As infecções sexualmente transmissíveis (IST), antes conhecidas como DST são causadas por vírus, bactérias ou outros microrganismos.

E como o nome já diz, são transmitidas principalmente por contato sexual (vaginal, anal e/ou oral) sem o uso de preservativo masculino ou feminino, com uma pessoa que esteja infectada.

A transmissão pode ainda acontecer de mãe para filho durante a gestação, o parto ou a amamentação (transmissão vertical).

E também pela utilização de seringas, agulhas ou outro material perfuro cortante compartilhado.

Mas porque não usamos mais a terminologia DST?

A terminologia Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) passou a ser adotada para destacar a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas.

Ou seja, é possível que uma pessoa nem saiba que está infectada e está transmitindo a seus parceiros.

Os agentes infeciosos encontram-se nos fluidos corporais, tais como sangue, esperma e secreções vaginais.

Assim, não é apenas pela penetração que você pode se contaminar.

Sexo oral também é uma forma de entrada das infecções.

A maioria das pessoas se preocupam com a gravidez, mas esquecem que o sexo desprotegido pode ocasionar várias doenças.

Por isso reunimos aqui as principais IST.

HIV/AIDS

HIV é uma sigla para vírus da imunodeficiência humana, que pode levar à síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).

Os agentes causadores são os retrovírus: HIV-1 e HIV-2.

Além da via sexual (esperma e secreção vaginal), o vírus pode ser transmitido pelo sangue (através da gestação, parto, uso de drogas injetáveis, transfusões e transplantes) e pelo leite materno.

A partir do momento em que a pessoa é infectada, ela tem a capacidade de transmitir o HIV.

Mesmo que não tenha sintomas.

A presença de outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) favorecem a transmissão do HIV.

E quais os sintomas dessa IST?

Os primeiros sintomas são muito parecidos com os de uma gripe, como febre e mal-estar.

Por isso, a maioria dos casos passa despercebido.

Mas mesmo que permaneça sem sintomas, já há transmissão do vírus.

Na fase seguinte aparecem sintomas como febre, diarreia, suores noturnos e emagrecimento.

Logo após um tempo começam a aparecer doenças associadas ao enfraquecimento do organismo pela infecção.

Esse estágio dá-se o nome de AIDS.

Hepatites virais, tuberculose, pneumonia, toxoplasmose e alguns tipos de câncer são algumas das doenças que podem aparecer nesse período.

Como é o diagnóstico

O diagnóstico da infecção pelo HIV é feito a partir da coleta de sangue ou por fluido oral.

No Brasil, temos os exames laboratoriais e os testes rápidos, que detectam os anticorpos contra o HIV em cerca de 30 minutos.

Esses testes são realizados gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), nas unidades da rede pública e nos Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA).

Tratamento

É uma doença que não tem cura, mas tem controle.

E é feito com medicamentos antirretrovirais (ARV), que servem para impedir a multiplicação do HIV no organismo.

Além disso, esses medicamentos ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico.

Por isso, o uso regular dos ARV é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV.

Além de reduzir o número de internações e infecções por doenças oportunistas.

Sífilis

A sífilis pode apresentar várias manifestações clínicas e diferentes estágios (sífilis primária, secundária, latente e terciária).

É causada pela bactéria Treponema pallidum quando existe contato sexual sem camisinha com uma pessoa infectada.

E quais os sintomas dessa IST?

Por ser uma infecção de múltiplos estágios, os sinais e sintomas variam.

Na infeção primária o sintoma mais característico é o aparecimento de uma ferida, geralmente única.

Aparece no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais da pele).

Geralmente aparece entre 10 a 90 dias após o contágio.

E normalmente é indolor e não coça.

Já na infecção secundária podem ocorrer manchas no corpo, abrangendo palmas das mãos e plantas dos pés.

Aparece entre seis semanas e seis meses após a cicatrização da ferida inicial.

Na fase latente não tem apresenta nenhum sinal ou sintoma.

E na infecção terciária, que pode aparecer entre 1 a 40 anos depois do início da infecção, costuma apresentar lesões cutâneas, ósseas, cardiovasculares e neurológicas, podendo levar à morte.

Como é o diagnóstico

O diagnóstico é feito através do teste rápido de sífilis, que é ofertado pelo Sistema Único de Saúde.

Caso esse seja positivo, uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial para confirmar o diagnóstico.

Tratamento

O tratamento é prescrito após a avaliação médica e depende do estágio.

Cabe ressaltar que ambos os parceiros devem realizar o tratamento.

Hepatites B e C

A hepatite é a inflamação do fígado e podem ser causadas pelos vírus B e C.

A doença pode se desenvolver através de transfusão sanguínea, uso de álcool e drogas, uso de alguns remédios e doenças autoimunes, metabólicas e genéticas.

E pode ter duas formas: aguda, quando a doença dura menos de 6 meses e crônica quando a doença persiste por mais de 6 meses.

E quais os sintomas dessa IST?

As hepatites são doenças silenciosas que nem sempre apresentam sintomas.

Mas, quando há sintomas, geralmente é cansaço e mal-estar, dor abdominal, febre, tontura, enjoo e vômitos, pele e olhos amarelados, urina clara e fezes escuras.

