Quantos tatus você conhece?

Pelo menos dez espécies diferentes de tatu andam pelo Brasil afora.

Algumas espécies, como o tatu-galinha, são generalistas e se adaptam bem a áreas alteradas pelo homem, podendo até ser vistas em zonas rurais e urbanas.

Já outras, como o tatu-de-rabo-mole-grande, preferem a mata fechada da Amazônia ou do Cerrado, onde vivem de forma mais discreta.

Enquanto isso, o tatu-peba é comum em campos abertos e áreas de caatinga, mostrando como esses animais ocupam nichos ecológicos variados.

Os tatus também variam em seus hábitos.

Alguns, são mais ativos durante o dia, enquanto outros, preferem a segurança da noite para buscar alimento.

Essa diferença de horários ajuda a reduzir a competição entre as espécies, já que cada uma tem seu “turno” no ambiente.

A dieta dos tatus é outro ponto que os diferencia.

Enquanto algumas espécies são especialistas em formigas e cupins, outras têm um cardápio mais amplo, incluindo frutas, pequenos vertebrados e até carniça.

Essa variedade alimentar permite que coexistam sem grandes conflitos, cada um explorando recursos diferentes.

Os tatus pertencem à ordem Xenarthra, a mesma dos tamanduás e preguiças.

Mas, ao contrário desses parentes, os tatus têm uma carapaça óssea única, que os protege de predadores e os torna inconfundíveis.

Essa carapaça é formada por placas dérmicas cobertas por uma camada de queratina, o mesmo material das unhas humanas.

Além disso, os tatus são os mais terrestres e escavadores do grupo, com garras poderosas adaptadas para cavar tocas e buscar alimento.

Os tatus são verdadeiros “engenheiros do ecossistema”.

Suas tocas servem de abrigo para diversas outras espécies, e suas escavações ajudam a aerar o solo, facilitando a infiltração de água e a ciclagem de nutrientes.

Além disso, ao se alimentarem de insetos, eles ajudam a controlar populações de pragas, beneficiando até mesmo áreas agrícolas.

Vamos conhecer um pouquinho de algumas espécies?

TATU-CANASTRA (Priodontes maximus)

tatus

Pesa 50kg e mede 155 cm, do focinho até a ponta do rabo.

A carapaça é de duas cores: marrom escuro no meio com uma faixa mais clara na borda.

Cada indivíduo possui um arranjo de escamas na cabeça.

Essa característica ajuda na identificação de cada indivíduo, assemelhando a impressão digital humana.

Tem unhas grandes e recurvadas nas patas da frente, com uma garra bem grandona no dedo do meio, maior que as de um urso polar!

As suas patas dianteiras possuem grandes unhas usadas para sua locomoção.

Além disso, são excelentes ferramentas para quebrar em minutos um cupinzeiro e abrir buracos.

Cava três tipos de buraco, sendo um de aproximadamente 60 cm de comprimento, utilizado para alimentação, outro para descanso com cerca de 1.70m de profundidade, geralmente são usados por apenas uma noite e buracos de até 4m de comprimento, utilizados por alguns dias.

O tatu-canastra tem hábito noturno.

Em geral, apresenta atividade entre às 19h e às 6h e concentrada entre as 22h30 e as 3h.

Em vida livre vivem de 12 a 15 anos, já em cativeiro vivem em média 16 anos.

A gestação dura 5 meses.

Tem 1 filhote, que nasce com aproximadamente 113g.

E uma fêmea pode ter uma nova cria a cada 3 anos.

A amamentação é exclusiva até os 6 e 8 meses de idade e o desmame ocorre aos 12 meses.

O filhote continua dependente da mãe até os 18 meses de idade.

E até os dois anos de idade o filhote ainda é encontrado dentro do território da mãe.

TATU-DE-QUINZE-QUILOS (Dasypus kappleri)

tatus

Pode chegar a 15 quilos, mas normalmente pesa em torno de 12 quilos e mede 103 cm, do focinho até a ponta do rabo.

É alto, tem focinho comprido e costas curvadas, de um tom cinza escuro em cima e meio rosado dos lados.

Tem 4 dedos nas patas da frente e 5 nas patas de trás.

