Você já ouviu falar sobre PANC?
As Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANC) são espécies de plantas ou partes delas que podem ser consumidas, mas que não fazem parte de nossos hábitos alimentares.
Muitas delas tiveram, ou ainda têm, algum consumo tradicional em determinadas regiões ou culturas, mas não são comerciais.
A expressão “não convencionais” se aplica a plantas nativas ou exóticas, espontâneas ou cultivadas, que estão à margem da cadeia produtiva e, por isso, desconhecidas e ignoradas pela maior parte da população.
As PANC são muitas vezes chamadas de matos, ervas daninhas, ou plantas invasoras, já que não há interesse comercial e muitas crescem em áreas de produção agrícola comercial, ocasionando competição com as espécies cultivadas.
Todo “mato” é PANC?
Não, muitas plantas não são comestíveis.
O que não quer dizer que não tenham utilidade, são fonte de abrigo e alimento para diversos insetos e animais, como pássaros, joaninhas e borboletas, e ajudam no equilíbrio do ambiente.
Agora que você já sabe o que é uma PANC vamos conhecer algumas delas?
1) PICÃO PRETO (Bidens spp.)
Também conhecido como picão-do-campo, picão-das-horas e carrapicho-picão.
Bastante popular como chá para reumatismo, asma e conjuntivite, hipertensão, febre, infecções bacterianas e por fungos, contra úlceras, alergia e como cicatrizante.
É uma planta rica em minerais como magnésio, ferro, potássio, cálcio e provitamina A, vitaminas A, C e E, rica em fibras, pobre em calorias e gorduras.
É desintoxicante, estimula a imunidade e possui ação anti-inflamatória.
Usos culinários
A planta também possui valor nutritivo, sendo empregada em temperos.
Não é bom comer crua, pois pode ter saponinas (são substâncias tensoativas e, à semelhança dos sabões e detergentes).
E em excesso, estas substâncias podem ser irritantes para a mucosa intestinal.
A erva pode ser usada em cozidos ou aferventada com água e sal antes, porque ela é um pouco firme e precisa de alguns minutos de cozimento para que fique macia.
O sabor é algo como folhas de cenoura, jambu e espinafre.
2) AZEDINHA (Rumex acetosa L.)
Também conhecida como acetosa e azeda.
Pertence à família Polygonaceae, é uma planta perene, nativa da Europa e do Norte da Ásia.
É usada na medicina tradicional, no tratamento de inflamação do trato respiratório, em doenças de pele, na desintoxicação hepática; é depurativa, mucolítica, antianémica e antibacteriana.
Folhas, flores e sementes são comestíveis.
Fonte de protoantocianidinas (ações antioxidantes e antivirais para herpes simples).
É rica em compostos fenólicos, vitaminas A (3,5mg em 100g) e C (47mg em 100g); sais de ferro e ácido oxálico.
Usos culinários
Pode ser consumida crua em saladas ou cozida sob a forma de purê ou, ainda, como erva aromática em sopas e temperos.
3) TRAPOERABA (Commelina communis L.)
Também conhecida como tracoeraba, trapoerava, olho-de-santa-luzia
É uma planta rasteira, pertencente à família Commelinaceae.
Rica em proteínas e nutrientes, como cálcio, magnésio, manganês, fósforo, ferro, sódio, potássio, cobre, zinco, enxofre e boro.
Usos culinários
Toda a parte aérea da planta é considerada benéfica para a saúde quando ingerida.
As flores e folhas podem ser consumidas refogadas e acrescentadas a ensopados e pratos quentes.
Também é possível fazer patês com as flores e colocar as folhas em cozidos, para dar gosto especial.
O chá continua, a forma mais rápida e simples de utilização desta planta.
4) COSTELA DE ADÃO (Monstera deliciosa Liebm)
Também conhecido como abacaxi-do-reino, banana-do-mato e banana de índio.
Planta trepadeira mundialmente cultivada como ornamental pelas belas e peculiares folhas, com segmentos que lembram costelas.
Seu fruto é comestível e muito saboroso.
Quando o fruto está maduro tem aroma semelhante ao do abacaxi.
O fruto de Monstera deliciosa é alongado em forma de pinha, com comprimento de aproximadamente 20cm e um diâmetro de 6 a 9cm de coloração verde.
A polpa (parte mais interna e comestível) é constituída por gomos individuais.
