Os tubarões são um dos grupos de vertebrados mais antigos, habitando os oceanos há mais de 400 milhões de anos.

Como predadores de topo, desempenham um papel crucial na manutenção do equilíbrio dos ecossistemas marinhos.

Os tubarões pertencem à classe Chondrichthyes (peixes cartilaginosos), que também inclui as raias e as quimeras.

Diferentemente dos peixes ósseos (Osteichthyes), seu esqueleto é composto por cartilagem, um tecido flexível e leve que contribui para sua agilidade na água.

Outra característica distintiva é a presença de dentes modificados na pele, conhecidos como dentículos dérmicos, que reduzem o atrito durante o nado e oferecem proteção contra parasitas.

A maioria dos tubarões possui de 5 a 7 fendas branquiais laterais, dependendo da espécie, e uma cauda heterocerca (com lobos assimétricos).

Existem mais de 500 espécies de tubarões, variando desde o tubarão-baleia (Rhincodon typus), o maior peixe do mundo (até 18 metros), até o tubarão-lanterna anão (Etmopterus perryi), que mede apenas 10 cm, e cabe na palma da mão.

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Outros exemplos notáveis incluem o tubarão-branco, o tubarão-martelo e o tubarão-tigre.

b1) Tubarão-branco (Carcharodon carcharias): Ícone dos oceanos, conhecido por sua dieta de mamíferos marinhos e capacidade de termorregulação, mantendo a temperatura corporal acima da água circundante.

2) Tubarão-tigre (Galeocerdo cuvier): Chamado de “lixeiro do mar”, possui uma dieta onívora, incluindo tartarugas, aves e até placas de carro.

3) Tubarão-martelo (Sphyrna spp.): Sua cabeça em forma de T amplia o campo de visão e melhora a detecção de presas enterradas na areia.

Características especiais de adaptações Sensoriais

Os tubarões são mestres da sobrevivência, graças a adaptações evolutivas refinadas:

Eletrorrecepção

As ampolas de Lorenzini, pequenos poros com substância gelatinosa que conduzem eletricidade, localizadas no focinho, permitem detectar campos elétricos mínimos (da ordem de microvolts) gerados por contrações musculares de presas.

Além disso, são sensíveis a fatores ambientais, como temperatura, pressão e salinidade.

Essa habilidade é essencial para caçar em águas turvas ou à noite.

Olfato apurado

Algumas espécies identificam uma gota de sangue diluída em 1 milhão de litros de água, graças a células olfativas altamente sensíveis.

No entanto, ao contrário do mito popular, isso não os torna “sanguinários”; muitos preferem focas ou peixes gordurosos.

Visão noturna

Tubarões de águas profundas, como o tubarão-lanterna, possuem tapetum lucidum, uma camada refletiva nos olhos que amplifica a luz disponível.

Outros, como o tubarão-tigre, têm pálpebras nictitantes que protegem os olhos durante ataques.

Reprodução e Longevidade

A reprodução dos tubarões é diversificada.

Oviparidade: Espécies como o tubarão-bambu depositam ovos protegidos por cápsulas córneas (“bolsas de sereia”).

Viviparidade: Tubarões como o tubarão-limão nutrem os embriões via placenta, semelhante a mamíferos.

Ovoviviparidade: A maioria, incluindo o tubarão-branco, retém os ovos no útero até a eclosão, com filhotes canibais consumindo ovos não fertilizados.

A longevidade varia amplamente: enquanto o tubarão-da-Groenlândia (Somniosus microcephalus) pode viver mais de 400 anos (o vertebrado mais longevo conhecido), espécies menores vivem cerca de 20-30 anos.

Mitos vs. Realidade: Desmistificando os “Assassinos”

A imagem dos tubarões como máquinas de matar foi perpetuada por filmes como Tubarão (1975), mas a realidade é bem diferente:

Ataques a humanos: Menos de 10 mortes anuais são registradas globalmente, enquanto humanos matam 100 milhões de tubarões por ano para consumo de barbatanas, carne ou por pesca acidental.

A maioria das espécies é cautelosa e evita confrontos.

Ataques geralmente ocorrem por erro de identificação (surfistas confundidos com focas).

Outras curiosidades

Algumas espécies, como o tubarão-lanterna, produzem bioluminescência, ou seja, emitem luz através de órgãos fotóforos para se camuflar contra a luz solar filtrada.

Espécies como o tubarão-mako (Isurus oxyrinchus) alcança 70 km/h, rivalizando com atuns.

Além disso, tubarões vivem em simbiose com peixes-piloto e rêmoras, que acompanham tubarões para obter restos de comida e proteção.

Os tubarões também tem uma dentição especializada, que varia de acordo com a dieta de cada espécie.

Por exemplo, os dentes serrilhados, como no tubarão-branco, são ideais para cortar carne.

Enquanto que dentes achatados como no tubarão-enfermeiro, esmagam crustáceos e moluscos e dentes filtradores como no tubarão-baleia, retêm plâncton na água.

A substituição contínua dos dentes garante eficiência na caça.

Os tubarões são também reguladores de ecossistemas, já que controlam populações de presas, evitando a super exploração de recursos.

Por exemplo, o tubarão-branco (Carcharodon carcharias) mantém estáveis as populações de focas, o que, por sua vez, protege as florestas de algas (já que focas jovens consomem herbívoros que comem algas).

Além disso, também são bioindicadores, espécies como o tubarão-martelo (Sphyrna spp.) quando entra em declínio sinaliza desequilíbrios, como poluição ou sobrepesca.

Já tubarões como o tubarão-de-pontas-negras (Carcharhinus melanopterus) removem peixes doentes, mantendo a saúde de corais.

Enquanto que espécies como o tubarão-cação (Centrophorus spp.) recicla nutrientes ao se alimentar de carcaças no fundo do mar.

Conservação: Um Futuro Ameaçado

Mais de 30% das espécies de tubarões estão ameaçadas de extinção.

As principais ameaças incluem a pesca predatória, a captura acidental em redes de pesca para atum ou camarão. e a degradação de habitats.

A grande demanda por barbatanas para sopa (prática do finning) é responsável pela morte de 73 milhões de tubarões anualmente.

Além disso, poluição e destruição de recifes de coral afetam espécies costeiras.