Uma das epidemias mais frequentes e preocupantes é a dengue.
A doença causada por um vírus é proveniente da África, assim como o seu vetor.
Acredita-se que a partir da população silvestre do mosquito da dengue, uma variedade genética desse mosquito teria se adaptado às áreas alteradas devido às pressões humanas decorrentes da destruição dos habitats naturais.
E posteriormente aos centros urbanos.
Assim, o Aedes aegypti tornou-se um eficiente transmissor de doenças, detre elas a dengue.
Você certamente deve saber que é na fase adulta que os mosquitos transmitem doenças.
Mas como conseguiram se adaptar tão bem?
Para entendermos o sucesso de sobrevivência do Aedes aegypti vamos ressaltar algumas particularidades dos imaturos.
O mosquito Aedes aegypti
Também conhecido popularmente como mosquito da dengue, mede menos de um centímetro, e tem hábitos diurno.
Ou seja, costuma picar nas primeiras horas da manhã e nas últimas da tarde.
É um inseto que evita o sol forte, mas, mesmo nas horas quentes, ele pode atacar à sombra, dentro ou fora de casa.
Apresenta coloração preta, com listras e manchas brancas.
E em relação a outros mosquitos da mesma família, é bastante adaptado ao ambiente urbano e o mais associado ao homem.
Normalmente pica suas vítimas em lugares fechados, como por exemplo domicílios.
Além disso, o Aedes aegypti voa próximo ao solo.
E, nessas condições sua coloração de listas e manchas claras em fundo escuro permitem uma camuflagem que dificilmente pode ser notada antes que a picada seja feita.
A fêmea do mosquito é muito ágil ao picar e em seus ciclos reprodutivos.
Após cada oviposição, a fêmea ficará faminta e responderá aos estímulos atrativos de um hospedeiro.
A reprodução do Aedes aegypti
O comportamento de oviposição do mosquito da dengue é fora do meio líquido.
Mas próximo a esse ou em locais potencialmente inundáveis.
Houve uma adaptação deste mosquito a depositar os ovos nas paredes de pequenos recipientes que acumulam água.
Assim, as fêmeas colocam seus ovos nas “paredes” de recipientes, pouco acima da superfície líquida.
Após o desenvolvimento do embrião, que dura por volta de dois a três dias, os ovos tornam-se resistentes à dessecação.
Assim tais recipientes podem permanecer secos e contaminados por muito tempo, pois os ovos continuam viáveis, por período próximo a um ano.
Sempre que esses recipientes, contendo ovos em suas “paredes”, receberem nova carga d’água, e o nível do líquido atingi-los, esses serão estimulados a eclodir.
E inicia-se assim, uma geração de imaturos e o recipiente volta a ser um criadouro.
Dos ovos eclodem larvas, que passam pela fase de pupa enquanto ocorre a metamorfose de larva para adulto.
O Aedes aegypti está entre os mosquitos que passam mais rapidamente pela fase imatura.
Essa importante adaptação pode ser explicada ao uso de recipientes muitas vezes pequenos.
E nesse caso, a secagem é rápida e se a evaporação extinguir o líquido antes das pupas gerarem os adultos, toda a prole do criadouro seria perdida.
Dessa forma, a fase imatura curta pode significar aumento da produtividade, o que explica o caráter explosivo da espécie.
E que leva à insegurança das áreas infestadas em relação ao potencial de transmissão de doenças.
É importante lembrar também que há a necessidade de sangue para a maturação dos ovários.
E isso faz da maioria dos mosquitos dependentes do contato com algum hospedeiro vertebrado.
Mas o que acontece quando um mosquito da dengue infectado pica a gente?
É a fêmea do mosquito da dengue que nos pica.
E ao fazê-lo deixa no local da picada uma reação do organismo picado às proteínas estranhas de sua saliva, o que forma um pequeno prurido.
O material genético adentra o hospedeiro deixando sua capsula de proteína no exterior.
A seguir o vírus se replica, ou seja, o RNA do vírus é copiado e sua capsula se instala no interior da célula hospedeira.
Após a replicação são utilizados nucleotídeos da reação química do RNA.
E no processo de montagem da cápsula os vírus produzem proteínas por meio das enzimas, ribossomos e aminoácidos da célula parasita.
Por fim, ocorre à destruição da enzima da célula hospedeira.
E com isso a liberação dos vírus, provocando uma nova infecção em outras células.
O vírus também se replica nas células sanguíneas e atinge a medula óssea, comprometendo a produção de plaquetas, elemento presente no sangue, fundamental para os processos de coagulação.
Durante sua multiplicação, formam-se substâncias que agridem as paredes dos vasos sanguíneos, provocando uma perda de líquido (plasma).
Quando isto ocorre muito rapidamente, aliado à diminuição de plaquetas, podem ocorrer sérios distúrbios no sistema circulatório.
Como por exemplo hemorragias e queda da pressão arterial (choque), que acontece quando há dengue hemorrágica.
As primeiras células infectadas após a inoculação viral pela picada do mosquito são, provavelmente, as células de defesa da pele.
Após a replicação inicial e migração para os linfonodos, os vírus aparecem na corrente sanguínea durante a fase febril aguda, geralmente por três a cinco dias.
E da corrente sanguínea, os vírus são disseminados a órgãos como fígado, baço, nódulos linfáticos, medula óssea, podendo atingir o pulmão, coração e trato gastrointestinal.