Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são termos que ouvimos constantemente.

Mas o que de fato significa esses termos?

Eles significam a mesma coisa?

De maneira prática, no sentido lógico, sustentabilidade é a capacidade de se sustentar, de se manter.

Já o desenvolvimento sustentável pode ser entendido como desenvolvimento que satisfaz as necessidades das gerações presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades.

Esses termos foram inicialmente discutidos na Conferência de Estocolmo (1972).

E vem sendo discutido nas últimas décadas.

Mas foi na World Commission on Environment and Development (WCED, 1987) que se tornou conhecido e posteriormente popular na Eco 92.

O termo sustentável tem sentido amplo.

Isso porque é um adjetivo derivado do verbo latino sustentare, que significa o que pode ser mantido, que pode  ser perpetuado, estando implícito o fator tempo.

Ocorre uma variação da interpretação do significado da sustentabilidade, de acordo com interesses particulares.

Para uns: “sustentabilidade implica na capacidade das nações continuar com as formas atuais de produção e desenvolvimento econômico”.

Para outros é principalmente “um estudo para tornar os padrões de desenvolvimento das nações de terceiro mundo comparáveis com aqueles das nações mais avançadas“.

E uma massa crescente que descreve sustentabilidade em termos de “impactos dos sistemas tecnológicos atuais sobre o ambiente natural, a nível global e das nações desenvolvidas em particular“.

Mas o que significa desenvolvimento sustentável?

sustentabilidade
A nível prático, sustentável é o termo usado para descrever uma atividade econômica particular.

Como por exemplo os planos para pesca sustentável, produção sustentável de energia, silvicultura e agricultura sustentável.

Tais planos são desenvolvidos por governos e iniciativa privada visando ampliar a magnitude de uma determinada atividade enquanto protege o meio ambiente e as comunidades humanas.

O termo desenvolvimento sustentável foi divulgado no informativo nosso futuro comum (WCED, 1987).

O qual cita também três fatores das quais o desenvolvimento sustentável depende completamente:

Primeiro de um alto valor deve ser dado aos recursos naturais.

Ou seja, precisamos valorizar a biodiversidade, a purificação da água e do ar, promovida pelo meio ambiente natural.

Outro fator é que as pessoas devem descobrir e trocar informações sobre novas tecnologias que resultem em mais trabalho.

E que aperfeiçoem o uso de recursos naturais renováveis e aumentem a produção de alimentos

E por fim, a igualdade e justiça devem ser promovidas entre todas as pessoas e gerações para reduzir a pobreza, a violência e construir melhores comunidades.

Esses três fatores podem ser resumidos no tripé do desenvolvimento.

Ou seja, eficiência (sustentabilidade econômica), equidade (sustentabilidade social) e conservação (sustentabilidade ambiental).


No Southern African Perspectives (1997) foram reunidas outros seis aspectos do desenvolvimento sustentável:

a) ênfase na interdependência entre desenvolvimento e a conservação de recursos,

b) um horizonte de longo tempo,

c) a natureza multidimensional do conceito que implica na dificuldade para conciliar interesses governamentais e instituições acadêmicas,

d) incorpora externalidades ambientais (no tempo, no espaço, de um setor para outro, de uma população para outra) tratando-as como problemas não resolvidos,

e) possui enfoque participativo e

f) defende uma estreita relação entre pesquisa e política.

A conceitualização de desenvolvimento sustentável se baseia, grande parte, das inúmeras tentativas de enfrentar os erros, deficiências e injustiças do sistema industrializado imposto no período pós guerra.

Assim, a interpretação dos conceitos é muito variável, de acordo com o grau de consciência adquirida e dos interesses em jogo.

Só por esse pontos fundamentais do desenvolvimento sustentável, percebemos em que, num pais onde vivemos desastres ambientais, enchentes e uma população que joga lixo por todos os lados, o desenvolvimento sustentável ainda está muito longe do nosso alcance.

Embora seja extremamente necessário.

E a sustentabilidade com isso?


O desenvolvimento sustentável é o que promove a sustentabilidade.

Isso significa que os planos de desenvolvimento sustentável buscam a sustentabilidade de duas maneiras:

1)  Na sustentabilidade tecnológica

Que são planos baseados na crença de que a tecnologia pode expandir os limites das atividades econômicas.

E com isso solucionar a escassez de recursos, compensando danos ambientais.

Esses planos baseiam-se na inovação tecnológica acoplada a um sistema de avaliação que reflete o verdadeiro custo de uso e disponibilização dos recursos naturais.

