Você se preocupa em dar aula de biologia ou de ciências de uma maneira que seja inclusiva?

Sabemos que ensinar é uma tarefa que envolve planejamento e domínio de conteúdo.

Além de estratégias didáticas e atenção para perceber e entender as dificuldades educacionais de cada aluno.

Mas e quando envolve inclusão?

O processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no ensino regular ainda têm muito a se desenvolver.

Nós, enquanto sociedade, temos muito o que desenvolver no que se refere as necessidade especiais.

Afinal a formação docente ainda não é suficiente para nos preparar para o trabalho com diferentes necessidades.

Nem os espaços físicos, sejam eles escolares ou não, são construídos considerando necessidades especiais.

Muito menos encontramos com facilidade material didático que considere uma sala de aula com alunos que tenham necessidades educacionais especiais.

Em sua maioria, os conteúdos propostos nos livros didáticos são abordados na forma de textos jornalísticos e  narrativas, discussões e exercícios, com poucas propostas de atividades inclusivas.

Também não há formação de práticas educacionais essenciais à promoção da inclusão ou auxílio técnico pedagógico especializado.

Assim, a promoção de uma aula inclusiva não exige somente do professor, mas também da escola.

No sentido de promover uma mudança que se desenvolva com o objetivo de proporcionar um ensino com o nível elevado a todos os alunos e o máximo de acesso aos que contém necessidades especiais.

Mas nem sempre isso é possível, não é?

Então o que fazer?

Como dar uma aula inclusiva, em que a aprendizagem seja bem sucedida para todos os alunos?

Para atender às diferentes condições sensoriais, cognitivas ou físicas dos alunos é necessário pensar em recursos que atendam a essas demandas.

E para isso, você professor, precisa ter em mente três princípios básicos:

1) A não exclusividade do material para alunos com necessidades educacionais especiais

Você pode estar pensando “mas como assim?”

E é isso mesmo!

O material diferenciado exclusivo para os portadores de necessidades especiais além de dar trabalho dobrado para você, não inclui!

Sim, eu sei que a primeira coisa que passa pela nossa cabeça quando falamos de inclusão é a de fazer atividades específicas para aquele determinado aluno.

Mas você já pensou como isso mantem o aluno na exclusão?

Afinal é uma atividade diferente, que só aquele aluno faz e que não interage com o resto da sala ou com a condução da aula que você faz com os demais alunos.

Assim, os materiais didáticos e estratégias devem favorecer a aprendizagem e a interação de todos os alunos.

Ou seja, uma aula inclusiva considera todos os alunos realizando as atividades juntos.

2) A estimulação de diferentes canais sensoriais

O método multissensorial, criado por Orton e adaptado por Orton e Gilligham em 1925, permite uma maior exploração sensorial.

Bem como o desenvolvimento de diferentes capacidades perceptivas do aprendiz.

Buscando assim, associar percepções tácteis e cinestésicas aos estímulos visuais e auditivos presentes no ensino das correspondências entre grafemas e fonemas, facilitando, assim, a aprendizagem.

Isso significa que ao pensar em uma estratégia ou em uma atividade inclusiva, você deve considerar mais de uma habilidade sensorial.

3) O envolvimento docente na produção do material e sua mediação na utilização do material pelos alunos

Muitas vezes não temos tempo nem ideias para desenvolver materiais didáticos.

Mas quem melhor para saber as dificuldades e as necessidades dos alunos do que seu professor?

E é possível fazer materiais simples e de baixo custo.

Uma das melhores formas de inclusão no ensino de biologia é a utilização de modelos tridimensionais.

Já que, facilita uma compreensão de larga escala dos conteúdos de biologia.

Pois o nível de abstração dos assuntos tratados faria com que os alunos compreendessem o que estão estudando.

Modelos biológicos como por exemplo, estruturas tridimensionais ou semi-planas (alto relevo) e coloridas são utilizadas como facilitadoras do aprendizado.

Complementando o conteúdo escrito e as figuras planas e, muitas vezes, descoloridas dos livros-texto.

Inclusive para alunos que não tem necessidades especiais.

Mas como isso tudo funciona na prática?

Vamos deixar dois exemplos de aulas de biologia inclusiva, possíveis de fazer em sala de aula

1) Ecologia e Teia Alimentar

Para alunos com necessidades especiais mentais ou auditivas você pode trabalhar com cartões de papel.

Neste caso você pode fazer 28 cartões de papel, cortado em tamanho A6 (aproximadamente 16 cm x 10cm x 5 cm).

As quais terão imagens impressas em papel sulfite de diferentes de produtores, consumidores e decompositores, com tinta plástica aplicada em seu contorno.

Para facilitar a identificação e manter a atenção dos alunos.

Para alunos com necessidades educacionais especiais visuais, você pode utilizar animais de plástico (aqueles simples vendidos em lojinhas de R$1,99) para consumidores.

E utilizar e.v.a para confeccionar produtores e massinha para confeccionar os decompositores.

Sugere-se que o material seja utilizado após exposição do conteúdo.

Assim, os alunos, que podem ser divididos em grupos, constroem uma teia alimentar.

Para isto, os cartões devem ser distribuídos aleatoriamente entre os alunos e deve ser utilizado barbante para unir os componentes.

Você pode, enquanto os alunos constroem a teia, fazer questionamentos, como por exemplo, “como vocês estabeleceram quem é quem na cadeia?” “por que esse e não aquele?”

É um material simples, e que pode ser utilizado de várias formas.

Por exemplo, distribuir de maneira aleatória dos cartões para que os próprios alunos construam a Teia.

Ou com a Teia já interligada, mas em uma ordem não correta, onde os alunos precisam estabelecer a ordem correta.

Ou ainda, a teia parcialmente interligada, com alguns elementos faltando.

2) Leis de Mendel

Para uma aula inclusiva de genética você pode utilizar biscuit ou massinha.

Confeccione 2 esferas de aproximadamente 3,5 cm de diâmetro, uma verde e outra amarela.

E mais 02 esferas verdes e 02 esferas amarelas com diâmetro de aproximadamente 2,5 cm.

Divida as esferas ao meio e na parte de trás coloque um imã, de modo que as metades das esferas possam se encaixar.

Você  vai precisar de pelo menos 6 pares de peças de cores diferentes, que representarão os alelos dominantes e recessivos, por exemplo, VV/ vv ou AA/ aa.

Para formar os pares você pode colocar as peças em um saco ou caixa e fazer um sorteio.

Ou cada aluno pega uma peça.

Para demonstrar a Segunda Lei de Mendel, você pode utilizar quatro pares de peças texturizadas, utilizando palitos de dente e tampas de caneta esferográfica, com as mesmas dimensões do material utilizado para explicar a Primeira Lei de Mendel, para representar as diferentes combinações.

Ou ainda pode utilizar jujubas e gomas espetadas no palito.

Outros modelos didáticos podem sem ser criados com isopor, como por exemplos modelos de células.

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