitar que pestes comecem a atacá-la.

Se a planta for cultivada dentro de casa, onde não haja acesso a insetos, é recomendável ofertar uma vez por mês dois ou três pequenos insetos (por exemplo mosca, pequenos besouros).

É importante também que você faça a limpeza manualmente das carcaças de insetos, pois sem chuva e vento para ajudar na dispersão, o exoesqueleto, pode não ser totalmente removido da armadilha.

O ideal é deixar a planta em paz, se tiver acesso ao exterior (pode ser numa janela) ela consegue “caçar” sozinha.

E não, não coloque outras coisas na armadilha Dionaea, como é divulgado em vídeos do Tik Tok.

A planta evoluiu para sobreviver em ambientes pobres em nutrientes, assim o substrato deve ser bastante poroso.

Na falta do substrato próprio a mistura de musgos e areia é um conteúdo de nutrientes similar ao encontrado no pântano.

Já teve uma Dionaea? Compartilha aqui sua experiência!!