E são desenvolvidos em resposta ao inevitável crescimento da população humana.

E também a urgente necessidade de mais trabalho e ao desejo de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

Os economistas referem-se a sustentabilidade tecnológica como uma fraca sustentabilidade.

Pois é alcançada pela manutenção ou perpetuação do estoque de capital total.

Ou seja, dos serviços e bens que satisfaçam as necessidades e desejos humanos.

2)  Na sustentabilidade ecológica

São os planos que se fundamentam nos avanços do conhecimento ecológico e de proteção ambiental.

E que requer níveis reduzidos ou estáveis de crescimento populacional e de uso dos recursos naturais, para manter as atividades humanas dentro dos limites impostos pelo meio ambiente.

Isso significa viver dentro da capacidade de suporte do meio ou sustentação ecológica.

Ou seja, onde os sistemas naturais norteiam o modelo de desenvolvimento econômico.

Como por exemplo: resíduos da construção civil torna-sem matéria prima para outras atividades; uso dos recursos naturais a taxas renováveis, sem exceder a capacidade natural de purificação da água e do ar.

Os economistas da linha ecológica denominam este tipo de sustentabilidade de forte sustentabilidade.

Pois é determinado alto valor ao estoque de capital natural.

Ou seja, aos serviços e bens fornecidos pelos ecossistemas naturais.

A sustentabilidade é promovida pelo desenvolvimento sustentável.

E é determinada pelo anseio de condições sociais e econômicas tais como altos níveis de participação da população e baixos níveis de desemprego.

Ela é alcançada quando se satisfaz igualmente as necessidades das gerações atuais e futuras sem a perda da integridade do meio ambiente.

Tudo isso significa que a sustentabilidade é limitada pela capacidade do meio ambiente natural regenerar os recursos naturais e absorver resíduos, em resposta as atividades sociais e econômicas.

Os componentes principais da sustentabilidade, assim como no desenvolvimento sustentável, envolvem relações sociais, econômicas e ecológicas a nível loca, nacional ou internacional.

E apesar da abundância de definições de sustentabilidade na literatura, a maioria é voltada para o qualificação do termo, enquanto o aspecto quantitativo quase não é debatido.

Abrangência do desenvolvimento sustentável


O desenvolvimento sustentável encontra-se baseado em três níveis que devem estar interligados para que possa atingir a máxima do seu conceito.

Perspectiva global

O qual enfrenta-se quatro grandes desafios:

1) o aumento global da temperatura, em função do efeito estufa gerado pela emissão de gases da queima de combustíveis fósseis e a destruição da vegetação consumidora de carbono;

2) a perda de biodiversidade como resultado da degradação dos habitats naturais e uso de recursos naturais;

3) a poluição de águas continentais pelos derrames de petróleo e acumulação de resíduos nos oceanos e nos sistemas fluviais internacionais e

4) a destruição da camada de ozônio em função da emissão de gases.

Perspectiva nacional

Exige dos governos a definição de políticas claras para aumentar o bem estar presente sem comprometer o bem estar futuro.

Ou seja, dá ênfase no capital humano e no cuidado com o estoque de recursos naturais.

Perspectiva local ou regional

A qual não só os municípios devem ampliar as possibilidades de planejar políticas adequadas aos produtores e executar a infraestrutura insuficiente, como também a organização da iniciativa privada e dos cidadãos são vitais para aproveitar as oportunidade macroeconômicas disponíveis.

Assim como os programas sociais, de saúde e de educação para a população mais desprotegida.

Contradições da sustentabilidade e do desenvolvimento sustentável


A sustentabilidade é caracterizada também por paradoxos, conflitos e tensões que talvez sejam sem solução.

Dentre algumas contradições podemos elencar:

Tecnologia e cultura: causa versus cura

Um fator chave na crise ambiental global.

A humanidade apresenta diversas formas de manifestação cultural.

Dentre elas a tecnologia é a mais palpável e uma das principais causas de impacto ambiental.

Sem a tecnologia encontrada em tudo, e encorajando o aumento do consumo de recursos e produção de resíduos, a sociedade estaria limitada por processos metabólicos dos simples organismos biológicos que as compõem.

E a mesma tecnologia que gera problemas, é usada intensivamente na sua solução.

Humildade versus arrogância

Apesar da crescente quantidade de informações, a compreensão humana a respeito do meio ambiente global é caracterizada por grandes incertezas.

É preciso ter humildade em reconhecer que sabemos muito pouco e muito do que sabemos pode estar errado.

