Você já pensou em quantos artrópodes vivem na sua casa com você?

E quantos passam despercebidos?

Um estudo realizado na Carolina do Norte, Estados Unidos, analisou todos os cômodos de 50 casas em busca desses pequenos animais, por meio de armadilhas e de busca ativa por parte dos pesquisadores.

O resultado foi mais de 10.000 artrópodes encontrados pelos pesquisadores, entre insetos, aracnídeos, lacraias e crustáceos.

Sendo que ao menos 579 espécies distintas foram coletadas, o que representa mais de 300 famílias de artrópodes.

Ficou impressionado?

Pois em cada casa foi coletada de 24 a 128 famílias de artrópodes!

Na média, significa que existiam 93 espécies diferentes de artrópodes  por casa.

Algo bastante curioso foi que dentre os artrópodes mais frequentemente encontrados estavam alguns que provavelmente a maioria das pessoas sequer notam.

Como por exemplo os tatuzinhos de jardim (família Armadillidiidae de crustáceos terrestres) e outros diminutos, os colêmbolos, que são parentes dos insetos (da família Entomobryidae de Hexapoda).

12 famílias encontradas com frequência foram identificadas em pelo menos 80% das residências.

E apenas quatro famílias foram identificadas em 100% dos domicílios amostrados.

Sendo eles as aranhas teia de aranha (Theridiidae), besouros tapete (Dermestidae), moscas-moscas (Cecidomyiidae) e formigas (Formicidae).

Já piolhos-de-livro (Liposcelididae) e mosquito-fungo-de-asa-escura (Sciaridae) foram encontrados em 98% e 96% das residências, respectivamente.

Quase metade de todas as famílias (cinco de 12) encontradas em mais de 80% das residências eram moscas verdadeiras (Diptera): mosquitos fungos (Sciaridae); mosquitos (Culicidae); moscas voadoras (Phoridae); mosquitos não mordedores (Chironomidae); e mosquitos-galhas (Cecidomyiidae).

Pragas domésticas típicas foram encontradas em uma minoria das residências.

Como por exemplo baratas alemãs ( Blattella germanica : 6% das residências), cupins subterrâneos (Rhinotermitidae: 28% das residências) e pulgas (Pulicidae: 10% das residências).

Baratas maiores (Blattidae), como barata marrom fuligem ( Periplaneta fuliginosa (Serville)) e baratas americanas ( Periplaneta americana(Linnaeus)) foram encontrados na maioria das casas (74%).

No entanto, a barata americana (que é a única das duas consideradas uma verdadeira praga) só foi recuperada em três casas; baratas marrons fuligem compunham a grande maioria das baratas grandes coletadas.

Todas as espécies de pragas foram menos comuns do que outros artrópodes mais discretos, como percevejos (Armadillidiidae, 78%) e colêmbolos (Entomobryidae, 78%).

Diversidade proporcional de ordens de artrópodes em todos os cômodos DOI: 10.7717/peerj.1582/fig-5

Distribuição de artrópodes dentro de casa

As salas das casas analisadas eram dominadas por quatro grupos de artrópodes: moscas (23%), besouros (19%), aranhas (16%) e himenópteros (predominantemente formigas, 15%).

E no geral, existem mais tipos de moscas associadas aos lares humanos do que qualquer outro grupo de animais.

Os piolhos-dos-livros (Psocodea: Liposcelididae) estão entre os artrópodes internos mais onipresentes (encontrados em 49 das 50 casas).

É provável que esses números sejam subestimados.

Ou seja, na realidade devem ser muito maiores, visto que, conforme os pesquisadores aumentavam o número de casas amostradas, mais espécies eram encontradas dentro dessas.

Além disso, esse estudo foi realizado nos EUA em uma região com uma biodiversidade muito menor do que o Brasil, por exemplo.

Quantos artrópodes a mais poderiam ser encontrados por aqui?

Quantos presentes na sua casa, você conhece?

Para quem quiser ler o estudo na integra é esse:

Bertone MA, Leong M, Bayless KM, Malow TLF, Dunn RR, Trautwein MD. 2016Arthropods of the great indoors: characterizing diversity inside urban and suburban homesPeerJ 4:e1582.