Como é o diagnóstico

O diagnóstico pode ser feito por exames de sangue.

No caso das hepatites B e C, é preciso um intervalo de 60 dias para que sejam detectadas no exame.

É indicado fazer o exame de hepatite quando você tem múltiplos parceiros e praticou sexo desprotegido.

Ou se compartilhou seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam.

Tratamento

A Hepatite B não tem cura.

Entretanto, o tratamento disponibilizado no SUS objetiva reduzir o risco de progressão da doença e suas complicações, como cirrose, câncer do fígado e até morte.

Não existe vacina contra a hepatite C.

Além disso, toda mulher grávida precisa fazer no pré-natal os exames para detectar as hepatites B e C, a aids e a sífilis.

Esse cuidado é fundamental para evitar a transmissão de mãe para filho.

Em caso de resultado positivo, é necessário seguir todas as recomendações médicas.

Existem medicamentos disponíveis para controle das hepatites virais pelo SUS.

HPV

A infecção por HPV é sexualmente transmissível (IST) e atinge tanto homens quanto mulheres.

Provoca verrugas nas regiões genital e anal, e dependendo do tipo de vírus pode desenvolver câncer.

O HPV (sigla que está em inglês e significa Papilomavírus Humano) é um vírus que infecta tanto mucosas (oral, genital, anal) quanto a pele.

Contém vários subtipos conhecidos e, a depender disto, variam também os sintomas que vão desde lesões de pele e mucosas até cânceres.

E quais os sintomas dessa IST?

Lesões clínicas como verrugas na vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis, bolsa escrotal, ou região pubiana.

Essas verrugas são chamadas de condilomas acuminados.

Ou popularmente “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”.

Podem adquirir diversas formas e tamanhos variáveis.

Geralmente são assintomáticas mas pode haver coceira local.

Os tipo de vírus que as causam, geralmente, são não cancerígenos.

Já as lesões subclínicas não visíveis a olho nu, não apresentam sinais e sintomas.

Podem ser causadas por tipos de HPV com baixo e alto risco para levar ao desenvolvimento de câncer.

Os primeiros sintomas surgem 2 a 8 meses após a infecção pelo HPV, podendo demorar até 20 anos.

A maioria das pessoas não apresenta sintomas.

O vírus pode permanecer latente por anos, sem manifestar sinais e sintomas, sendo mais comum o aparecimento em gestantes e em indivíduos com imunidade baixa.

Como é o diagnóstico

É realizado através de exames clínicos (urológico, ginecológico e dermatológico) e laboratoriais (Papanicolau, colposcopia, peniscopia e anuscopia e biopsias e histopatologia).

Tratamento

A maioria das infecções em mulheres tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em aproximadamente 24 meses.

O tratamento consiste na destruição das lesões, considerando suas características individualmente e podem variar a depender da avaliação profissional.

Vírus Herpes simples (HSV)

O herpes simples é um dos diversos tipos de herpesvírus.

Essa infecção viral muito contagiosa é transmitida pelo contato direto com ulcerações.

Ou, por vezes, com uma área afetada quando nenhuma ulceração estiver presente.

Há dois tipos de vírus do herpes simples, o HSV-1 que é a causa comum das ulcerações nos lábios (herpes labial) e o HSV-2 que é a causa comum do herpes genital.

A infecção pode também ocorrer em outras partes do corpo, como no cérebro (uma doença séria) ou no trato gastrointestinal.

É importante lembrar que depois da primeira infecção (primária), o HSV, da mesma forma que outros herpesvírus, permanece inativo (dormente ou latente) no organismo por toda a vida.

Ou seja, pode não causar sintomas novamente ou pode ser periodicamente reativada e causar sintomas.

Assim, a reativação de uma infecção latente oral ou ,genital por HSV pode ser desencadeada por febre, menstruação, tensão emocional ou supressão do sistema imunológico.

E quais os sintomas dessa IST?

Na infecção primária da herpes genital, o comum são erupção de bolhas minúsculas dolorosas e de localização variável na região genital e/ou anal.

Também pode ocorrer febre, mal estar, dor muscular e dificuldade em urinar.

Já na reativação, as erupções de bolhas na mesma área da pele afetada por episódios anteriores.

Também podem ocorrer formigamento local, desconforto, coceira ou dor na virilha.

Já a herpes labial, na infecção primária o sintoma mais comum são feridas dolorosas na região oral.

Também pode acontecer formigamento ou coceira na área, antes do aparecimento das lesões.

Pode ainda ter febre, dor de cabeça e dores no corpo.

Já na reativação, ocorre um aglomerado de feridas na borda do lábio, que se rompem e formam crostas.

Como é o diagnóstico

É preciso ir ao médico para análise e retirada de uma amostra da ulceração.

Outra possibilidade é fazer exames de sangue para a identificação de anticorpos contra o HSV.

Tratamento

É feito com medicamentos antivirais para aliviar ligeiramente o desconforto e ajudar a resolver os sintomas.