Humildade para reconhecer que o meio ambiente não está a nosso dispor, não somos o topo da cadeia alimentar.

E arrogância para ainda sim, tomar decisões e levar adiante a ignorância sobre o meio ambiente.

Equidade: intergerações versus intragerações

Um mais significativos princípios morais dentro do conceito de sustentabilidade.

Se refere a preocupação de que as ações humanas de hoje, poderão tonar o sistema de suporte de vida para as gerações futuras inadequadas, ou mesmo inexistente.

Por outro lado, já presenciamos a desigualdade de acesso aos recursos entre pessoas no mundo todo.

E a principal implicação desse princípio moral está em forçar os sistemas institucionais raciocinem sobre as diferenças de escala de tempo entre o que os seres humanos consomem e os sistemas naturais conseguem repor.

Crescimento versus limites

Alguns pontos de vista defendem que a união das palavras sustentável e desenvolvimento  produzem um efeito oposto.

Isso porque os modelos de desenvolvimento atuais tem sido completamente insustentáveis.

E são , justamente a atual causa dos desequilíbrios ecológicos enfrentados.

Outros, como WCED acreditam numa forma de crescimento que pressupõe a implantação de limites ecológicos, cuja ideia tem sido rejeitada e debatida.

Interesses coletivos versus interesses individuais

É inegável a supremacia da individualidade na sociedade nos dias atuais.

Os indivíduos se esquecem que, geralmente, muito dos problemas coletivos surgem da soma de demandas e ações individuais.

Precisamos passar de uma postura de proprietários, para a postura de zeladores do ambiente, meio comum a todos.

Democracia: diversidade versus interesses

Em todo o mundo reforça-se a ideia de que com a diversidade há maior capacidade de oferecer respostas para os problemas humanos, o que gera a necessidade de mudanças estruturais até então imutáveis.

Mas a democratizada ação ambiental local poderá ser completamente anulada por uma alteração global qualquer. Graças a impraticabilidade de ações que visem um objetivo em comum.

A auto determinação e a democracia participativa são divulgadas ao mundo todo como direitos básicos.

Porém esta meta contradiz a necessidade de ações significativas a nível global, em conjunto.

Adaptabilidade versus resistência

As modernas sociedades industrializadas e suas instituições são resistentes ás mudanças.

E essa resistência é um dos maiores impedimentos para a promoção das principais mudanças que são necessárias para a sustentabilidade.

Para realizar estas mudanças há a necessidade de instituições flexíveis e adaptáveis.

O que não seria difícil uma vez que as estruturas sociais das industrias são montadas pelo homem, que é o mais adaptável das espécies.

Otimização versus capacidade de reserva

Otimização é um pressuposição básica na atualidade.

Ou seja, deve-se fazer o melhor uso dos recursos disponíveis.

É uma noção básica de economia que, os recursos não utilizados são tratados como resíduos, e todas as coisas que podem ser usadas são definidas como recursos riquezas.

Assim, do ponto de vista ambiental, o resultado mais crítico da otimização é considerar os recursos não utilizados como resíduos.

E para compensar, ampliar o uso dos recursos disponíveis ao limite máximo.

Usando ao máximo o meio ambiente, reduz-se muito a capacidade de reserva, que podem ser muito úteis se for necessário se adaptar a novas situações.

Então o que podemos fazer?


A sustentabilidade é um processo que envolve várias vertentes, que carecem ainda de debates.

Mas você, enquanto cidadão, pode fazer a sua parte!

Como por exemplo reduzindo o consumo excessivo sem reaproveitamento.

Privilegiar a redução ou eliminação de insumos não renováveis.

Ou ainda separando o lixo para a reciclagem.

E não fazendo descarte irregular de lixo.

Sabe aquele terreno que é aberto? Ou aquela estrada que vai pra roça? Não jogue lixo nesses lugares.

Você pode contaminar solo, recursos hídricos e florestais.

Pequenas ações ajudam a não passar pela dificuldade da escassez de recursos que é uma ameaça eminente já para as gerações presentes.

Se cada um fazer sua parte, e tentar pensar mais coletivamente, se conscientizar de que fazemos parte do meio ambiente e o que fazemos com ele prejudicamos a nós mesmos, já é um grande avanço.

Já estaremos na direção do desenvolvimento sustentável.

Você por exemplo tem alguma noção do quanto seu estilo de vida e consumo custam ao planeta?

Você pode calcular o tamanho da sua pegada ecológica neste link.