Uma das principais recomendações para evitar a contaminação por coronavírus é lavar as mãos.

Mas como reforçar a importância desse ato?

Separamos aqui uma sequência de atividades indicada principalmente para ensinar as crianças que mãos limpas é um corpo saudável.

Essa prática é dividida em duas atividades menores.

A primeira possibilita trabalhar a maneira correta e o tempo necessário para lavar as mãos.

Já a segunda permite trabalhar a importância de lavar as mãos mesmo quando elas parecem limpas.

Então vamos lá!

Atividade 1 – Mãos sujas

A primeira atividade é simples.

Os alunos irão investigar o efeito que diferentes tempos de lavagem têm na remoção da sujeira nas mãos.

Para isso os alunos irão lavar as mãos com tinta, já que assim é possível ver e determinar o tempo mínimo necessário para que as mãos estejam realmente limpas.

Para isso será necessário:

  • Bata ou avental (1 por aluno se forem crianças)
  • Cronômetro (1 por grupo ou 1 para o professor)
  • Venda para os olhos (2 por grupo)
  • Tinta lavável (indicada para crianças)
  • Pontos de água (uma pia ou bacia com água)
  • Papel absorvente (por exemplo, papel toalhas ou guardanapos)
  • Jornal (ou outro papel que absorva tinta)

Desenvolvendo a atividade

Para desenvolver essa atividade é interessante estabelecer uma questão central a ser investigada.

Por exemplo: Por que é que devemos sempre lavarmos as mãos com sabão antes de comer?

Ou ainda: Por que precismos lavar as mãos mesmo quando elas estão aparentemente limpas?

É importante estimular os alunos a falarem e  registrar suas respostas.

Estas poderão ajudá-lo a, juntamente com os alunos, elaborar hipóteses passíveis de serem testadas com as atividades propostas aqui.

E por isso, antes de iniciar a experiência, desenvolva juntamente com os alunos uma ou algumas hipóteses.

Para a elegerem a melhor hipótese, a passível de ser testada, os alunos deverão considerar:

– o que sabem sobre os seres vivos;

– o que sabem sobre os microrganismos, como crescem e se reproduzem.

Por exemplo: Se os microrganismos vivem em todo o lado, então facilmente estão nas nossas mãos.

Ou, se lavar as mãos com água e sabão consegue eliminar a sujeira visível das mãos, então também consegue eliminar a sujeira invisível.

Após o levantamento das hipóteses, divida os alunos em grupos de 4 ou 5 alunos.

Cada aluno do grupo irá desempenhar uma função, que pode ser organizada pelos próprios alunos de modo que cada grupo tenha:

2 alunos que vão cobrir as mãos com tinta (alunos A e B);

1 aluno que vai contar o tempo (aluno C);

1 aluno ajuda no registo dos resultados (aluno D).

Cada grupo testará diferentes tempos de lavagens nas seguintes condições:

Para isso cada grupo espalha numa mesa 6 folhas de papel (jornal ou outro, em tamanho A4 ou maior).

Ou seja, 3 para o aluno A e 3 para o aluno B.

É necessário identificar as folhas, colocando o nome do aluno A e B e os diferentes tempos.

Dessa forma:

Os alunos A e B cobrem as mãos com tinta e, com a ajuda dos colegas, colocam a venda nos olhos.

A quantidade de tinta deverá ser a suficiente para ser espalhada pelas costas e palmas das mãos.

Mas para que serve a venda?

Para que os alunos não saibam como está distribuída a tinta nas mãos enquanto está lavando.

O que evita que lavem mais rápido e melhor.

Assim, sem lavarem as mãos com água, apenas esfregando a tinta, os alunos A e B e com a ajuda do aluno D, carimbam as mãos na respetiva folha de papel (Condição experimental I).

Posteriormente os alunos A e B voltam a cobrir totalmente as mãos com tinta e lavam-nas com água e sem sabão, durante 5 segundos.

O aluno C (ou o professor, para a turma toda ao mesmo tempo), controla a contagem do tempo (condição experimental II).

E com a ajuda de alguém do grupo, enxugam as mãos com uma toalha ou folha(s) de papel absorvente, apenas o necessário para não pingarem tinta para o chão.

E novamente carimbam as mãos nas respetivas folhas de papéis.

Novamente os alunos A e B devem lavar as mãos pintadas durante 20 segundos, sempre sem usarem sabão, apenas a tinta e água (condição experimental III).

E após os 20 segundos, carimbar as mãos no papel.

Assim, após testadas todas as condições, recolha as folhas de registo dos resultados de cada grupo.

Para ficar mais visível você pode, por exemplo, espalhar as folhas pelas paredes da sala/ laboratório.

Dessa forma, todos poderão observar os resultados de cada grupo e comparar.

A partir das respostas dos alunos, é interessante realizar uma pequena discussão.

Quais as hipóteses levantadas anteriormente?

Quais se confirmaram?

É importante que todos os alunos cheguem a mesma conclusão:

Que devemos lavar as mãos pelo menos durante 20 segundos para que elas estejam bem limpas.

Atividade 2: Tenho micróbios nos dedos?

Esta atividade revela a existência de seres vivos microscópicos nas mãos, mesmo que aparentemente limpas.