Entre estes, situam-se pequenas e finas membranas de cor escura.
O fruto é extremamente doce; no entanto, quando não se encontra completamente maduro, oferece uma sensação de irritação na boca, devido à elevada concentração de cristais de oxalato de cálcio.
O fruto pode ser consumido quando os gomos se encontram soltos.
É rico em cálcio e sódio.
Usos culinários
O fruto tem potencial para ser consumido fresco ou processado como destilado.
Devem ser consumidos apenas os gomos hexagonais mais próximos ao centro do fruto (do miolo), devido à alta concentração de cristais em formato de ráfides (agulhas).
5) TAIOBA (Xanthosoma taioba E.G.Gonç.)
Também conhecido como orelha de elefante.
A fibra alimentar é um dos principais constituintes da folha de taioba e de outros vegetais que, por não ser digerida pelas enzimas intestinais dos humanos, pode alcançar o intestino grosso quase intacta ou sofrer algum grau de fermentação pela microbiota intestinal.
Nutricionalmente encontramos cálcio, fósforo, ferro, proteínas e uma grande quantidade de vitaminas: A, B1, B2 e C.
Tanto o talo quanto as folhas apresentam os mesmos elementos, apenas em proporções diferentes.
Nas folhas, encontramos mais ferro e mais vitamina A.
Usos culinários
Produz cormos ricos em amidos, muito utilizados na alimentação humana e animal.
Os cormos e cormilhos (batatinhas) são seu principal reservatório energético, destacando-se o seu alto teor de amido.
São considerados, também, fonte de vitaminas: tiamina, riboflavina, niacina e ácido ascórbico.
Folhas de taioba podem ser cozidas com água.
6) CAPUCHINHA (Tropaeolum majus L.)
Também conhecida como flor-de-sangue, nastúrcio e alcaparra selvagem.
É cultivada como ornamental e comestível (in natura e cozida).
Utilizam-se folhas, flores e frutos.
São ricas em minerais, tais como N, S, I, F, K e fosfatos, em compostos antioxidantes e carotenoides, com grande destaque ao carotenoide luteína, que está relacionado com a prevenção de doenças como a catarata.
A presença de compostos sulfurosos, lembrando o agrião e com aroma agradável, confere um toque exótico às saladas.
As sementes de capuchinha são conhecidas mundialmente como “óleo de Lorenzo”, que é indicado para o tratamento da adrenoleucodistrofia, doença grave e degenerativa.
As flores de capuchinha podem ser uma importante alternativa alimentar, por conterem substâncias antioxidantes, compostos fenólicos, flavonoides e as antocianinas, que exercem sua ação por meio de mecanismos de redução e sequestro de radicais livres, protegendo o nosso organismo.
Usos culinários
Flores, folhas e botões florais com sabor levemente picante e aroma semelhantes ao agrião e à rúcula.
Podem ser usadas cruas em saladas, em massas verdes, patês, panquecas, risotos, sanduíches, bolinhos fritos de talos.
Os frutos imaturos, imersos em vinagre branco por aproximadamente 12 dias, possuem o gosto típico da alcaparra.
7) DENTE-DE-LEÃO (Taraxacum officinale F. H. Wigg)
Também conhecida como radicci bravo, radicci do mato, radicci cotti e pissacán (dialeto vêneto).
É considerada uma planta daninha, muito frequente no Sul do Brasil, instalando-se em pastagens, hortas, jardins e lavouras.
Na medicina, apresenta características coloréticas, antirreumáticas e diuréticas.
É rica em ferro, potássio, zinco, vitaminas A, B, C e D.
Dentre as substâncias extraídas desta planta, destacam-se os derivados de terpenos, esteróis, ácido cafêico, pectina, taninos, carotenoides, flavonoides, ácido cítrico, aminoácidos, saponinas e inulina.
Sua riqueza em zinco confere-lhe ação contra os radicais livres, sendo capaz de apresentar citotoxicidade contra células cancerígenas.
Usos culinários
Suas folhas levemente amargas e tenras são indicadas para saladas e refogados.
As folhas podem ser usadas para fazer suco verde, e tem propriedades diuréticas.
E a água do cozimento das folhas também podem ser consumidas em forma de suco gelado ou liquidificado com outra fruta.
Você já conhecia essas PANC? Conhece outras PANC? Compartilha aqui com a gente!!
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