O principal objetivo de uma feira de ciências deveria ser o de mostrar à comunidade o trabalho de investigação executado pelos alunos na escola ao longo de um determinado período de tempo.

Na literatura encontramos várias “vantagens” de uma feira de ciências: despertar o interesse pela investigação científica, desenvolver habilidades específicas ou de interesse, promover a interação comunidade/escola, desenvolver o senso crítico e despertar o senso de cooperação.

Esses são, sem dúvida, atributos importantes, mas não só das feiras, mas das atividades nas aulas de ciências. É a atividade regular em ciências que desenvolverá as habilidades citadas acima.

Por isso é importante que a feira de ciências seja uma mostra para a comunidade de algo que já foi feito pelos alunos ao longo de determinado período de tempo e seja um reflexo dos trabalhos escolares em Ciências.

O professor não pode passar oito meses por ano realizando um ensino tradicional e desejar que seus alunos, de uma hora para outra, virem “cientistas” e façam trabalhos mirabolantes e sofisticados.

Fazer Ciência, como tudo na vida, exige, antes de mais nada, hábito.

A atividade experimental regular, incorporada ao ensino é condição imprescindível para uma atividade eficaz em feira de ciências.

Além disso para realizar uma feira de ciências é necessário levar em consideração alguns aspectos:

I. Tipos de Feiras de Ciências

As Feiras de Ciências podem ter diferentes amplitudes:

  • Pode ser uma feira apenas para os alunos da mesma escola;
  • Uma feira entre escolas (de diferentes bairros ou cidades);
  • Feira de ciências municipal, com a participação de várias escolas e trabalhos selecionados por cada uma;
  • Feira regional, abrangendo a região educacional da escola no estado.

Há, ainda, variedades de Feiras de Ciências, como é o caso de Feira Cultural, que reúne, num só evento, trabalhos de todas as áreas do conhecimento.

Em relação a temática, a feira pode ter um grande tema e os grupos trabalham diferentes especificidades desse tema.

Ou cada grupo trabalha com um tema diferente, mas complementar.

Os temas devem repeitar a faixa etária dos alunos alvo da feira de ciências e levar em conta o cotidiano/assuntos de interesse.

O tema de trabalho de cada grupo de alunos deve ser discutido com os mesmos.

Se possível, os alunos devem determinar o problema que vão querer resolver.

Importante dar voz ao aluno na escolha do que expor na feira de ciências, mas é necessário a orientação do professor na hora de apontar possíveis problemas de pesquisa, na indicação da metodologia adequada e na análise dos dados.

É importante também que seja feito um  mapa conceitual para que fique claro para os alunos a relação entre os conteúdos curriculares e os temas escolhidos para as pesquisas.

A feira precisa ir a além da simples reprodução de experiências.

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II. Objetivos das Feiras de Ciências

Outro ponto importante na feira de ciências é o que se objetiva com ela.

Os objetivos podem ser:

  • divulgar os resultados das atividades escolares desenvolvidas durante as aulas de ciências;
  • integrar a Comunidade à Escola;
  • desenvolver a criatividade e o espírito crítico;
  • formar hábitos e atitudes sociais e o senso de responsabilidade e
  • desenvolver habilidades específicas, interesses e preferências.

Qual o seu objetivo ao desenvolver uma feira?

III. Características desejáveis em trabalhos para uma Feira de Ciências

1) Caráter investigatório

É importante que os trabalhos apresentados em uma Feira de Ciências representem resultados de investigações realizadas pelos estudantes e assuntos estudados em sala de aula.

Por exemplo, se o tema de estudo dos alunos são os diversos sistemas do corpo humano, o trabalho deve refletir isso.

Não tem sentido os alunos apresentarem um trabalho de eletrônica, como se vê muitas vezes por aí.

Por outro lado, um trabalho que estude a relação entre a escovação regular dos dentes, o consumo de açúcar e a incidência de cáries é relevante para uma turma que esteja estudando o sistema digestivo, do qual os dentes são a porta de entrada.

2) Criatividade e Pesquisa

O trabalho apresentado deve ser um trabalho de pesquisa em ciências.

