Recentemente o PrEP tem se popularizado na internet, especialmente no público LGBTQIA+, como forma de prevenção à doenças em relações desprotegidas.
Mas o que de fato o PrEP faz?
Vamos começar entendendo o que é.
A Profilaxia Pré-Exposição é uma estratégia de prevenção ao HIV que envolve o uso de medicamentos antirretrovirais por pessoas não infectadas pelo vírus, mas que têm alto risco de exposição.
Os medicamentos agem como uma “barreira química”, impedindo que o HIV se estabeleça no organismo após um possível contato.
Assim, os comprimidos da PrEP contêm duas substâncias: tenofovir e emtricitabina.
Juntas, elas bloqueiam a replicação do vírus no corpo, reduzindo drasticamente o risco de infecção.
É indicada para populações vulneráveis, como: homens que fazem sexo com homens, pessoas em relacionamento sorodiferente (uma parceira(o) vive com HIV), profissionais do sexo, usuários de drogas injetáveis e qualquer pessoa com exposição sexual frequente sem uso consistente de preservativo.
É fornecido gratuitamente pelo SUS, mas é importante reforçar que a PrEP não protege contra outras ISTs (sífilis, gonorreia, etc.).
Por isso, o uso de camisinha e testagens regulares são essenciais!
Além disso, o uso frequente a longo prazo pode afetar as funções renais e reduzir a densidade mineral óssea, aumentando o risco de osteoporose ou fraturas em longo prazo.
Se houver infecção pelo HIV não diagnosticada durante o uso de PrEP, há risco de desenvolvimento de resistência aos medicamentos (especialmente se a adesão for irregular).
Também pode acontecer toxicidade hepática e alteração no colesterol elevando riscos cardiovasculares em pacientes predispostos.
E a PEP?
Enquanto a PrEP é para prevenção contínua, a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é uma medida emergencial após uma possível exposição ao HIV.
É utilizada idealmente 2 horas após, mas funciona até 72 horas após situações de risco, como por exemplo relação sexual desprotegida com parceiro(a) HIV positivo ou status desconhecido, acidente com agulhas contaminadas ou violência sexual.
A PEP é um tratamento de 28 dias com antirretrovirais (geralmente três medicamentos), iniciado o mais rápido possível.
Seu objetivo é impedir que o vírus se espalhe pelo corpo após a exposição.
Ambos os tratamentos são disponibilizados gratuitamente pelo SUS.
Mitos e verdades sobre PrEP e PEP
A PrEP substitui o preservativo
Mito! A PrEP previne apenas o HIV, não outras ISTs como sífilis ou gonorreia.
Por isso, deve ser combinada com preservativos e testagem regular sempre!
A PrEP só funciona após meses de uso
Mito! A proteção anal é alcançada em 7 dias de uso contínuo, enquanto a proteção vaginal demora até 21 dias.
Homens cis podem ter proteção em 2-24 horas no esquema “sob demanda”
PrEP e PEP incentivam comportamentos de risco
Mito! Estudos mostram que o aumento de ISTs está mais relacionado à falta de testagem regular do que ao uso dessas profilaxias.
A PrEP, por exemplo, inclui acompanhamento trimestral para detecção precoce de infecções.
Quem usa PrEP/PEP não transmite HIV
Verdade parcial. A PrEP previne a infecção, e a PEP interrompe o vírus pós-exposição.
Já pessoas em tratamento com carga viral indetectável (TARV) não transmitem o HIV.
Prevenção Combinada: A chave para a saúde sexual
Nenhum método é 100% eficaz isoladamente.
A estratégia ideal inclui: PrEP ou PEP conforme a necessidade, preservativos para evitar outras ISTs, testagem regular de HIV e outras infecções e o tratamento antirretroviral para quem vive com HIV.
Esses tratamentos representam mais que avanços médicos, são ferramentas de autonomia, que democratizam o direito à prevenção, mas exigem responsabilidade e educação sexual.
Se você se identifica em situações de risco, converse com um profissional de saúde.
Prevenção é cuidado, e cuidar-se é um ato de coragem.
Este post não substitui consulta médica, consulte serviços de saúde.
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