Tricomoníase

A tricomoníase é uma infecção sexualmente transmissível, que na maioria dos casos não há complicações sérias na mulher, mas pode facilitar a transmissão de outros agentes infecciosos como gonorreia e clamídia.

Além disso, possuir clamídia não tratada durante a gestação pode provocar o rompimento prematuro da bolsa.

É causada por um protozoário chamado Trichomonas vaginalis, que é encontrado com mais frequência na genitália feminina que a genitália masculina.

E quais os sintomas dessa IST?

Os sintomas consistem em corrimento vaginal intenso de cor amarelo-esverdeado, podendo ser cinza, bolhoso e espumoso, acompanhado de mau cheiro (lembrando peixe).

Pode ocorrer coceira, sangramento e/ou dor após a relação sexual e dor ao urinar.

Como é o diagnóstico

Pode ser realizado através do relato dos sintomas por um profissional de saúde e por meio laboratorial, com observação do parasita no microscópio.

Tratamento

É feito com uso de antibióticos receitados pelo médico, tratando-se simultaneamente o parceiro sexual.

Gonorreia

Também chamada de blenorragia, uretrite gonocócica, esquentamento ou pingadeira é uma infecção causada pela bactéria Neisseria gonorrheae.

Infecta principalmente a uretra, canal que liga a bexiga ao meio externo.

Mas também pode infectar o revestimento do colo do útero.

Além disso, a prática de sexo anal e oral pode levá-la para a região do reto e da garganta.

Às vezes, até a córnea pode ser acometida.

Eventualmente, pode se dissemar pela corrente sanguínea (infecção gonocócica disseminada), mas esses são casos menos frequentes.

Quando ocorrem, a bactéria causa pequenas manchas vermelhas doloridas na pele e agride as grandes articulações, provando dor forte.

Ela pode também ser transmitida para a criança pela mãe no momento do parto e provocar conjuntivite na criança (oftalmia neonatal).

E normalmente pessoas com gonorreia também têm outras IST, como clamídia e sífilis.

E quais os sintomas dessa IST?

Os principais sintomas são inflamação no canal da uretra, dor ou ardor ao urinar e saída de secreção purulenta amarelo-esverdeada pela uretra.

Nos homens, em geral, a uretrite gonocócica provoca sintomas mais aparentes (secreção purulenta, ardor, eritema).

E nas mulheres pode ser assintomática.

Os sintomas no reto incluem obstrução do canal anal, coceira, sangramento e secreção.

Já os sintomas na garganta (faringite gonocócica) incluem dor e alterações da fala.

No caso da conjuntivite em recém-nascidos, as pálpebras ficam muito inchadas e secretam pus.

Quando não tratada, a gonorreia pode atingir vários órgãos.

Como é o diagnóstico

Pode ser clínico, quando o paciente já apresenta lesão ou por meio de exames laboratoriais específicos que analisam a secreção.

O período de incubação da doença varia de 24 horas a até 14 dias após a relação desprotegida.

Tratamento

O tratamento geralmente é feito com antibióticos.

E é muito importante avisar todos os parceiros sexuais que tiveram contato com a pessoa infectada nos últimos 60 dias para que sejam testadas e, em caso positivo, façam o tratamento.

Clamídia

É causada pela bactéria Chlamydia trachomatis, que pode infectar homens e mulheres e ser transmitida da mãe para o feto na passagem pelo canal do parto.

A infecção atinge especialmente a uretra e órgãos genitais, mas pode acometer a região anal, a faringe e ser responsável por doenças pulmonares.

A clamídia é uma das causas da infertilidade masculina e feminina.

Nos homens, a bactéria pode causar inflamações nos epidídimos e nos testículos.

O que pode ocasionar obstruções que impedem a passagem dos espermatozoides.

Nas mulheres, o risco é a bactéria atravessar o colo uterino, atingir as tubas uterinas provocar a doença inflamatória pélvica (DIP).

Já as mulheres infectadas durante a gestação está mais sujeita a partos prematuros e a abortos.

E nos casos de transmissão vertical na hora do parto, o recém-nascido corre o risco de desenvolver um tipo de conjuntivite (oftalmia neonatal) e pneumonia.

E quais os sintomas dessa IST?

O período de incubação da clamídia é de aproximadamente 15 dias, fase em que é possível o contágio.

A infecção pode ser assintomática.

Mas quando há sintomas são parecidos nos dois sexos e incluem dor ou ardor ao urinar, aumento na quantidade de vezes que faz xixi, presença de secreção fluida,

As mulheres podem apresentar, ainda, perda de sangue nos intervalos do período menstrual e dor no baixo ventre.

Como é o diagnóstico

Os sintomas da clamídia podem ser isolados e pouco aparentes o que dificulta o diagnóstico precoce.

Em geral, as pessoas procuram o médico, quando surgem as complicações.

O exame de urina, da secreção uretral e do material obtido por esfregaço na uretra (nas mulheres, também o material colhido no colo do útero) e o exame para detectar os anticorpos anticlamídia (IgM) são de extrema importância.

Tratamento

O tratamento consiste no uso antibióticos específicos e deve incluir o/a parceiro/a para evitar a reinfecção.

É recomendável suspender as relações sexuais nesse período.