Por trabalho de pesquisa quero dizer aquele tipo de trabalho onde uma questão foi colocada, um problema foi proposto e os alunos chegaram a uma conclusão aplicando habilidades próprias da ciência.

Tais como, observação, medição, análise, levantamento de hipóteses, teste de hipóteses, experimentação,  tomada de decisões e conclusões.

Pesquisa bibliográfica faz parte da pesquisa mas não é, por si só, pesquisa.

A originalidade e criatividade deve ser levada em conta para àquele grupo de alunos.

Permitir que os alunos façam o processo criativo de, a partir de um tema, desenvolver uma atividade para a feira de ciências.

Um trabalho que verifique a influência da cor de determinado objeto na temperatura desse objeto, quando colocado sob a ação da radiação solar, pode não ser algo inédito para a Física experimental mas para aquele grupo de estudantes em particular e, muitas vezes, para aquela comunidade, pode ser um trabalho original, pois o conhecimento que dele advém é novo para quem participa do trabalho.

3) Relevância

Um trabalho que vai ser desenvolvido ao longo de meses pelos alunos deve ter algum tipo de apelo a eles e para a comunidade onde a escola está inserida.

Assim, por exemplo, um trabalho sobre determinado tipo de lagarta que ataca o tipo de cultura que é a base econômica da região onde a escola se insere é relevante para aquela população e pode não ser para outra escola situada em um meio urbano.

Para esta última talvez fosse mais interessante um trabalho sobre tratamento de esgoto, por exemplo.

4) Divulgação científica

Além da apresentação dos trabalhos, na feira também pode ocorrer atividades paralelas, tais como:

a) projeção de filmes, slides, áudio visuais sobre curiosidades científicas ou assuntos de interesse da comunidade; e

b) conferências ministradas por pessoas ligadas à área científica, como professores, escritores, inventores, autoridades, etc.

Não convém, entretanto, que as atividades paralelas sejam muito numerosas.

5) Competição

É possível que, em feiras de ciências seja feita premiações para melhores projetos/equipes.

Essa é uma ação mais comuns em feiras entre escolas ou municípios.

O que deve ser sempre salientado para os alunos (e professores) é que o conhecimento adquirido é o verdadeiro ganho.

IV. O planejamento

Como qualquer outra atividade, a realização de uma feira de ciências requer um planejamento, pois a execução de um evento dessa natureza envolve uma série de medidas e providências que devem ser programadas com antecedência.

Sugere-se a elaboração de um Projeto, do qual esclarecemos a seguir alguns, itens:

Data – deve ser de preferência ao final do período letivo para que se possa atingir o objetivo de ser resultante das atividades desenvolvidas em classe.

Local – deve ser amplo, arejado, bem iluminado, de fácil acesso.

Duração – é aconselhável que a feira funcione em dois ou três dias no máximo.

Número de trabalhos – definidos de acordo com as escolas ou turmas participantes e com o tamanho do local escolhido.

Inscrições – deverão ser feitas com antecedência para melhor organização do evento (em caso de feiras abertas a outras escolas e/ou grande número de público).

Divulgação – para o público alvo em todos os meios de comunicação disponíveis, cartazes, panfletos.

Montagem – poderá ficar a cargo dos expositores, mas deve ser orientada por professores e/ou responsáveis, que devem cuidar para que haja um trânsito fácil e um visual agradável.

Para cuidar dessas tarefas, podem ser organizadas comissões, por exemplo:

Comissão Organizadora – cabe a essa comissão a responsabilidade pelas providências referentes a organização das atividades, do espaço,  da divulgação.

Comissão de Recepção – responsáveis pela abertura e encerramento da feira e da recepção dos visitantes.

Dela devem participar: alunos; professores; supervisores e orientadores; diretores e pessoas da comunidade.

Comissão Avaliadora – cabe a ela julgar os trabalhos apresentados pelos alunos segundo critérios pré- estabelecidos pela comissão organizadora e que constarão em uma ficha de avaliação.

Dela devem participar professores que não tenham alunos expondo trabalhos.

Um dica de leitura que pode ajudar o professor a desenvolver atividades experimentais durante todo ano letivo nas aulas de ciências, é o livro Aulas Experimentais em Biologia-Guia pedagógico para o trabalho com o conhecimento científico na educação básica distribuído gratuitamente