E por isso, permite relacionar os resultados com noções de higiene e transmissão de doenças e impacto no comportamento das pessoas.

E também reforça a necessidade de lavar as mãos, principalmente neste momento.

Essa atividade pode ser realizada em grupo ou individualmente.

Para realizar esta atividade você vai precisar de:

  • Meio de cultura para cultivar os microrganismos (feito com ágar-ágar em pó e água e distribuídas em placas de Petri : 2 por grupo ou por aluno ou 1 por grupo ou aluno dividida nas duas coletas)
  • Pia ou bacia com água para lavar as mãos
  • Sabonete anti-bacteriano
  • Incubadora (opcional)
  • Plástico filme
  • Fita adesiva
  • Caneta de acetato (1 por grupo)
  • Tesoura

Desenvolvendo a atividade

Distribua uma placa de Petri com ágar para cada aluno da turma ou uma por grupo.

Você ou o aluno devem identificar a placa com o nome, usando para isso uma caneta de acetato (escreva na parte traseira da caixa e não na tampa, pois é possível que em algum momento se confundam as tampas dos alunos ou se percam).

Cada aluno passa suavemente os dedos pelo ágar, deixando as suas ‘impressões digitais’.

Garanta que não ‘enterram’ os dedos no ágar.

Distribua uma nova placa com ágar por aluno ou grupo.

Ou ainda utilize a mesma placa anterior, dividida virtualmente ao meio com uma caneta de acetato (escrever na tampa ou na base da placa).

Um lado será utilizado para a condição experimental I e o outro lado para a condição experimental II.

Dessa forma:

Os alunos devem lavar as mãos com água e sabão e novamente passar os dedos pelo ágar-ágar.

São duas as condições experimentais a testar:

Sele as caixas com um pouco de fita adesiva.

Coloque as duas placas de cada aluno (I- antes e II- depois da lavagem) numa incubadora a 37° C, durante
24 – 36 horas.

Se a sua escola não possuir este equipamento, coloque as placas num ambiente quente (nunca diretamente ao sol), aproximadamente àquela temperatura.

Retirar as placas da incubadora (ou do ambiente quente) e dar aos respetivos alunos.

Se após as 24-36 horas não puder continuar a atividade, sele as placas com plástico filme e guarde-as em geladeira viradas para baixo (evita condensação).

Deste modo, diminui o ritmo de crescimento da cultura impedindo que a placa fique tão confluente que não se consigam ver as diferenças.

Para além disso, sem espaço para crescer, as bactérias começam a morrer.

Fechamento das atividades

Proporcione o tempo necessário para que os alunos anotem, observem e comparem os resultados visíveis nas suas placas, e nas dos seus colegas também.

Estimule os alunos a falarem o que vêm nas placas de Petri, quais as diferenças, se elas existirem, e porquê.

Você pode também pedir o registro dessas observações.

Utilizando uma caneta de acetato, os alunos podem marcar as suas colônias de bactérias fazendo contornos na base das placas, para que possam ver melhor as diferenças.

Existirá sempre na turma um grupo de alunos que já terão lavado as mãos apenas com água. São aqueles que colocaram tinta nas mãos na PARTE I.

Esta é uma condição experimental que deverá ser lembrada aos alunos na comparação dos resultados.

Embora possam surgir resultados inesperados, porque existem muitas condicionantes que podem influenciar o crescimento dos micro-organismos, espera-se que sejam muitos semelhantes aos apresentados no esquema a seguir.

Na figura acima, o que está representado a rosa não são micro-organismos individuais mas populações/colônias (conjuntos de milhares de bactérias, por exemplo).

Espera-se que na placa depois da lavagem, independentemente de ter sido com ou sem sabão, existam menos ‘pintinhas’ do que na placa antes da lavagem das mãos.

A lavagem das mãos com água e sabão por 20 segundos é eficiente de modo que na placa não cresça nada.

Atente que estas ‘pintinhas’ de que falamos podem ser não só bactérias mas também fungos pois ambos são microrganismos existentes nas mãos.

Estimule que os alunos compartilhem à turma toda o que observam nas suas placas.

Oriente a discussão explicando, a partir das respostas dos alunos, as conclusões gerais:

(A) Se não lavarmos as mãos com água e sabão, crescem mais microrganismos do que se lavarmos só com água.

(B) Lavar as mãos com água e sabão ajuda a eliminar eficazmente alguns dos microrganismos das mãos que, apesar de tão pequenos que não se vêm a olho nu, multiplicam-se em grande escala e podem provocar doenças no organismo (como a gripe, a diarreia, dores de garganta e o covid-19).

Depois de terminar a atividade, o que fazer com as placas contaminadas?

Pode selá-las com plastico filme e fita adesiva e guardá-las na geladeira viradas com a tampa para baixo; aí as culturas se mantêm sem crescerem e os alunos podem voltar a ver os seus resultados mais tarde.

Ou se achar que não vai usá-las no futuro (após 2-3 meses) adicione um pouco de lixívia; deixe atuar durante uns minutos, despeje o líquido e coloque as placas num saco de plástico; feche e deite fora no lixo orgânico.

As folhas de registro para os alunos, assim como as instruções para preparar o Ágar-ágar e outras orientações podem ser impressos aqui.