Diferente de outros tatus, possui escamas grandes e salientes na parte traseira do corpo, especialmente nas patas traseiras.

Essas escamas ajudam a protegê-lo de predadores.

Esse tatu é um excelente nadador e costuma viver próximo a rios e áreas alagadas na Amazônia.

Ele usa a água como rota de fuga quando ameaçado.

Além disso, o tatu-de-quinze-quilos cava tocas profundas e elaboradas, que podem ter várias entradas e câmaras.

Essas tocas são usadas como abrigo e para criar os filhotes.

Se alimenta de insetos, larvas, pequenos vertebrados e até frutas, usando suas garras poderosas para escavar o solo em busca de comida.

E ao contrário de outras espécies de tatus, é mais solitário e territorial, marcando seu espaço com glândulas odoríferas.

TATU-GALINHA (Dasypus novemcinctus)

tatus

É bem parecido com o quinze-quilos, mas menor.

Pesa entre 5 a 7 kg e mede 102 cm.

Pode ser mais escuro ou mais amarelado, conforme o ambiente onde vive.

As orelhas são bem no alto da cabeça.

O rabo parece feito de uma dúzia de anéis encaixados, de tamanhos diferentes.

Cavam buracos que podem chegar a 3,5 metros de profundidade e 7,5 metros de comprimento, para fazer os ninhos com folhas e grama.

Têm hábitos noturnos, principalmente no verão, mas podem ser observados ao longo do dia.

A gestação dura 120 dias, com ninhadas de quatro filhotes, sempre do mesmo sexo.

Mamam até os quatro meses.

São onívoros, se alimentam principalmente de insetos (principalmente besouros e formigas), pequenos répteis e anfíbios.

Comumente encontrados no cerrado, campos, pampas e florestas.

TATU-DE-RABO-MOLE-GRANDE (Cabassous tatouay)

Como o nome sugere, esse tatu tem uma cauda longa e desprotegida, sem as placas ósseas típicas da carapaça.

Isso o diferencia de outras espécies de tatus.

Pesa 6,5 kg  e mede 70 cm.

É cinza-escuro e tem orelhas mais para os lados da cabeça.

É um dos melhores escavadores entre os tatus.

Suas garras dianteiras são extremamente fortes e adaptadas para cavar tocas profundas em busca de alimento, como formigas e cupins.

Os 5 dedos de cada pata da frente têm garras grandes e curvadas e o dedo do meio tem a garra bem maior.

Predominantemente noturno, se alimenta durante a noite e passa o dia escondido em suas tocas.

É encontrado em regiões da América do Sul, incluindo o Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, habitando principalmente florestas tropicais e áreas de cerrado.

Sua alimentação é focada em insetos, especialmente formigas e cupins.

Ele usa sua língua longa e pegajosa para capturar suas presas dentro dos ninhos.

Por ser um animal de hábitos discretos e noturnos, o tatu-de-rabo-mole-grande é pouco estudado, e muitas informações sobre sua biologia e comportamento ainda são desconhecidas.

TATU-DE-RABO-MOLE-PEQUENO (Cabassous unicinctus)

É bem parecido com o tatu-de -rabo-mole-grande: mesma cor, cinza-escuro, e mesma aparência.

Mas pesa só 1,5 a 4,8 kg e mede 65 cm.

Existem duas subespécies dele no Brasil.

Também é noturno, saindo para se alimentar durante a noite e passando o dia escondido em suas tocas.

Sua alimentação é focada em insetos, especialmente formigas e cupins.

TATUÍ (Dasypus septemcinctus)

É um dos menores tatus, pesa só 1,5 kg e mal chega aos 47 cm.

Sua carapaça é mais flexível que a de outras espécies.

Tem orelhas compridas e rabo curto.

É meio amarelado com umas faixas mais escuras nas costas.

Tem 4 dedos nas patas da frente e 5 nas patas de trás.

Como o nome sugere, ele possui sete cintas móveis em sua carapaça, que permitem maior flexibilidade para se enrolar e se proteger.

Também de hábitos noturnos e solitário, se alimenta principalmente de insetos, como formigas e cupins, mas também consome pequenos vertebrados, frutas e matéria vegetal.

Habita áreas de cerrado, caatinga e campos abertos.

Assim como outros tatus, ele cava tocas para se abrigar e buscar alimento.

