Os Anuros ou ordem Anura (sapos, rãs e pererecas), pertencentes a classe Amphibia, são mais de 5.600 espécies no mundo.
Mais de 800 delas só no Brasil, uma das maiores diversidades de anuros do mundo.
A principal característica dos anuros é o ciclo de vida dividido em duas fases: uma fase larval aquática e uma fase adulta terrestre.
Durante a fase larval, a maioria das espécies vive exclusivamente em ambiente de água doce.
E, por isso, realiza respiração branquial.
Já após a metamorfose, os jovens passam a respirar pelos pulmões.
Mas também podem realizar respiração cutânea (através da pele).
Por esse motivo, possuem a pele bastante vascularizada e sempre umedecida.
São adaptados para o salto e, no caso das pererecas, para subir na vegetação.
Em muitas espécies de rãs, sapos e pererecas, na época reprodutiva os machos vocalizam para atrair as fêmeas.
Dependendo da espécie, quando a fêmea se aproxima, ela pode escolher o macho pelo canto.
Mais ou menos como ocorre em algumas aves.
Após a escolha, a fêmea é abraçada pelo macho, o que é chamado de amplexo.
Ainda em amplexo eles procuram um bom lugar pra desovar, o qual pode variar muito conforme a espécie.
Em geral dentro da água, durante o amplexo, a fêmea vai liberando os óvulos e o macho libera os espermatozoides na sequência.
Assim, a fecundação é externa e dos ovos nascem os girinos (larvas).
Em algumas espécies a fêmea pode permanecer no local e cuidar da desova.
Já em outras, o cuidado pode ser feito pelo macho ou pelo casal.
As etapas do ciclo de vida dos anuros
Após a fecundação, o ovo inicia seu desenvolvimento de embrião para larva, que apresenta botão caudal, batimentos cardíacos e brânquias externas (início).
Gradativamente, começa a crescer e a se modificar.
As brânquias passam a funcionar dentro do corpo, permanecendo a abertura do sifão lateral, por onde ocorre o fluxo da água, que entra pela boca e passa pelas brânquias, possibilitando a respiração.
Nesta oportunidade, a larva modifica a forma do corpo e ganha a denominação de girino.
O girino passa então por um processo fisiológico contínuo, denominado metamorfose.
Que consiste na modificação da morfologia e fisiologia, para possibilitar a sua sobrevivência no ambiente terrestre.
Esse processo é subdividido nas fases pro-metamorfose, pré-metamorfose e clímax.
Que podem ser explicadas de maneira simplificada da seguinte forma:
G1
Fase de crescimento onde ainda não se iniciou a metamorfose.
Neste estágio, em algumas espécies já ocorre o desenvolvimento do pulmão, o que possibilita ao girino respirar quando vem á superfície.
Durante as primeiras duas semanas após a eclosão do girino, ele se move muito pouco.
Durante esse tempo, o girino absorve a gema restante do ovo, que fornece a nutrição necessária.
Depois de absorver a gema, o girino fica forte o suficiente para nadar sozinho.
G2
Inicia-se a metamorfose.
Os membros se desenvolvem e já podem ser observados como dois pequenos apêndices na parte posterior do corpo.
A maioria dos girinos se alimenta de algas e outra vegetação, por isso são considerados herbívoros.
Eles filtram o material da água enquanto nadam ou arrancam pedaços de plantas.
G3
As patas posteriores agora já se exteriorizam quase totalmente, mas ainda não estão completamente formadas.
Inicia-se a pré-metamorfose.
G4
Os girinos aproximam-se do clímax da metamorfose.
As quatro patas estão totalmente prontas, as posteriores já têm a forma das pernas do adulto.
Entretanto, as pernas anteriores encontram-se ainda internalizadas, causando deformações na pele.
Sua dieta fica mais robusta, mudando para plantas maiores e até insetos.
G5
É o clímax da metamorfose.
Nesta fase, as patas anteriores estão completamente formadas.
A cauda, ainda grande, vai diminuindo conforme é absorvida gradativamente.
O que fornece a energia necessária para o animal que, enquanto isto, não se alimenta.
As principais modificações que ocorrem durante o clímax da metamorfose estão relacionadas com a respiração, a circulação, a digestão, os órgãos dos sentidos (olfato, visão) e com os membros.
Todo esse processo leva em média 12 semanas.
As modificações dos anuros durante o ciclo de metamorfose são intensas.
Enquanto na fase aquática a respiração era branquial e o coração semelhante ao dos peixes, com duas cavidades, na fase terrestre o coração terá três cavidades.
E a respiração, além de pulmonar e cutânea, dá-se na região gular (papo).
Onde ocorre a hematose graças à grande vascularização nesta região.
O aparelho digestivo também irá se modificar pois o alimento que o girino consome no ambiente aquático, geralmente é constituído de algas, bactérias, fungos e outros microrganismos, que são encontrados nos substratos e no meio aquático.
Já na fase terrestre, se alimentam de insetos, crustáceos, anelídeos, moluscos e pequenos vertebrados.
Assim que essas modificações se completam o animal recebe o nome de imago.
Ou seja, o anuro completamente formado com o corpo semelhante à do adulto, porém imatura sexualmente.
O imago deixa o ambiente aquático para viver no terrestre e se desenvolver.
Até que retorna para a desova em meio aquático.
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