Certamente você já ouviu dizer que a evolução é um tema central na biologia.

Ou ainda que é o eixo transversal que percorre todas as áreas das Ciências Biológicas.

Como diria DobzhanskyNada em biologia faz sentido exceto à luz da evolução”.

Mas você sabe por que?

Por que a evolução é o eixo central da biologia?

De maneira bem simples e resumida podemos dizer que a evolução ocupa papel central na biologia porque se propõe explicar como o mundo vivo se organiza.

Vamos entender melhor porque dizemos isso.

Primeiramente a biologia é uma ciência evolutiva.

Isso porque somos vivos e estamos em constantes modificações.

Segundo porque a evolução não explica só a diversidade da vida.

Mas proporciona também uma excelente oportunidade para análises e reflexões que desenvolvem o espírito crítico daqueles que a estudam.

Isso porque a percepção concreta a respeito dos fundamentos evolutivos transpassa sua zona de conhecimento biológico.

Ou seja, exige também um pensar disciplinar histórico, geográfico, geológico e psicológico.

A evolução é assim um tema essencial, pois amplia as perspectivas de entendimento dos fenômenos naturais e da própria natureza da ciência.

Não existe uma área sequer dentro da biologia na qual esta teoria não sirva como um princípio ordenador.

Já que a diversidade de organismos, similaridades e diferenças entre os tipos de organismos, padrões de distribuição e comportamento, adaptação e interação, só tem sentido a luz evolutiva.

Mas como se trabalha biologia a partir da perspectiva evolutiva?

Utilizar a evolução como ponto de partida para o ensino de biologia requer uma compreensão ampla e integrada.

E justamente por ser central na biologia requer que o seu ensino seja contemplado de maneira clara e integrada.

Ou seja, requer minimizar possíveis distorções e dificuldades no entendimento desse tema.

Uma das dificuldades do ensino de evolução é justamente o pensamento relativo ao conhecimento cotidiano a respeito do processo evolutivo.

Especialmente quando se consideram argumentos teleológicos e/ou do desígnio divino para explicar a evolução biológica.

Por isso é importante fazer uma distinção entre a aceitação do processo da evolução e a adoção de uma particular teoria explicativa do seu mecanismo.

Mas o que isso significa?

Do ponto de vista da biologia contemporânea, a ocorrência do processo de evolução biológica é um evento natural.

E, portanto, um fato, assim como fato é que a Terra é redonda, e gira sobre si mesma e ao redor do Sol.

Por outro lado, a teoria evolutiva por meio da seleção natural não é um fato, é uma teoria.

É importante termos clareza e explicarmos aos alunos que na ciência, teoria é uma hipótese que foi confirmada.

Ou estabelecida por observação ou por experimentação e é proposta ou aceita como justificativa dos fatos conhecidos (FUTUYMA, 2002).

Assim, como todas as teorias, a seu respeito cabem especulações e pode se mostrar vulnerável à rejeição parcial ou total caso seja falseada.

Por isso, enquanto professores, devemos partir do referencial da pedagogia histórico-crítica.

Ou seja, munidos dos conhecimentos da história, filosofia e sociologia da ciência.

Esse é um bom caminho para desmitificar a visão mágica de como os cientistas atuam na construção do conhecimento.

Importante também tomar cuidado com as tendências de colocar teoria versus teoria, certo versus errado, e “evolução” sinônimo de “progresso”.

A evolução biológica consiste na mudança das características hereditárias de grupos de organismos ao longo das gerações.

Portanto, numa perspectiva de longo prazo, a evolução é a descendência, com modificações, de diferentes linhagens a partir de ancestrais comuns.

E é um processo contínuo, que continua acontecendo.