Suas garras são adaptadas para escavação, mas ele não é tão especializado quanto outras espécies maiores.

Essa espécie também dá a luz a quatro filhotes idênticos do mesmo sexo.

TATU-MULITA (Dasypus hybridus)

Pesa 2 kg e mede 46 cm. É bem alto e curvado, mas magrinho.

O rabo é curto, a cabeça é comprida e as orelhas são longas e inclinadas para trás, parecidas com as da mula, por isso é chamado de mulita.

Diferente de muitas outras espécies de tatus, é mais ativo durante o dia, especialmente no início da manhã e no final da tarde.

Se alimenta principalmente de insetos, como formigas e cupins, mas também consome pequenos vertebrados, frutas e matéria vegetal.

Suas garras fortes são essenciais para escavar o solo em busca de alimento e para cavar tocas para se abrigar e proteger-se de predadores.

Assim como outros tatus, também pode dar à luz a quatro filhotes idênticos do mesmo sexo.

TATU-BOLA (Tolypeutes tricinctus)

Anda nas pontas dos dedos, parecendo uma bailarina.

Pesa 1,8 kg e mede 36 cm.

É marrom-claro e é o único a ter 5 dedos em todas as patas.

Quando ameaçado, consegue se fechar totalmente, formando uma bola.

O rabo tem placas protetoras e quase não dobra.

Essa é a única espécie endêmica do Brasil, quer dizer, só existe aqui e em nenhum outro país.

De hábito geralmente noturno, quando sai para se alimentar de insetos, como cupins, formigas e besouros.

Cava suas próprias tocas ou utiliza tocas feitas por outros animais, mas também pode se esconder em terrenos ou se abrigar em locais com muitas folhas.

Os machos são maiores do que as fêmeas, que são disputadas no período de acasalamento.

A gestação dura em média 120 dias, com o nascimento de um filhote por ninhada, raramente dois.

O tatu-bola ganhou fama mundial como mascote da Copa do Mundo de 2014 no Brasil, recebendo o nome de Fuleco (uma combinação de futebol e ecologia).

A escolha ajudou a destacar a importância da conservação da espécie.

TATU-BOLINHA (Tolypeutes matacus)

Também conhecido como tatu-de-três-cintas, é bem parecido com o tatu-bola, na cor, no jeito de se fechar como uma bola e andar feito bailarina.

Mas é menor, aliás, é o menor de todos os tatus brasileiros: só pesa 1 quilo e mede 31 cm.

Encontrado em regiões da América do Sul, incluindo o Brasil (especialmente no Pantanal e no Cerrado), Argentina, Paraguai e Bolívia.

Prefere áreas de vegetação aberta e seca.

É noturno, saindo para se alimentar durante a noite e passando o dia escondido em tocas ou sob a vegetação.

Se alimenta principalmente de formigas e cupins, usando sua língua longa e pegajosa para capturar suas presas.

Ele também consome pequenos invertebrados e matéria vegetal.

TATU-PEBA (Euphractus sexcinctus)

É o mais achatado dos tatus e tem a cabeça bem triangular.

Pesa 4 a 6,5 kg e mede 70 cm.

O rabo é comprido e com uma porção de anéis.

A cor é alaranjada e ele tem pelos!

Algumas pessoas até o chamam de tatu-peludo.

É o tatu mais fácil de ver: ele passa bastante tempo fora da toca, sempre atrás de comida.

E sai de dia em áreas abertas.

É onívoro, mas se alimenta principalmente de insetos, pequenos vertebrados, frutas, raízes e até carniça.

Esta espécie possui cinco dedos em cada membro, todos com garras, sendo que o segundo dedo é o mais desenvolvido.

A carapaça apresenta coloração pardo-amarelada a marrom-clara, alguns pelos esbranquiçados e longos, e 6 a 8 cintas móveis na região mediana.

Ao contrário de outros tatus, o tatu-peba é conhecido por seu comportamento mais agressivo.

Quando ameaçado, ele pode morder ou se defender com suas garras fortes.

A fêmea geralmente dá à luz a dois filhotes, que nascem com uma carapaça mole e flexível.

Os filhotes se desenvolvem rapidamente e começam a se alimentar sozinho após algumas semanas.